Ultimamente, diversos estudos relacionando as bactérias
presentes no trato gastrointestinal com o sistema nervoso têm sido desenvolvidos.
Essa relação é chamada de “eixo
cérebro-intestino”, que pode refletir em melhora da saúde, ou em
doenças, de acordo com as bactérias presentes.
Descobriu-se que o intestino é
revestido por neurônios, que constituem o chamado sistema nervoso entérico,
ainda pouco conhecido. O número de neurônios nessa região pode parecer bem
grande, mas é bem menor que a microbiota presente (estima-se que nessa região,
existam 10 vezes mais microorganismos do que o número de células do corpo). Devido
à essa abundante diversidade de microorganismos, o “eixo cérebro-intestino”
também é conhecido como “eixo cérebro-intestino-microbiota” e,
inclusive, acredita-se que essa última nomeação é a mais correta.
Qualquer fator que possa causar a
diminuição de bactérias benéficas ao organismo no intestino, pode influenciar
negativamente a saúde do indivíduo. Como exemplo de fator, é possível citar a
alimentação industrializada e o uso de alguns antibióticos, que acabam
manipulando bactérias que não estão causando problemas ao indivíduo. Quando a
microbiota é manipulada, o indivíduo apresenta alterações do humor, transtorno
de ansiedade, ou, até mesmo, depressão.
Um fator chave para modular a
resposta ao estresse é a regulação do neurotransmissor serotonina,
realizada pela microbiota do instestino, afetando a cognição, o comportamento e
o humor do indivíduo. Os probióticos podem produzir efeitos psicológicos
positivos em sujeitos saudáveis, produzindo mudanças na atividade cerebral.
A barreira mucosa intestinal, uma espécie de camada protetora
que recobre o intestino, pode estar alterada em certas condições psiquiátricas.
Quando ocorre falha nessa camada, ela se apresenta com “pequenos furos”, que permitem
a passagem de bactérias nocivas, e estas causam potentes processos
inflamatórios e reações imunes. Um estudo desenvolvido com animais,
aponta um aumento da depressão quando administraram essas bactérias nocivas nos
animais de laboratório. Além disso, a depressão induzida pelas bactérias
negativas pode ser revertida com uso de probióticos.
Portanto, é perceptível que para evitar doenças ou
transtornos mentais, é necessário ter uma microbiota intestinal saudável. Isso
pode se dar através de uma alimentação saudável, prática de exercícios físicos,
e redução do estresse, por exemplo. O uso indiscriminado de antibióticos e uma
dieta baseada em gordura, podem afetar, negativamente, o organismo humano de diversas
maneiras, incluindo a microbiota intestinal e, consequentemente, diversos
aspectos do sistema nervoso, e doenças causadas pelo mesmo.
Bibliografia:
- Jacka FN, Sacks G, Berk M, et al. Food policies for mental and physical health.
- BMC Psychiatry 2014; 14:132
Aluna: Gabriela Calafate
BM 151
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