Introdução
A pneumonia é uma doença infecciosa que acomete os pulmões, os
alvéolos e possivelmente o interstício. Essas estruturas fazem parte do sistema
respiratório, encarregado pela respiração, ou seja, a troca gasosa, que acontece
efetivamente nos alvéolos e, portanto doença afeta a respiração.
O sistema respiratório é dividido em superior e inferior. No
sistema respiratório superior é onde se localiza a cavidade nasal, boca e faringes;
os sinos e ouvidos também fazem parte do sistema, porém não compõem o trato. No
sistema respiratório inferior é onde se encontra a laringe, traqueia,
brônquios, bronquíolos, alvéolos e pulmão, que recobre desde uma parte dos
brônquios até os alvéolos.
O sistema respiratório superior é um local quente e úmido,
pela produção de muco, e, portanto tem uma microbiota favorecida. Porém, o
sistema respiratório inferior, em condições normais deveria ser estéril, ou
seja, micro-organismos não deveriam estar presentes na região. Quando alguns
patógenos microbianos atingem a região é que doenças como a pneumonia podem se
desenvolver.
Histórico
A doença tem histórico de ocorrência desde os primórdios da
civilização grega, porém seu principal agente infeccioso, o Streptococcus
pneumoniae, foi descoberto e
estudado principalmente entre os anos de 1880 e 1900.
Os microbiologistas Louis Pasteur e George Sternberg,
isoladamente, procederam com experimentos a partir de amostras de saliva
injetando-as em coelhos, onde o microrganismo cresceu e em seguida foi isolado.
Com o experimento foi descoberto seu arranjo em diplococos ovalados ou
lanceolados, e em seguida sua patogenicidade. Christian Gram foi capaz de
descrever através de suas técnicas próprias que o microrganismo era
Gram-positivo. E, por fim estudos trataram de como as características físicas do
patógeno ampliavam sua etiologia, como a presença de cápsula que o esconde de
células da imunidade inata.
O S. pneumoniae é
um microrganismo aeróbio facultativo, pode ter cápsula ou não, diferenciando
assim suas colônias em cultura. Colônias da bactéria que possuem cápsula são
grandes, redondas e mucosas, esta são as colônias efetivamente patogênicas. Enquanto
isso, colônias não encapsuladas são pequenas e planas. É um microrganismo
hemolítico quando em anaerobiose; catalase negativo; inibido por acúmulo de
peróxido de hidrogênio; e potencialmente capaz de destruir tecidos e resistir à
fagocitose.
Agentes etológicos
Apesar de o principal agente etiológico da pneumonia ser o S. pneumoniae, que induz a produção de
80 sorotipos diferentes, existem outros que ao entrar em contato com o trato
respiratório inferior causam a patologia. Entre eles estão Chlamydia pneumoniae, vírus no geral, Mycoplasma pneumoniae, Haemophilus
influenzae, Legionella pneumophila,
Chlamydia psittaci, Staphylococcus aureus, Moraxella catarrhalis, Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella spp., E. coli, Proteus spp. e Coxiella burnetii. Infecções por S.
aureus, H. influenzae, Klebsiella spp., E. coli e Proteus spp. são geralmente
secundárias a outra doença. E infecções Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia
psittaci, Coxiella burnetii e Legionella pneumophila caracterizam pneumonias
atípicas.
Via de contágio e classificação
Para todos esses microrganismos a principal via de contágio
é por gotículas de ar, saliva, secreções ou sangue que com o patógeno chegam
até o trato respiratório. Porém, como algumas bactérias das listadas fazem
parte da microbiota de outros locais do corpo, o contágio pode se dar pela
presença do microrganismo no local indevido. Se levada em conta a mudança
constante ou brusca de temperatura, que pode afetar a eficiência dos pelos da
mucosa nasal em filtrar o ar, esta também pode ser uma das causa da pneumonia.
Apesar da via de contágio, o desenvolvimento da doença será de acordo com a
patogenicidade do agente etiológico e outros fatores como a resposta imune.
De acordo com o modo com que a doença foi adquirida, esta
pode se classificar entre Pneumonia adquirida-comunitária (PAC) e hospitalar
adquirida (HA). Geralmente as PACs seguem a via de contágio descrita em
sociedade, enquanto a hospitalar, cerca de 48 horas depois de internada em um
hospital a pessoa pode desenvolver, e lógico que esta classificação é mais
severa.
Sinais e sintomas
É possível suspeitar de pneumonia se sintomas como tosse,
acompanhada de muco que varia entre verde e incolor ou com sangue, dores no
tórax e respiração diferenciada ocorrerem. Ainda é possível uma pessoa com
pneumonia ter febres, náusea, diarreia, perda de apetite e fadiga. Em casos de
contaminação por bactéria é possível ter febres muito altas, que trazem também
uma sensação de inconsciência, confusão ou delírio. Quando um vírus que
caracteriza o patógeno os sintomas são próximos ao de gripes, além dos sintomas
citados o paciente sofre com dores de cabeça e musculares.
Associações entre um primeiro contato com o vírus da
influenza e um segundo estado de pneumonia adquiridas de comunidades acontece
frequentemente. Estudos explicam que há uma predisposição a esta relação por
conta de reações genéticas entre os patógenos. Essa característica aumentou
desde 2009 quando um surto de gripe suína se instalou pelo mundo. Porém, pelo
ponto de vista positivo, na mesma época, estudos de diagnóstico melhoraram
significantemente, possibilitando uma melhor diferenciação dos diversos
patógenos relacionados a gripes e pneumonias.
Diagnóstico
O diagnóstico da enfermidade envolve exame de raio-x da
caixa torácica, possíveis exames de sangue completo e muco, exame clínico e
anamnese histórica. Na imagem obtida pelo raio-x é observar se há muco no
pulmão e como se encontra a expansão do microrganismo. Com os exames de sangue
é possível a contagem de linfócitos e leucócitos além de possíveis patógenos,
como no muco. O exame clínico e anamnese histórica se fazem importante, pois, cada patógeno possui um perfil de sintomas e situações propícias, como exemplo
tem-se que pneumonias por Legionella spp.(legionelose)
que são contraídas especialmente por viajantes.
Nesta situação é importante saber se pessoas próximas estão
ou estiveram com a doença, quando foi o inicio dos sintomas e quais são eles e, se houve o contato com animais, em especial aves, que são transmissores da Chlamydia psittasi. Além de observar no exame físico a presença ou não de
barulho indicativo de muco ao escutar a respiração, e possíveis taquicardias.
A cultura do microrganismo encontrado no muco ou sangue é
essencialmente importante para o diagnostico e tratamento correto da pneumonia,
afinal, se não corretamente tratada, esta pode evoluir para casos mais graves.
O teste ainda pode ser sorológico, ou seja, analisando a partir de antígenos a
presença do patógeno específico.
A partir da cultura do microrganismo pode-se inferir a
contaminação por bactérias, fungos ou vírus e melhor adaptar o tratamento para
o determinado tipo patogênico. Algumas questões auxiliam a diferenciação entre
pneumonia viral e bacteriana, como os sintomas, dor, tosse com determinado
muco.
Com todos os exames prontos, existem meios que facilitam a
classificação do paciente quanto à severidade, dentre estes, principalmente do
CURB-65. A sigla, em inglês, indica testes quanto à confusão, ureia, nível
respiratório, pressão sanguínea e a idade, acima ou não de 65 anos. Com essa
classificação é possível obter três grupos, referentes a mortalidade, baixa,
intermediária ou alta. Com essa classificação o tratamento pode se adaptar para
melhor combater a pneumonia.
Tratamento
O tratamento é na maioria das vezes antimicrobiano, mas o
antibiótico é preferencialmente específico se foi possível o reconhecimento
deste. Geralmente os antibióticos variam entre penicilina, amoxacilina,
azitromicina e claritromicina. Em adição a isto é feito uso de remédios que
diminuam a dor e que induzam a expectoração. Quando a contaminação é viral,
dificilmente é feito uso de antivirais, mas seria o melhor tratamento, também
em conjunto com remédios que diminuam a febre, dor, e induzam a expectoração. O
mais importante para ambos os casos é a precisão do tratamento para que a
reincidência da doença não aconteça. A ingestão de líquidos e repouso favorece
o bem estar do paciente e eficiência do tratamento.
Para idosos e crianças, que caracterizam grupos de risco, o
tratamento é intenso, sendo muitas vezes preferível a internação do paciente
para tratamento hospitalar, mesmo que o uso seja de antibióticos, dessa maneira
ao paciente pode ser acompanhado e realizar exames sempre que necessário.
Resistência ao tratamento
Nos Estados Unidos é possível observar populações de
bactérias já resistentes ao tratamento com antibióticos de rotina. Uma dessas é
o S.aureus resistente à meticilina,
mais comum do que pode-se imaginar e por conta da resistência ainda mais difícil
de ser diagnosticado. Este caracteriza um dos mais importantes motivos de
realizar a cultura microbiana no processo de diagnóstico da doença, para que
mais agentes resistentes não se formem indevidamente e para que possa se
proceder com tratamento correto.
Abaixo encontra-se uma tabela com os antibióticos mais
apropriados para os possíveis agentes etiológicos da pneumonia:
Prevenção
Há a vacinação preventiva contra o principal agente
etiológico da pneumonia, o S. pneumoniae,
e esta acontece geralmente quando criança ainda e em algumas doses. Idosos
podem fazer uso da vacinação, porém a composição da vacina é diferenciada. Em
crianças usa-se o pneumococo conjugado e em idosos, a composição é por um polissacarídeo
do pneumococo associado.
Bibliografia
LOEBINGER, Michael R; WILSON, Robert. Bacterial pneumonia. Elsevier, London, UK, v. 36, n. 6, p.
285-290, jun. 2008. Disponível em: <http://www.medicinejournal.co.uk/article/S1357-3039(08)00105-9/fulltext>.
Acesso em: 12 jul. 2017.
WUNDERINK, Richard G. Influenza and bacterial pneumonia - constant
companions. Critical Care, USA, v. 14, n. 150, mai. 2010.
Disponível em: <https://ccforum.biomedcentral.com/articles/10.1186/cc8974>.
Acesso em: 12 jul. 2017.
AGÊNCIA FIOCRUZ DE NOTÍCIAS. Pneumonia. Disponível em: <https://agencia.fiocruz.br/pneumonia>. Acesso em: 12 jul. 2017.
HEALTHLINE. Pneumonia bacteriana. Disponível em: <http://pt.healthline.com/health/pneumonia-bacteriana#overview1>. Acesso em: 12 jul. 2017.
NEWS MEDICAL LIFE SCIENCE. Pneumonia. Disponível em: <http://www.news-medical.net/health/pneumonia.aspx>. Acesso em: 12 jul. 2017.
IFRJ - Campus Rio de Janeiro
Microbiologia Clínica - Profº Leonardo Costa
BM 161 - Larissa Veras Menezes
Rio de Janeiro, 15 de junho de 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário