Relatório
de
Microbiologia
Clínica
Professor: Leonardo Costa
Turma: BM161
Alunas: Lara Chamon, Larissa Veras e Tainah Almeida.
Data de entrega: 22/07/17
I. Introdução
A
infecção do trato urinário (ITU) é uma patologia frequente que pode ocorrer em
todas as idades, em ambos os sexos, e que pode atuar em qualquer parte do
sistema urinário, desde os rins até a bexiga e a uretra sendo causada por microrganismos
em alguma parte desse sistema.
Durante
o primeiro ano de vida, esta acomete preferencialmente aos meninos devido ao
maior número de malformações congênitas. A partir desse período, durante toda a
infância, as meninas apresentam de dez a 20 vezes mais que os meninos, e tal
predominância continua durante a vida adulta, porém com incidência maior. Em
geral, é relacionado com atividade sexual, durante o período de gestação ou na
menopausa. A susceptibilidade à infecção urinária se deve à uretra mais curta e
a maior proximidade do ânus com o vestíbulo vaginal e uretra.
Os
homens são menos afetados por conta do maior comprimento uretral, maior fluxo
urinário e o fator antibacteriano prostático. O papel da circuncisão é
controverso, mas a menor ligação de enterobactérias à mucosa do prepúcio pode
exercer proteção contra infecção urinária. A partir dos 50 anos, a presença de
patologias associadas a próstata torna o homem mais susceptível à infecção
urinária por conta do acesso de bactérias a uretra, que, posteriormente,
atingem a bexiga, os ureteres e os rins. A mais frequente na infecção urinária
é a Escherichia Coli, que faz parte
da flora intestinal normal.
Normalmente,
a urina não contém nenhum microrganismo. Caso venha ter, sua presença no
sistema pode ocasionar uma infecção. Podem ocorrer situações de verificação de
bactérias na urina em que estas não provocam sintomas. Este quadro é mais
recorrente em mulheres, principalmente durante a gravidez.
Outro
fator que facilita o surgimento de uma infecção urinária é o chamado
"resíduo pós-miccional" que ocorre quando há um obstáculo ao
esvaziamento da bexiga durante a micção ou quando a contração da bexiga está
comprometida, o que facilita a proliferação bacteriana.
Existem
situações que favorecem o aparecimento de uma infecção urinária, como por exemplo,
diabetes, sondas, infecções ginecológicas, doenças sexualmente transmissíveis e
obstrução urinária, causada, por exemplo, por cálculos, tumores e aumento da
próstata.
Gravidez
em que ocorre uma redução das defesas da mulher, além de alteração no
esvaziamento vesical por estase causada pelo aumento uterino e também pelo
aumento da progesterona (um dos hormônios femininos), que causa um maior
relaxamento vesical, e hábitos de higiene inadequados.
A
análise da urina para o diagnóstico de doenças tem sido usada por muitos anos,
sendo um dos procedimentos laboratoriais mais antigos utilizado na prática
médica. A amostra de urina pode ser considerada com uma biópsia do trato
urinário, obtida sem a necessidade de procedimento invasivo. Seu exame fornece
informações importantes, de forma rápida e econômica. A exatidão da análise da
urina é dependente da qualidade da amostra, logo, é preciso ter cuidado quanto
a coleta, armazenamento e transporte da amostra.
Para colher
uma amostra de urina que represente o estado metabólico do paciente, é necessário
controlar certos aspectos relacionados ao horário, duração, dieta e
medicamentos ingeridos e métodos da coleta. O nome usual para este tipo de
análise é EAS ou exame de urina.
Esta
deve ser coletada em recipiente limpo e seco. Se no pedido do médico constar
urocultura, que é a cultura de urina, o material biológico deverá ser coletado
em frasco estéril, etiquetado no frasco e identificado. Dependendo da suspeita
do médico ele poderá solicitar tipos diferentes de exame de urina, como urina
aleatória ou urina de 24 horas.
A
semeadura da urina pode ser feita de forma quantitativa, em meio MacConkey, utilizado
na prática em questão. A interpretação é feita de acordo com o crescimento das colônias.
É importante ressaltar que, se observado cocos gram-positivos, é recomendado que a semeadura seja feita também em agar
sangue.
II.
Objetivo
A prática foi realizada a
fim de isolar uma determinada bactéria, presente na amostra de urina, e a
partir de testes bioquímicos, observar as características que diferenciam o
crescimento ou inibição da mesma. Sendo assim possível, determinar o tipo
bactéria presente na amostra.
III.
Métodos
Antes da prática em questão,
coletou-se a análise de urina do paciente 1 com a alça bacteriológica
devidamente esterilizada e utilizou-se a técnica de esgotamento para inocular a
amostra nos Ágares MacConkey e Cled. Após uma semana, observaram-se as características
das colônias que cresceram nos dois ágares.
Após a análise, utilizou-se
o crescimento da placa de meio MacConkey para realizar os testes bioquímicos.
- · Aminoácidos
No teste bioquímico em
questão, utilizou-se a agulha bacteriológica devidamente esterilizada em chama
branda no bico de Bunsen. Foi-se necessário esperar alguns segundos, próxima a
chama, para que a agulha esfriasse um pouco para utilizá-la. Após, utilizou-se
a agulha para apanhar a amostra do meio MacConkey e inoculá-la no tubo com aminoácidos
através de uma picada em profundidade no meio semissólido. O teste bioquímico
de aminoácidos consiste em quatro testes de diferentes aminoácidos, que são
eles: lisina, ornitina, arginina, meio base. Utilizou-se a mesma técnica para
todos os quatro testes.
- · Açúcar
No teste bioquímico em
questão, utilizou-se a agulha bacteriológica devidamente esterilizada em chama
branda no bico de Bunsen. Foi-se necessário esperar alguns segundos, próxima a
chama, para que a alça esfriasse um pouco para utilizá-la. Após, utilizou-se a
mesma para apanhar a amostra do meio MacConkey e inoculá-la no tubo com açúcar
através da técnica de estria sinuosa. O teste bioquímico de açúcar consiste em
quatro testes de açúcares diferentes, que são eles: manitol, lactose, sacarose
e glicose. Utilizou-se a mesma técnica para todos os quatro testes.
- · Citrato
Para a realização deste
teste bioquímico, utilizou-se a agulha bacteriológica devidamente esterilizada
em chama branda no bico de Bunsen. Foi-se necessário esperar alguns segundos,
próxima a chama, para que a agulha esfriasse um pouco para ser utilizada.
Depois de apanhar a amostra no meio MacConkey com a agulha, inoculou-se o meio de
citrato com a mesma utilizando-se a técnica de semeadura por esgotamento de
alça, na qual é feita da
base do meio para a extremidade do mesmo (pode também ser chamada de
estriamento).
- · MR-VP (Methyl Red - Voges-Proskauer)
-
VM: Para a realização deste teste bioquímico, utilizou-se a
alça bacteriológica devidamente esterilizada em chama branda no bico de Bunsen.
Foi-se necessário esperar alguns segundos, próxima a chama, para que a alça
esfriasse um pouco para ser utilizada. Depois de apanhar a amostra no meio
MacConkey com a alça, inoculou-se o meio de MRVP com a mesma utilizando-se a
técnica de estria sinuosa. Após a inoculação e incubação do tubo com amostra,
para a visualização do resultado, foi-se necessário adicionar vermelho de
metila ao meio.
-
VP: Para a realização deste teste bioquímico, utilizou-se a
alça bacteriológica devidamente esterilizada em chama branda no bico de Bunsen.
Foi-se necessário esperar alguns segundos, próxima a chama, para que a alça
esfriasse um pouco para ser utilizada. Depois de apanhar a amostra no meio
MacConkey com a alça, inoculou-se o meio de MRVP com a mesma utilizando-se a
técnica de estria sinuosa. Após a inoculação e incubação do tubo com amostra,
para a visualização do resultado, foi-se necessário adicionar Hidróxido de
Potássio (KOH) e α- naftol ao meio.
- · Ureia
No teste bioquímico em
questão, a alça bacteriológica foi devidamente esterilizada em chama branda no
bico de Bunsen. Foi-se necessário esperar alguns segundos, próxima a chama,
para que a alça esfriasse um pouco para ser utilizada. Após, utilizou-se a
mesma para apanhar a amostra do meio MacConkey e inoculá-la no tubo com ureia
através da técnica de estria sinuosa.
- · SIM (Sulfeto de Hidrogênio – Indol – Motilidade)
No teste bioquímico em
questão, utilizou-se a alça bacteriológica devidamente esterilizada em chama
branda no bico de Bunsen. Foi-se necessário esperar alguns segundos, próxima a
chama, para que a alça esfriasse um pouco para ser utilizada. Após, utilizou-se
a mesma para apanhar a amostra do meio MacConkey e inoculá-la no tubo com SIM.
IV. Resultados
A partir da realização dos
testes bioquímicos os resultados obtidos foram fotografados:
Figura 1 – Da esquerda para a direita:
citrato, ureia, VM, VP, ornitina, lisina, arginina e meio base.
Figura 2 – Da esquerda para a direita: lactose,
glicose, ureia, SIM, VP, sacarose.
- · Citrato
O teste bioquímico do citrato indica a se a bactéria
utiliza a substância como fonte de carbono. No início o agar tem coloração
verde, pela presença do indicador de pH azul de bromotimol, e se o citrato é
utilizado (positivo), o meio torna-se azul pelo produto metabólico ter
alcalinizado o meio. Se o citrato não é utilizado (negativo), o meio permanece
verde. Com essa definição, o resultado para o teste do citrato foi positivo.
- · Ureia
Esse teste verifica a atividade de urease. Em conjunto
com o indicador de pH vermelho de fenol, quando a ureia é hidrolisada
(positivo) alcalinizando o meio, o indicador torna em tom rosa pink. Quando o
meio permanece na mesma coloração indica que a atividade de urease não é
realizada pela bactéria (negativo). A partir disto, o resultado foi negativo.
- · MRVP
-VM: O teste é utilizado para declarar a fermentação de ácidos
mistos pelas bactérias. Quando fermentam, ao adicionar o indicador vermelho de
metila ao meio, este permanece vermelho, indicando o pH ácido fruto do
metabolismo da bactéria. Quando ao colocar o reagente a coloração amarela é
descoberta sabe-se que o meio está entre alcalino e neutro, indicando que a
bactéria não fermentou. Desta forma, o resultado do teste foi positivo.
-VP: O teste permite analisar a presença de acetoína, um
intermediário metabólico da fermentação de butanodiol pela bactéria. Quando a
acetoína é percebida no meio, este torna uma coloração vermelha na superfície,
indicando um resultado positivo para o teste. Quando o meio mantém a mesma
coloração o resultado é negativo. Desse modo, o resultado foi negativo para a
bactéria testada.
- · Aminoácidos
O teste analisa a utilização dos aminoácidos
essenciais pelo metabolismo da bactéria. Se o teste for positivo, o meio
torna-se púrpura. Se negativo, não é perceptível alteração no meio. Desta
maneira, para todos os aminoácidos o resultado foi negativo.
- · Açucares
Com esse teste é possível dizer se a bactéria é capaz
de consumir determinado carboidrato. Através da mudança de cor do meio e da
produção de gás. Quando o meio encontra-se vermelho ou inalterado, pode-se
dizer que o resultado foi negativo. Quando o meio encontra-se amarelo e com gás
pode-se dizer que o resultado foi positivo. Com isso, o único carboidrato
positivo para a fermentação foi a glicose, os demais, lactose, sacarose e
manitol, obtiveram resultados negativos.
- · SIM
O teste disponibiliza a analise da motilidade,
produção de H2S e de indol. Para a motilidade, é observada a
dispersão da bactéria por entre o agar (positivo), ou somente no furo formado
pela agulha (negativo). A produção de H2S é notada pela presença de
precipitado preto, e se este não é visto, o resultado é negativo. Para a verificação
do indol o reativo de Kovacs é adicionado no meio, se o resultado for positivo
a coloração vermelha é notada, senão é negativo para o indol. Com a observação
dos tubos o resultado foi positivo para a motilidade e produção de H2S,
mas negativo para o indol.
V.
Discussão
Ao cruzar as informações dos resultados com as tabelas
disponíveis, os possíveis microrganismos presentes na colônia coletada do Agar
MacConkey a partir da cultura de urina do paciente 1 foram: Yersina pestis, na tabela de
diferenciação de enterobacteriaceae por teste bioquímicos, e Edwardisiella tarda, tanto na primeira
tabela quanto na provas bioquímicas dos microrganismos abrangidos pelo sistema
Bactray I e II.
A Yersinia
pestis não é comumente encontrada em amostras de urina. É o microsganismo
responsável pela infecção da Peste Bulbônica.
A Edwardsiella
tarda é encontrada
em ambiente aquático relacionado à contaminação e infecção em peixes. Apesar de
ser incomum, E. tarda é um patógeno que pode acometer humanos
causando gastroenterites e infecção extraintestinal. Casos como enterocolite,
abscesso hepático, peritonite, osteomielite, endocardite já foram descritos.
Poucos casos de meningite e sepse em neonatos são relatados.
E. tarda em amostras de urina correspondem a menos de 16,5% dos
casos, e portanto, o paciente 1 provavelmente se encontrava com essa infecção
rara.
VI.
Conclusão
É possível dizer que os
resultados foram satisfatórios, pois mesmo tendo alguns testes diferentes do
esperado ainda pode-se chegar a uma bactéria que mesmo rara, está presente em
infecções urinarias.
Com a realização desta
pratica foi possível ainda perceber uma aplicação prática do que é lecionado e
como isto pode ser utilizado em diagnósticos reais, contribuindo assim com a
formação técnica.
VII.
Bibliografia
MICROBIOLOGIA. Preparo de materiais em microbiologia, meios
de cultura usados no laboratório, técnicas de semeadura e colorações.
Disponível em:
<http://www.ufjf.br/microbiologia/files/2012/11/meios-de-cultura-usados-no-laborat%c3%b3rio-e-colora%c3%a7%c3%b5es.pdf>.
Acesso em: 21 jul. 2017.
BIOMEDICINA
PADRÃO. Técnicas de semeadura.
Disponível em:
<http://www.biomedicinapadrao.com.br/2012/09/tecnicas-de-semeadura.html>.
Acesso em: 21 jul. 2017.
MBIOLOG
DIAGNÓSTICOS. Ágar macconkey. Disponível em: <http://www.mbiolog.com.br/?page_id=216>. Acesso em: 21 jul. 2017
LOPES, Hélio Vasconcellos; TAVARES, Walter.
Diagnóstico das infecções do trato urinário. Revista da Associação
Médica Brasileira, São Paulo, v. 51, n. 6, nov./dez. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0104-42302005000600008>.
Acesso em: 23 jul. 2017.
PIRES,
M. C. D. S. et al. Prevalência e suscetibilidades bacterianas das infecções
comunitárias do trato urinário, em Hospital Universitário de Brasília, no
período de 2001 a 2005. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina
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<http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v40n6/a09v40n6.pdf>. Acesso em: 23 jul.
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