Por Tainah Almeida
Fatos Históricos
Doenças que hoje conhecemos por
psoríase, eczema e outras dermatoses na antiguidade eram referidas como
hanseníase. Estas são majoritariamente caracterizadas por lesões escamosas
enquanto a lepra, termo não mais utilizado, obtém destaque maior por associações em
relação a suas deformidades.
Em traduções bíblicas ainda se encontra a palavra lepra, descrevendo doenças que são diferentes da hanseníase. Por essa razão e pela palavra lepra ter um sentido pejorativo e preconceituoso, estando associada a ideia de impureza e repugnância, passou-se a denominar a doença por hanseníase, em homenagem ao descobridor da bactéria – Mycobacterium leprae, causadora da infecção.
Em traduções bíblicas ainda se encontra a palavra lepra, descrevendo doenças que são diferentes da hanseníase. Por essa razão e pela palavra lepra ter um sentido pejorativo e preconceituoso, estando associada a ideia de impureza e repugnância, passou-se a denominar a doença por hanseníase, em homenagem ao descobridor da bactéria – Mycobacterium leprae, causadora da infecção.
Em 1874, o médico e botânico
norueguês, Gerhard Henrik Armauer Hansen, demonstrou as chamadas células
leprosas de Virchow encontradas nos nódulos cutâneos da doença. Este fato deu
início a um novo conceito sobre a doença e seu modo de transmissão e os doentes
passaram a ser decisivamente visto como ameaça social, desencadeando o processo
de higienização da sociedade, através do confinamento compulsório dos doentes
em leprosários. A primeira tese derrubada após este evento foi a de que a
doença era hereditária e não contagiosa. Sob o ponto de vista de que o doente
passou a ser considerado como a única fonte de propagação da moléstia.
Na Idade Média, a hanseníase
manteve alta prevalência na Europa e no Oriente Médio. O Concílio de Lyon realizado
pela Igreja Católica, no ano de 585, estabeleceu o isolamento do doente da
população sadia como regra de profilaxia da doença. Em alguns locais, essa
medida foi bastante rigorosa e incluía a realização de um ofício religioso em
intenção do doente, semelhante ao ofício dos mortos, após o qual ele era
excluído da comunidade, passando a residir em locais especialmente reservados
para este fim, foram os primeiros asilos para acolher os acometidos por esta
doença. O doente era ainda obrigado a usar roupas características que o
identificavam como tal e fazer soar uma sineta ou matraca para avisar os sadios
de sua aproximação.
O declínio dessa doença, na
Europa, foi gradual tendo se iniciado a partir do século XVII. Por volta de
1870, a doença já havia praticamente desaparecido em quase todos os países da
Europa e a causa mais provável desse desaparecimento foi a melhoria das
condições socioeconômicas. Apesar disso, a endemia estava persistindo no
território asiático e africano, tendo sido introduzida no Novo Mundo a partir
das conquistas espanholas e portuguesas e da importação de escravos africanos.
Na Primeira Conferência
Internacional de Lepra, em Berlim, no ano de 1897, foi proposto o isolamento
compulsório como o melhor meio de impedir a propagação da doença, e
recomendou-se a notificação obrigatória e a vigilância dos suspeitos, tais como
se praticam na Noruega. As práticas que se seguiam na Noruega desde 1825,
indicava como profilaxia da lepra, o isolamento tanto em domicílio quanto em
leprosários. Aos leprosos que tivessem recursos para se manter, as autoridades
podiam permitir que vivessem em seus
domicílios, apenas afastados de seus familiares
e de suas relações, tendo ao menos um leito ou um quarto separados. Também era recomendado
o afastamento dos doentes de profissões que lidassem com o público e a
separação dos seus filhos logo após o nascimento, sendo recolhidos em
preventórios especiais.
Tipos de Hanseníase
A Hanseníase é classificada de acordo com suas manifestações clínicas e
o resultado da baciloscopia. De acordo com este últimos, os pacientes que
apresentam baciloscopia negativa em todos os locais de coleta são classificados
como Paucibacilar (PB), enquanto aqueles que apresentam baciloscopia positiva
em qualquer local de coleta são classificados como Multibacilar (MB).
De acordo com os critérios clínicos,
foram identificadas quatro formas da doença:
·
Hanseníase Indeterminada
- Corresponde a forma inicial;
- Evolui espontaneamente para a cura,
na maioria dos casos;
- Geralmente se encontra apenas uma
lesão, de cor mais clara que a pele normal, com diminuição da sensibilidade.
·
Hanseníase Tuberculóide
- É a forma mais benigna e localizada;
- Acomete pessoas com alta resistência
ao bacilo;
- Encontram-se poucas lesões de limites
bem definidos e um pouco elevados e com ausência de sensibilidade; neste caso,
ocorrem alterações nos nervos próximos a lesão, podendo acarretar dores,
fraqueza e atrofia muscular.
·
Hanseníase Dimorfa
- É a forma intermediária;
- Há um maior número de lesões;
- As manchas podem atingir grandes
áreas da pele;
- Os nervos são bastante afetados;
-
Esta pode polarizar para Virchoviana ou Tuberculóide.
·
Hanseníase Virchoviana
- Neste tipo, a imunidade é nula e há
uma maior multiplicação do bacilo, isto faz com que o paciente possa chegar a
um quadro de maior gravidade, podendo anestesiar os pés e as mãos; sem a
sensibilidade, poderão ocorrer traumatismos e feridas que poderão acarretar
deformidades, atrofia muscular, inchaço nas pernas e surgimento de nódulos;
- Órgãos internos também podem ser
atingidos pelas consequências da doença.
A Transmissão
A
transmissão da hanseníase se dá pelo contato prolongado e frequente com uma
pessoa infectada pelo bacilo e que não esteja em tratamento. A pessoa infectada
expele bacilos através do sistema respiratório superior quando ela fala, tosse
ou espirra. É uma doença de baixa infectividade, e, por conta disto, apenas o
contato por vários anos e frequente com a pessoa infectada é capaz de ocasionar
a transmissão da doença. Quando a pessoa inicia o tratamento para erradicar a
doença, a transmissão é interrompida. Logo, quanto mais cedo a doença é
diagnosticada, mais rápido o tratamento poderá ser iniciado.
Ninguém que tenha a doença precisa se afastar da sociedade, nem deixar
de trabalhar ou ficar perto de sua família.
A maioria da população adulta é resistente à hanseníase, contudo, as crianças são mais susceptíveis, geralmente adquirindo a doença quando há um paciente contaminante na família. O período de incubação varia de 2 a 7 anos e entre os fatores predisponentes estão o baixo nível socioeconômico, a desnutrição e a superpopulação doméstica.
A maioria da população adulta é resistente à hanseníase, contudo, as crianças são mais susceptíveis, geralmente adquirindo a doença quando há um paciente contaminante na família. O período de incubação varia de 2 a 7 anos e entre os fatores predisponentes estão o baixo nível socioeconômico, a desnutrição e a superpopulação doméstica.
Sinais e Sintomas
Os
sinais e sintomas da hanseníase estão localizados principalmente nas
extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, nas costas, nas nádegas
e nas pernas.
Os sinais e sintomas mais comuns da hanseníase são:
Os sinais e sintomas mais comuns da hanseníase são:
·
Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou
amarronzadas em qualquer parte do corpo.
·
Área de pele seca e com falta de suor;
·
Área da pele com queda de pelos, mais
especialmente nas sobrancelhas;
·
Área da pele com perda ou ausência de sensibilidade
(dormências, diminuição da sensibilidade ao toque, calor ou dor);
neste
caso, pode ocorrer de uma pessoa se queimar no fogão e nem perceber, indo
verificar a lesão avermelhada da queimadura na pele mais tarde;
·
Parestesias (sensação de formigamento na
pele, principalmente das mãos e dos pés);
·
Dor e sensação de choque, fisgadas e
agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas;
·
Edema ou inchaço de mãos e pés;
·
Diminuição da força dos músculos das mãos,
pés e face devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar
engrossados e doloridos;
·
Úlceras de pernas e pés;
·
Nódulo no corpo (podendo ser avermelhados
e dolorosos, em alguns casos).
Diagnóstico
O diagnóstico da hanseníase é essencialmente
clínico. Este depende do reconhecimento dos sinais da doença, portanto só é
possível quando a doença se manifesta. A Organização Mundial da Saúde
estabeleceu critérios de diagnóstico, considerando-se a pessoa que apresenta um
ou mais dos seguintes sinais: aparecimento de manchas hipopigmentadas ou
avermelhadas com alterações de sensibilidade com pesquisa de bacilos em
esfregaço de linfa (baciloscopia) e exame histopatológico das lesões cutâneas. Além
do diagnóstico clínico, existem outras ferramentas convencionais para
elucidação da hanseníase. Dentre eles, a baciloscopia, o teste cutâneo e o
exame histopatológico. Uma das ferramentas inovadoras no diagnóstico da
hanseníase é o teste sorológico, baseado na detecção de anticorpos específicos,
quase universalmente positivos em pacientes MB, mas têm uma sensibilidade
insuficiente para a definição diagnóstica em pacientes PB.
Além dos métodos de diagnósticos
convencionais descritos, a sorologia e reação da cadeia de polimerase (PCR) têm
sido utilizadas para o diagnóstico da hanseníase, apesar de nenhum destes
testes mostrarem sensibilidade e especificidade como ferramentas de diagnóstico
de rotina. As vantagens principais da sorologia e do PCR é que se tem uma resposta
rápida e é possível utilizar amostras biológicas sem a necessidade de isolamento
ou crescimento em cultura. Em vista disso, fazem-se necessárias ferramentas
específicas para se diagnosticar a infecção pelo Mycobacterium leprae, antes mesmo do aparecimento dos sinais
clínicos. Mediante o exposto, esta pesquisa buscou apresentar as ferramentas
convencionais e as inovações para o diagnóstico da hanseníase.
Tratamento
Ambos os tipos (paucibacilar e multibacilar)
são tratados com o antibiótico rifampicina, durante seis meses no tipo
paucibacilar e um ano no tipo multibacilar. A medicação é fornecida
gratuitamente pelo Ministério da Saúde e administrada em doses vigiadas nas
Unidades Básicas de Saúde sob a supervisão de médicos ou enfermeiros de acordo
com normas da OMS.
A rifampicina tem capacidade de eliminar 90%
dos bacilos. Por conta disto, é necessário complementar o tratamento com outra
droga (DDS), que pode ser tomada em casa diariamente, até o final do
tratamento. Nos casos multibacilares, esse tratamento é acrescido de uma dose
diária e de outra vigiada de clofazimina.
Resistência
ao tratamento
Segundo informações do Instituto Oswaldo Cruz
(IOC/Fiocruz), 8% dos casos de recidiva, quando a doença retorna após a
conclusão do tratamento, se devem justamente a bactérias resistentes. Em 2012,
foi publicado um estudo com base em casos de pacientes com recidiva após o tratamento
nas cinco regiões do país e que foram analisados em centros de referência.
Neste conjunto, foi detectada uma taxa de 4,3% de infecções provocadas por
bactérias resistentes. Entre esses casos, havia um de multirresistência: o M. leprae que infectava aquele paciente
era resistente a dois dos três compostos da poliquimioterapia. A resistência a
apenas um dos medicamentos da poliquimioterapia é suficiente para prejudicar a
eficácia do tratamento, especialmente se houver resistência à rifampicina, que
é o fármaco com atividade microbicida mais potente na combinação. Quando esse
medicamento não funciona, os outros dois fazem efeito, mas não de forma
suficiente. Sempre que a resistência é confirmada, os medicamentos envolvidos
são substituídos.
A resistência adquirida é a mais comum. Esta
ocorre em pacientes que abandonam a terapia ou fazem uso dos medicamentos de
forma irregular. Uma vez que o tratamento não é capaz de eliminar as bactérias,
acontece a seleção de microrganismos resistentes, que passam a se multiplicar.
Quando essas bactérias são transmitidas para outras pessoas, temos os casos de
resistência primária, em que o paciente apresenta um microrganismo resistente
antes mesmo de ser submetido ao tratamento.
A investigação é recomendada em duas situações:
quando se detecta que o tratamento não está funcionando e quando ocorrem
recidivas. Considerando que, mesmo após o início do uso de medicamentos, a
regressão das lesões da hanseníase é naturalmente demorada, pode ser difícil
perceber que um paciente está levando mais tempo para se recuperar. Já os
quadros de recidiva precisam ser diferenciados das reações inflamatórias, que
podem ocorrer após o fim do tratamento. Nesses casos, é como se o sistema
imunológico do paciente continuasse respondendo à infecção, mesmo após a morte
das bactérias, provocando danos ao organismo. Para confirmar a recidiva, são
necessárias avaliação clínica e análise histopatológica do tecido da lesão. Se
houver confirmação da recidiva, a investigação de resistência é realizada.
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Este trabalho foi feita pela aluna Taina
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