domingo, 23 de julho de 2017

Relatório Testes Bioquímicos














Relatório de
Microbiologia Clínica


Professor: Leonardo Costa
Turma: BM161
Alunas: Lara Chamon, Larissa Veras e Tainah Almeida.
Data de entrega: 22/07/17




                             I.             Introdução

A infecção do trato urinário (ITU) é uma patologia frequente que pode ocorrer em todas as idades, em ambos os sexos, e que pode atuar em qualquer parte do sistema urinário, desde os rins até a bexiga e a uretra sendo causada por microrganismos em alguma parte desse sistema.
Durante o primeiro ano de vida, esta acomete preferencialmente aos meninos devido ao maior número de malformações congênitas. A partir desse período, durante toda a infância, as meninas apresentam de dez a 20 vezes mais que os meninos, e tal predominância continua durante a vida adulta, porém com incidência maior. Em geral, é relacionado com atividade sexual, durante o período de gestação ou na menopausa. A susceptibilidade à infecção urinária se deve à uretra mais curta e a maior proximidade do ânus com o vestíbulo vaginal e uretra.
Os homens são menos afetados por conta do maior comprimento uretral, maior fluxo urinário e o fator antibacteriano prostático. O papel da circuncisão é controverso, mas a menor ligação de enterobactérias à mucosa do prepúcio pode exercer proteção contra infecção urinária. A partir dos 50 anos, a presença de patologias associadas a próstata torna o homem mais susceptível à infecção urinária por conta do acesso de bactérias a uretra, que, posteriormente, atingem a bexiga, os ureteres e os rins. A mais frequente na infecção urinária é a Escherichia Coli, que faz parte da flora intestinal normal.
Normalmente, a urina não contém nenhum microrganismo. Caso venha ter, sua presença no sistema pode ocasionar uma infecção. Podem ocorrer situações de verificação de bactérias na urina em que estas não provocam sintomas. Este quadro é mais recorrente em mulheres, principalmente durante a gravidez.
Outro fator que facilita o surgimento de uma infecção urinária é o chamado "resíduo pós-miccional" que ocorre quando há um obstáculo ao esvaziamento da bexiga durante a micção ou quando a contração da bexiga está comprometida, o que facilita a proliferação bacteriana.
Existem situações que favorecem o aparecimento de uma infecção urinária, como por exemplo, diabetes, sondas, infecções ginecológicas, doenças sexualmente transmissíveis e obstrução urinária, causada, por exemplo, por cálculos, tumores e aumento da próstata.
Gravidez em que ocorre uma redução das defesas da mulher, além de alteração no esvaziamento vesical por estase causada pelo aumento uterino e também pelo aumento da progesterona (um dos hormônios femininos), que causa um maior relaxamento vesical, e hábitos de higiene inadequados.
A análise da urina para o diagnóstico de doenças tem sido usada por muitos anos, sendo um dos procedimentos laboratoriais mais antigos utilizado na prática médica. A amostra de urina pode ser considerada com uma biópsia do trato urinário, obtida sem a necessidade de procedimento invasivo. Seu exame fornece informações importantes, de forma rápida e econômica. A exatidão da análise da urina é dependente da qualidade da amostra, logo, é preciso ter cuidado quanto a coleta, armazenamento e transporte da amostra.
Para colher uma amostra de urina que represente o estado metabólico do paciente, é necessário controlar certos aspectos relacionados ao horário, duração, dieta e medicamentos ingeridos e métodos da coleta. O nome usual para este tipo de análise é EAS ou exame de urina.
Esta deve ser coletada em recipiente limpo e seco. Se no pedido do médico constar urocultura, que é a cultura de urina, o material biológico deverá ser coletado em frasco estéril, etiquetado no frasco e identificado. Dependendo da suspeita do médico ele poderá solicitar tipos diferentes de exame de urina, como urina aleatória ou urina de 24 horas.
A semeadura da urina pode ser feita de forma quantitativa, em meio MacConkey, utilizado na prática em questão. A interpretação é feita de acordo com o crescimento das colônias. É importante ressaltar que, se observado cocos gram-positivos, é recomendado que a semeadura seja feita também em agar sangue.
                         II.            Objetivo
A prática foi realizada a fim de isolar uma determinada bactéria, presente na amostra de urina, e a partir de testes bioquímicos, observar as características que diferenciam o crescimento ou inibição da mesma. Sendo assim possível, determinar o tipo bactéria presente na amostra.

                        III.            Métodos

Antes da prática em questão, coletou-se a análise de urina do paciente 1 com a alça bacteriológica devidamente esterilizada e utilizou-se a técnica de esgotamento para inocular a amostra nos Ágares MacConkey e Cled. Após uma semana, observaram-se as características das colônias que cresceram nos dois ágares.
Após a análise, utilizou-se o crescimento da placa de meio MacConkey para realizar os testes bioquímicos.
  • ·         Aminoácidos
No teste bioquímico em questão, utilizou-se a agulha bacteriológica devidamente esterilizada em chama branda no bico de Bunsen. Foi-se necessário esperar alguns segundos, próxima a chama, para que a agulha esfriasse um pouco para utilizá-la. Após, utilizou-se a agulha para apanhar a amostra do meio MacConkey e inoculá-la no tubo com aminoácidos através de uma picada em profundidade no meio semissólido. O teste bioquímico de aminoácidos consiste em quatro testes de diferentes aminoácidos, que são eles: lisina, ornitina, arginina, meio base. Utilizou-se a mesma técnica para todos os quatro testes.
  • ·         Açúcar
No teste bioquímico em questão, utilizou-se a agulha bacteriológica devidamente esterilizada em chama branda no bico de Bunsen. Foi-se necessário esperar alguns segundos, próxima a chama, para que a alça esfriasse um pouco para utilizá-la. Após, utilizou-se a mesma para apanhar a amostra do meio MacConkey e inoculá-la no tubo com açúcar através da técnica de estria sinuosa. O teste bioquímico de açúcar consiste em quatro testes de açúcares diferentes, que são eles: manitol, lactose, sacarose e glicose. Utilizou-se a mesma técnica para todos os quatro testes.
  • ·         Citrato
Para a realização deste teste bioquímico, utilizou-se a agulha bacteriológica devidamente esterilizada em chama branda no bico de Bunsen. Foi-se necessário esperar alguns segundos, próxima a chama, para que a agulha esfriasse um pouco para ser utilizada. Depois de apanhar a amostra no meio MacConkey com a agulha, inoculou-se o meio de citrato com a mesma utilizando-se a técnica de semeadura por esgotamento de alça, na qual é feita da base do meio para a extremidade do mesmo (pode também ser chamada de estriamento).
  • ·         MR-VP (Methyl Red - Voges-Proskauer)
-          VM: Para a realização deste teste bioquímico, utilizou-se a alça bacteriológica devidamente esterilizada em chama branda no bico de Bunsen. Foi-se necessário esperar alguns segundos, próxima a chama, para que a alça esfriasse um pouco para ser utilizada. Depois de apanhar a amostra no meio MacConkey com a alça, inoculou-se o meio de MRVP com a mesma utilizando-se a técnica de estria sinuosa. Após a inoculação e incubação do tubo com amostra, para a visualização do resultado, foi-se necessário adicionar vermelho de metila ao meio.

-          VP: Para a realização deste teste bioquímico, utilizou-se a alça bacteriológica devidamente esterilizada em chama branda no bico de Bunsen. Foi-se necessário esperar alguns segundos, próxima a chama, para que a alça esfriasse um pouco para ser utilizada. Depois de apanhar a amostra no meio MacConkey com a alça, inoculou-se o meio de MRVP com a mesma utilizando-se a técnica de estria sinuosa. Após a inoculação e incubação do tubo com amostra, para a visualização do resultado, foi-se necessário adicionar Hidróxido de Potássio (KOH) e α- naftol ao meio. 
  • ·         Ureia
No teste bioquímico em questão, a alça bacteriológica foi devidamente esterilizada em chama branda no bico de Bunsen. Foi-se necessário esperar alguns segundos, próxima a chama, para que a alça esfriasse um pouco para ser utilizada. Após, utilizou-se a mesma para apanhar a amostra do meio MacConkey e inoculá-la no tubo com ureia através da técnica de estria sinuosa.
  • ·         SIM (Sulfeto de Hidrogênio – Indol – Motilidade)
No teste bioquímico em questão, utilizou-se a alça bacteriológica devidamente esterilizada em chama branda no bico de Bunsen. Foi-se necessário esperar alguns segundos, próxima a chama, para que a alça esfriasse um pouco para ser utilizada. Após, utilizou-se a mesma para apanhar a amostra do meio MacConkey e inoculá-la no tubo com SIM.


                           IV.              Resultados

A partir da realização dos testes bioquímicos os resultados obtidos foram fotografados:
Figura 1 – Da esquerda para a direita: citrato, ureia, VM, VP, ornitina, lisina, arginina e meio base.



Figura 2 – Da esquerda para a direita: lactose, glicose, ureia, SIM, VP, sacarose.


  • ·         Citrato
O teste bioquímico do citrato indica a se a bactéria utiliza a substância como fonte de carbono. No início o agar tem coloração verde, pela presença do indicador de pH azul de bromotimol, e se o citrato é utilizado (positivo), o meio torna-se azul pelo produto metabólico ter alcalinizado o meio. Se o citrato não é utilizado (negativo), o meio permanece verde. Com essa definição, o resultado para o teste do citrato foi positivo.

  • ·         Ureia
Esse teste verifica a atividade de urease. Em conjunto com o indicador de pH vermelho de fenol, quando a ureia é hidrolisada (positivo) alcalinizando o meio, o indicador torna em tom rosa pink. Quando o meio permanece na mesma coloração indica que a atividade de urease não é realizada pela bactéria (negativo). A partir disto, o resultado foi negativo.


  • ·         MRVP
-VM: O teste é utilizado para declarar a fermentação de ácidos mistos pelas bactérias. Quando fermentam, ao adicionar o indicador vermelho de metila ao meio, este permanece vermelho, indicando o pH ácido fruto do metabolismo da bactéria. Quando ao colocar o reagente a coloração amarela é descoberta sabe-se que o meio está entre alcalino e neutro, indicando que a bactéria não fermentou. Desta forma, o resultado do teste foi positivo.

-VP: O teste permite analisar a presença de acetoína, um intermediário metabólico da fermentação de butanodiol pela bactéria. Quando a acetoína é percebida no meio, este torna uma coloração vermelha na superfície, indicando um resultado positivo para o teste. Quando o meio mantém a mesma coloração o resultado é negativo. Desse modo, o resultado foi negativo para a bactéria testada.
  • ·         Aminoácidos
O teste analisa a utilização dos aminoácidos essenciais pelo metabolismo da bactéria. Se o teste for positivo, o meio torna-se púrpura. Se negativo, não é perceptível alteração no meio. Desta maneira, para todos os aminoácidos o resultado foi negativo.
  • ·         Açucares
Com esse teste é possível dizer se a bactéria é capaz de consumir determinado carboidrato. Através da mudança de cor do meio e da produção de gás. Quando o meio encontra-se vermelho ou inalterado, pode-se dizer que o resultado foi negativo. Quando o meio encontra-se amarelo e com gás pode-se dizer que o resultado foi positivo. Com isso, o único carboidrato positivo para a fermentação foi a glicose, os demais, lactose, sacarose e manitol, obtiveram resultados negativos.
  • ·         SIM
O teste disponibiliza a analise da motilidade, produção de H2S e de indol. Para a motilidade, é observada a dispersão da bactéria por entre o agar (positivo), ou somente no furo formado pela agulha (negativo). A produção de H2S é notada pela presença de precipitado preto, e se este não é visto, o resultado é negativo. Para a verificação do indol o reativo de Kovacs é adicionado no meio, se o resultado for positivo a coloração vermelha é notada, senão é negativo para o indol. Com a observação dos tubos o resultado foi positivo para a motilidade e produção de H2S, mas negativo para o indol.


                         V.            Discussão

Ao cruzar as informações dos resultados com as tabelas disponíveis, os possíveis microrganismos presentes na colônia coletada do Agar MacConkey a partir da cultura de urina do paciente 1 foram: Yersina pestis, na tabela de diferenciação de enterobacteriaceae por teste bioquímicos, e Edwardisiella tarda, tanto na primeira tabela quanto na provas bioquímicas dos microrganismos abrangidos pelo sistema Bactray I e II.
A Yersinia pestis não é comumente encontrada em amostras de urina. É o microsganismo responsável pela infecção da Peste Bulbônica.
A Edwardsiella tarda é encontrada em ambiente aquático relacionado à contaminação e infecção em peixes. Apesar de ser incomum, E. tarda é um patógeno que pode acometer humanos causando gastroenterites e infecção extraintestinal. Casos como enterocolite, abscesso hepático, peritonite, osteomielite, endocardite já foram descritos. Poucos casos de meningite e sepse em neonatos são relatados.
E. tarda em amostras de urina correspondem a menos de 16,5% dos casos, e portanto, o paciente 1 provavelmente se encontrava com essa infecção rara.


                       VI.            Conclusão

É possível dizer que os resultados foram satisfatórios, pois mesmo tendo alguns testes diferentes do esperado ainda pode-se chegar a uma bactéria que mesmo rara, está presente em infecções urinarias.
Com a realização desta pratica foi possível ainda perceber uma aplicação prática do que é lecionado e como isto pode ser utilizado em diagnósticos reais, contribuindo assim com a formação técnica.


              VII.            Bibliografia

MICROBIOLOGIA. Preparo de materiais em microbiologia, meios de cultura usados no laboratório, técnicas de semeadura e colorações. Disponível em: <http://www.ufjf.br/microbiologia/files/2012/11/meios-de-cultura-usados-no-laborat%c3%b3rio-e-colora%c3%a7%c3%b5es.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2017.
BIOMEDICINA PADRÃO. Técnicas de semeadura. Disponível em: <http://www.biomedicinapadrao.com.br/2012/09/tecnicas-de-semeadura.html>. Acesso em: 21 jul. 2017.
MBIOLOG DIAGNÓSTICOS. Ágar macconkey. Disponível em: <http://www.mbiolog.com.br/?page_id=216>. Acesso em: 21 jul. 2017
LOPES, Hélio Vasconcellos; TAVARES, Walter. Diagnóstico das infecções do trato urinário. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 51, n. 6, nov./dez. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0104-42302005000600008>. Acesso em: 23 jul. 2017.
PIRES, M. C. D. S. et al. Prevalência e suscetibilidades bacterianas das infecções comunitárias do trato urinário, em Hospital Universitário de Brasília, no período de 2001 a 2005. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Brasília, v. 40, n. 6, p. 643-647, dez. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v40n6/a09v40n6.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2017.


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