domingo, 22 de outubro de 2017

Relato das Práticas

Microbiologia Geral

5º Período
Grupo: Thiago Gaspar; Marco Antônio; Caio Fernandes; Juliana Sousa           
Turma: BM151         
Professores: Leonardo e Thaís

Prática 1: Micróbios associados ao meio ambiente
   Uma placa de Petri foi exposta em frente ao elevador da instituição de ensino localizado no 4º andar por 10 minutos, após isso foi colocado em uma estufa (BOD) à 37ºC para que o aquecimento catalisasse o crescimento das colônias de bactérias.
   Depois de uma semana, foi observado à presença de colônias que se diferenciaram entre si.

Pontos Divergentes:
Coloração: algumas colônias apresentaram coloração amarela em diferentes tonalidades e outras apresentaram colorações esbranquiçadas com aspectos opacos e brilhosos.




Discussão:
Sabe-se que os microrganismos estão presentes em todos os locais, ao expor um meio de cultura ao ambiente, puderam-se reter alguns tipos desses microrganismos na placa de Petri, na qual continha todos os nutrientes necessários para que ocorresse proliferação. Constatando-se, portanto, que constantemente somos expostos a seres microscópicos, que podem ou não ser patogênicos.



Prática 2: Verificação da possibilidade de contaminação na zona de segurança
   Uma placa de Petri foi exposta por 10 minutos atrás do bico de Bunsen e logo após isso, armazenada em uma estufa (BOD). Após uma semana foi observado à presença de colônias de bactérias.

Pontos Divergentes:
Coloração: algumas colônias apresentaram coloração amarelada em diferentes tonalidades e outras apresentaram coloração esbranquiçada com aspectos opacos e brilhosos.


Discussão:
 
  Pela prática ter sido manuseada na zona de segurança, não era esperados a contaminação e crescimento de colônias de bacterianas. Entretanto, considerando que havia corrente de ar externo no laboratório e alunos próximos conversando entre si, foi deduzido que esses fatores corroboraram para a contaminação do respectivo meio de cultura.


Prática 3: Coloração de Gram e inoculação de bactéria.

Bactéria utilizada: Staphylococcus aureus

Procedimento 1:

Transferir as bactérias para a lâmina
Secar ao ar
Fixar na lâmina
Cobrir com Cristal Violeta por 1 minuto
Lavar com água destilada
Cobrir com Lugol por 1 minuto
Lavar com água destilada
Cobrir com álcool 100% por 20 segundos
Lavar com água destilada
Cobrir com Safranina por 45 segundos
Lavar com água destilada
Secar delicadamente

O método de Gram é utilizado para distinguir dois tipos de bactérias dependendo da composição da parede celular.  Quando as bactérias são colocadas em contato com cada tipo de substância, ocorrem alterações específicas que favorecem a diferenciação através da coloração adquirida.
 As bactérias Gram-positivas possuem uma espessa camada de peptideoglicano e ácido teicóico, que retém o cristal violeta adicionado e quando é acrescentado o lugol, cria-se um complexo cristal violeta-iodo, que é impossibilitado de ser retirado quando o álcool é utilizado, pois ele desidrata a camada de peptideoglicano ocasionando a diminuição da porosidade e permeabilidade da parede celular. Logo, essas bactérias receberam a coloração roxa.
Enquanto nas bactérias Gram-negativas, o complexo formado entre o cristal violeta e lugol (iodo) não é fixado devido à extração de lipídeos da sua parede celular, que aumenta a permeabilidade e porosidade da mesma. Para que essas bactérias não ficassem incolores, foi utilizado a safranina, que forneceu a coloração vermelha.
Entre todas as etapas a água foi utilizada para que retirasse o excesso das soluções anteriormente adicionadas.


Procedimento 2:
   Cultura em placa de Petri.

Nesse procedimento, flambou-se uma alça e a parte superior do tubo de ensaio que continha a bactéria Staphylococcus aureus para eliminar possíveis contaminações, e em seguida recolheu-se uma alíquota desta bactéria, flambou-se novamente o tubo para ser fechado e transferiu-se a bactéria com auxílio da alça para uma placa manuseada atrás do bico de Bunsen. Ao finalizar a inoculação, a alça foi flambada para evitar contaminações.
Após uma semana foi observado à formação de colônias na placa, inferindo-se que o meio era propício para que houvesse crescimento e nutrição destas.

Procedimento 3:
   Cultura em caldo nutritivo

Flambou-se uma alça e a borda do tubo no qual se encontrava a bactéria Staphylococcus aureus e retirou-se parte desta no interior da alça. Após a retirada flambou-se o tubo que continha a bactéria e seria fechado, e repetiu-se o procedimento no tubo em que havia um meio de cultura líquido no qual a bactéria foi adicionada para que proliferasse usufruindo dos nutrientes presentes.



Após uma semana observou-se que o líquido anteriormente amarelo límpido, tornou-se turvo, demonstrando que houve proliferação.

Resistência bacteriana na infecção hospitalar

https://www.youtube.com/watch?v=y7KAP-86AS8&feature=youtu.be

Video do G1 sobre o artigo em português

sábado, 14 de outubro de 2017

Vídeo sobre artigo em português: "Avaliação microbiológica da água consumida nos bebedouros da Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava, Paraná, Brasil.

      Logo a seguir segue um vídeo explicativo e autodidático para leigos no assunto. O material é sobre o artigo "Avaliação microbiológica da água consumida nos bebedouros da Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava, Paraná, Brasil. https://www.youtube.com/watch?v=1yX6gEAwNpo&feature=youtu.be. Participantes do projeto: Hannah Helena, Alexsandre Andrade, Sarah Duarte, Victor da Cruz e Arthur Veríssimo.


Relato das aulas práticas de Microbiologia

I. Introdução

    As práticas desempenhas ao longo do primeiro bimestre de 2017.2 auxiliaram a elucidar de forma sucinta todos os componentes essenciais para a compreensão da teoria ministrada nas aulas de Microbiologia, de forma que possamos aplicar a literatura lida em prática. As aulas desempenhadas no laboratório de microbiologia ao longo do G1 (primeiro bimestre) estavam de acordo com as temáticas abordadas em sala de aula, sendo estas: técnicas de preparo de material para autoclavar, recolhimento de microrganismos na placa de petri contendo meio sólido Ágar, método de coloração de gram (nessa prática, foi desempenhada também a aula para desenhar algo na placa de petri), técnicas para manuseio de material biológico no bico de bunsen e o método de esgotamento.


II. Técnicas de autoclavagem

   A primeira prática realizada no laboratório de Microbiologia teve como principal intuito elucidar de forma sucinta a técnica ideal para a preparação de vidrarias para o processo de autoclavagem. Antecedido o momento de autoclavagem de material, foi necessário preparar todas as vidrarias para esterilização. Placas de Petri, pipetas volumétricas de 5 mL e 1 mL e erlenmeyer de 200 mL foram embrulhados em jornal comum. 

Materiais embalados com papel Kraft.

  • Pipetas volumétricaspara embrulhá-las de forma correta, as vidrarias foram posicionadas tangencialmente à bancada do laboratório, de forma que o jornal posicionado embaixo da pipeta pudesse ser enrolado a fim de deixar pequenas porções do papel nas extremidades do instrumento laboratorial. Além disso, colocou-se um pequeno pedaço de algodão limpo na porção superior da pipeta para que, após o processo de esterilização, estivesse pronta para utilização. No jornal, anatou-se o volume exato na parte externa;
  • Placas de Petri: um conjunto de 5 placas de petri com tampa foram embaladas com jornal semelhante a um embrulho de presente. Contendo em torno de 10 porções cortadas de jornal, os materiais foram colocados um em cima do outro e cobertos pelo jornal comum. Após fechados, amarrou-se uma corda de barbante em volta para vedá-los;
  • Erlenmeyer: nessa vidraria, foi utilizada uma rolha feita de algodão hidrofóbico (que não molha) e gaze. Essa rolha permite que o vapor entre dentro do frasco e esterilize a solução. Caso o recipiente esteja totalmente fechado, não haverá esterilização do material, pois o ar estéril não será capaz de adentrar à vidraria e matar qualquer microrganismo ali presente. A rolha de algodão, então, foi colocada na abertura do recipiente de forma a produzir um som relativamente alto quando retirada rapidamente. 
   Todos os recipientes utilizados foram devidamente identificados com a data da realização do procedimento, a turma que realizou o preparo do material e a identificação da respectiva vidraria. Além disso, foi colocado um adesivo que, ao final do processo de autoclavagem, surgisse uma listra inclinada indicando que aquele recipiente foi esterilizado na autoclave. A esterilização por calor úmido, por sua vez, é mais eficaz para destruir diversos microrganismos. Esse método ocasiona na desnaturação (perda na conformação tridimensional de uma proteína e, consequentemente, da função biológica) e coagulação de enzimas fundamentais para os processos metabólicos das bactérias.


III. Trabalho na zona de segurança


    Na prática de trabalho na zona de segurança, aprendemos a manusear os equipamentos do laboratório e trabalhamos diante da zona de segurança. A zona de segurança consiste  em uma região de aproximadamente 10 cm de raio em torno do bico de bunsen, onde o ar aquecido tende a formar uma corrente de convecção, evitando que microrganismos que estejam em suspensão no ar penetrem e contaminem esta área e, consequentemente, o material a ser utilizado. Resume-se em um método muito utilizado nos laboratórios de Microbiologia e tem o objetivo de manter o meio gasoso próximo dela estéril. É necessário que trabalhemos em meio estéril a fim de obter um melhor resultado em nossos processos, visto que o meio gasoso traz agentes que podem atrapalhar processos, como edificação de meio de cultura, análise de bactérias etc. Além disso, o meio gasoso mantém a esterilidade dos equipamentos já esterilizados, como pipeta, tubos de ensaio, entre outros. Esse é um método rápido, fácil e bem econômico, visto que o único gasto é de gás, proporcionando agilidade e facilidade no trabalho. 
    Embora seja um método de esterilização eficaz para manusear materiais que não podem entrar em contato com o meio externo, manusear próximo ao fogo acarreta em cuidados especiais que devem ser adotados. Deve-se manter os olhos bem atentos para que braço, dedos e mãos não toquem na chama, é necessários também ter cuidado com o cabelo, para que, curtos ou longos, não encostem na chama. Vale notar que esses cuidados e toda a prática devem ser acompanhados e ministrados por um profissional que tenha conhecimento do método e experiência de trabalho. A Microbiologia trabalha com muitos microrganismos e sua percepção a olho nu é quase que impossível, logo para ter-se qualidade no desenvolvimento do trabalho e dos resultados das práticas, o trabalho da zona de segurança vem como método rápido, prático e de muita utilidade para estudantes, pesquisadores e professores da área.

Manuseio dentro da zona de segurança.

Os procedimentos utilizados para manuseio na zona de segurança fora os seguintes:


  • Flambagem da alça bacteriológica: antes de iniciar qualquer ação e após o manuseio em contato com microrganismos, no que diz respeito a seguir o roteiro de prática, colocou-se a alça na chama do bico de bunsen para aquecer ao rubro, isto é, até incandescer o metal do instrumento. Após a retirada da chama, a alça foi colocada na porção da placa de petri onde não há meio sólido, para que possa esfriar;
  • Retirar a tampa do tubo: fez-se a retirada da tampa do tubo contendo microrganismo em meio líquido. Com a tampa posicionada no mindinho da mão direita, introduziu-se a alça até 1/4 do líquido contendo o material biológico. Após esse procedimento, a extremidade aberta do tubo foi flambado para evitar possíveis contaminações;
  • Abrir a tampa da placa de petri: com a finalização do procedimento anterior, utilizando a mão para segurar a base da vidraria, o indicador e o dedão da mão esquerda, abriu-se a tampa da placa para introduzir a alça contendo a porção da bactéria. Passou-se a ponta dela no meio sólido cuidadosamente algumas vezes e fechou-se a tampa da placa de petri. Após isso, flambou-se a alça bacteriológica para matar qualquer resquício da amostra biológica restante no material. 

Manipulação dentro da zona de segurança.

IV. Método de coloração de Gram

     As diversas técnicas de coloração empregadas na Micrologia possuem como principal intuito a observação de estruturas morfológicas para a compreensão sucinta de uma determinada classe de microrganismos, tendo a capacidade de diferenciá-los. A técnica de coloração de Gram resume-se em um método no qual permite identificar grupos bacterianos debruçando-se na ultraestrutura da parede celular desses microrganismos. É uma técnica de coloração diferencial que utiliza mais de dois corantes para o procedimento, fornecendo a possibilidade de distinção de duas bactérias por meio da coloração de suas respectivas parede celular. As bactérias utilizadas para o experimento foram a Bacillus cereus, Staphylococus, Bacillus megaterium (grupo 2) e Hafui alveni.
       

Técnica de coloração simples com apenas 1 corante.

     O princípio básico dessa prática consiste em identificar a classe de alguma dessas bactérias mencionadas através de suas características diferenciais. Tais características referem-se à a estrutura da parede celular e a composição química dela. Os microrganismos que contêm elevados teores de ácido teicóico (peptideoglicano) em sua parede celular coram-se, utilizando a coloração de Gram, em roxo-azulado intenso, isto é, serão classificadas em Gram positivas. Em contrapartida, aqueles que possuem lipopossacarídeos na membrana externa somente se coram com o contra corante, mostrando-se em vermelho intenso, e são denominados Gram negativos.

Reagentes básicos utilizados:


  • Cristal violeta;                
  • Lugol;
  • Álcool;
  • Safranina;
  • Água destilada.
Parede celular de bactérias gram negativas e positivas respectivamente.


      A prática foi realizada da seguinte forma: Transferiu-se as bactérias para a lâmina, secou no ar, fixou na chama do bico de bunsen, cobriu com Cristal violeta por 1 minuto, lavou com água destilada, cobriu-se com lugou por 1 minuto, lavou com água, cobriu com álcool 100% por 20 segundos, lavou com H20 destilada e secou delicadamente. Os resultados ainda não foram vistos no microscópio. 

Etapas da coloração de Gram.

V. Método de esgotamento

     Nessa prática, o objetivo era obter colônias puras de bactérias. Para separar e isolar os microrganismos, utilizou-se a técnica de esgotamento através da separação da placa de petri em quadrantes. Com o auxílio de uma alça bacteriológica, as bactérias foram coletadas do tubo contendo ágar liquido e depositadas em um quadrante da placa contendo meio de cultura. O preenchimento do segundo quadrante foi feito conduzindo as bactérias do primeiro quadrante até essa outra região. De modo semelhante, os microrganismos foram levados ao terceiro quadrante a partir do segundo.
       A fim de evitar contaminações, essas atividades foram realizadas dentro da zona de segurança fornecida pelo bico de bunsen. Além disso, a alça bacteriológica foi flambada antes de cada utilização para possibilitar a redução da concentração de bactérias no material, permitindo maior chance de obter culturas isoladas. Os resultados ainda não foram analisados, mas espera-se obter uma placa contendo colônias isoladas e o meio de cultura intacto.

VI. Bibliografia

http://www.pontociencia.org.br/experimentos/visualizar/como-funciona-uma-autoclave/343 acessado dia 13/10

http://www.uff.br/bacteriologia/aulaspraticas/tecnicasdesemeadura.htm acessado dia 13/10


paginapessoal.utfpr.edu.br/geraldo/microbiologia-pratica/aulaspraticasmicro.../file acessado dia 13/10

Video do G1 Analise da Água de abastecimento e água mineral de Marilia SP

Boa tarde pessoas!

Deixo abaixo o nosso video a respeito do trabalho do G1!

https://www.youtube.com/watch?v=M0Awirq53LM&t=2s


quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Aula pratica

Bom dia, boa tarde e Boa noite aos queridos leitores do melhor blog de microbiologia do Brasil!!

Venho tomar o tempo de vocês hoje para falar sobre a prática de microbiologia em que tivemos que deixar uma placa de Petri aberta atrás de uma chama de um bico de Bunsen.
A ideia por trás deste procedimento é de que a chama produzida pelo bico de Bunsen criaria uma zona de ar quente e como o mesmo é mais leve, subiria e impossibilitaria a entrada de microrganismos na placa de Petri enquanto ela estivesse suficientemente próxima a chama. Observem a placa:



Porém como vocês podem ver houve o aparecimento de microrganismo na placa de Petri, o que pode ser explicado visto que havia um grande número de pessoas no laboratório e as mesmas estavam falando. Sendo assim, algumas gotículas de saliva poderiam contaminar a amostra e também há o fator de o laboratório estar exposto a correntes de ar e que poderiam carregar os microrganismos presentes no ar para a placa de Petri.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Aula Prática-1

Bom Dia. Boa Tarde e Boa noite aos visitantes do blog!!

Venho pegar um pouco de seu tempo para falar sobre a primeira pratica de microbiologia do semestre!!
Um dos afazeres desta pratica foi de abrir uma placa de petri em um local durante 10minutos a fim de captar os microrganismos para na semana posterior podermos observar suas colônias.
Nosso grupo decidiu escolher a biblioteca como local de experimento visto que é um ambiente fechado e que há um constante fluxo de pessoas (sem contar o falatório). Esperávamos obter um bom número de colônias.
Observe agora a imagem de como ficou nossa placa uma semana depois:


 

Percebe-se um número de 4 microrganismos diferentes. Chegamos a este número através da análise de algumas características das colônias como: cor, formato, tamanho e possível textura indicando assim que as colônias surgiram de diferentes microrganismos.
É possível dizer, portanto que embora não possamos ver os microrganismos eles estão ao nosso redor (lembrando que somente uma pequena parte deles causam doenças).

Apresentação grupo1 - caçadores de microrganismos

Bom dia/Tarde/Noite!


Aproveitando o descanso das dinamicas estranhas do nosso querido professor e narrador de RPG favorito Leonardo Costa venho por meio desta postagem apresentar o grupo mais badalado da BM151!!

Estrelando:



Agatha Lucas

Gabriel Cordeiro

Gustavo Dantas

Mario Ramos

Sara Moura

E juntos fazemos parte dos Caçadores de mitos Microrganismos, uma equipe que tem como principal objetivo conhecer mais microrganismos visto que sabemos muito poucos sobre estes diminutos seres vivos (menos que 1%) além de desmitificar qualquer mentira que surja no senso comum a respeito dos seres mais importantes do planeta terra!! Ou seja, um caçador de microrganismos nunca confiara na regra dos 5segundos e muito menos pensará que só existem microrganismos que sejam prejudiciais a nossa existência.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Introdução

O encéfalo e a medula espinhal são revestidos por membranas, as quais recebem o nome de meninges e formadas por tecido conjuntivo. Há três membranas, são essas: dura-máter, aracnoide e pia-máter.
As meninges podem ser inflamadas, o que gera uma doença conhecida como meningite. Existem inúmeros agentes que podem causar essa doença, como bactéria, vírus e mais incomumente por fungos.  Assim, há as chamadas meningites virais e as meningites bacterianas.

O quadro clínico nas meningites virais é considerado mais levem, uma vez que o paciente possui sintomas semelhantes aos de resfriados e gripes. Enquanto, as meningites bacterianas são mais graves.

As bactérias meningococos, pneumococos e hemófilos são os principais agentes causadores da meningite bacterianas. Essas são transmitidas pelas vias respiratórias e a faixa etária em que é mais comum ocorrer é em crianças até cinco anos e em poucos causos ocorre em idosos. Sendo sua ocorrência mais registradas em países em desenvolvimento.

Os meningococos são patogênicos apenas para os seres humanos, quando os mesmos são seu hospedeiro natural. Esses podem permanecer na nasofaringe sem provocar a doença, porém caso alcancem a corrente sanguínea, gerarão uma bacteriemia com febre alta, entre outras complicações.

A bactéria Neisseria meningites, também chamada de meningococo, é a causadora de uma infecção aguda e que tem uma alta taxa de mortalidade. As Neisserias formam um grupo de cocos, que são gram-negativos. Além disso, essas são anaeróbicas estritas e fermentam diversos carboidratos. Normalmente, alguns integrantes desse grupo estão presentes nas vias aéreas humanos, porém outros são patogênicos ao ser humano.  

Caso clínico – Meningite meningocócica por Neisseria Meningidis

Paciente: Homem, 27 anos.

Dados clínicos do paciente:
  •  Dor abdominal forte
  •   Para de eliminação de fezes há três dias e febre de 38,3°C num período de 24h
  •   Passou por laparotomia há 7 anos (por apendicite aguda)
  •   Outros sintomas ou informações relevantes para o caso (viagens, uso de drogas, outras doenças) foram negadas pelo paciente.



Pós-triagem:

O paciente se apresentava confuso, agitado e desidratado com sinais de septicemia. A febre continuava na mesma temperatura. Batimentos cardíacos em 112 bpm. Hipotenso e taquipnéico. Exame visual concluiu: uma cicatriz dolorosa no abdómen, por conta da laparotomia. Nenhum sinal de hepatopatia ou ascite. Sem muco nas fezes ou sangramento anal.

Os exames de laboratório retornaram um quadro de leucocitose. Gasometria retornou um quadro de acidose metabólica, proteína C reativa elevada. A radiografia de abdómen não retornou alterações, assim como exame de urina e eletrólitos, e ressonância magnética do abdómen.

Com as informações acima, o diagnóstico diferencial que foi dado inicialmente foi: Abdomén agudo inflamatório com periotonite difusa e abdómen agudo obstrutivo.

O tratamento dado foi: expansão volêmica adequada, 20 mL/kg e antibiótico com ciprofloxacino 400mg de 12 em 12h e metronidazol 500mg 8h/8h (ambos antibióticos). Além disso, o paciente foi encaminhado para uma laparotomia exploratória.

Na operação, os médicos acharam apenas distensões de alças de delgado com presença de bridas espessas e líquido purulento espesso na cavidade abdominal em pelve. Não foi achada nenhuma outra informação relevante, a origem do pus não foi identificada.

O resultado da cultura retornou Neisseria meningidis do grupo C. Confirmado por reação de cadeia da polimerase (PCR). O antibiograma retornou sensibilidade a ceftriaxona, meropenem e rifampicina.
No 2º dia do pós-operatório o quadro evoluiu para uma piora da confusão mental e sinais meníngeos positivos além de petequias difusas e plaqueotopenia. Foi feita uma análise do LCR, tendo como resultado positivo para Neisseria meningidis do grupo C (diplococos gram-negativos) com 3,3*10^4 células/mm3 sendo em sua maioria, neutrófilos. O paciente foi encaminhado para UTI com diagnóstico de meningite com meningococcemia e iniciou-se o tratamento com Ceftriaxona 1g de 12/12h e evoluiu com melhora do quadro neurológico e abdominal após 3 dias (72h).

Termos de relevante explicação para o entendimento do caso clínico acima descrito:
           

  • Taquipnéia – Aceleração do ritmo respiratório                    
  • Plaquetopenia – também chamado de tambocitopenia, é um nível baixo de plaquetas no sangue
  • Hepatopatia – Doença no fígado
  • Petequias – Pequeno ponto vermelho no corpo (na pele ou em mucosas)
  • Leucocitose – Aumento da taxa de leucócitos no sangue acima do valor de referência limite.
  • Ascite – Acúmulo de líquido seroso no peritônio
  • Abdómen agudo – Dor abdominal aguda.
  • Peritonite difusa – Inflamação do peritônio difundida por toda a cavidade peritoneal.
  • Abdómen agudo obstrutivo – Dor por obstrução do abdómen, seja esta mecânica ou funciona



Diagnóstico

O diagnóstico da doença meningocócica inclui exame físico para a detecção de lesões cutâneas, hemograma e os testes de Kernig e Brudzinki, os quais avaliam a irritação meníngea. Além disso, outra técnica que pode ser usada para o diagnóstico é o PCR (reação em cadeia da polimerase), uma vez que é altamente específica, porém não é um procedimento de rotina.
Com o objetivo de diagnosticar o paciente recomenda-se fazer o isolamento da N. meningitidis do sangue ou líquor. Nas meningococcemias, o leucograma apresenta-se com milhares de leucócitos, havendo predominância de neutrófilos. A hemocultura é positiva e o raspado das lesões de pele pode ser cultivado para identificação do agente.

Características do agente etiológico

A bactéria Neisseria Meningitidis é um diplococo gram negativo, reniforme, medindo de a 1 µm. Anaeróbios facultativos, não esporulados, encapsulados, imóveis e portadoras de um pili os meningococos são antropofílicos. Cultivadas em ágar sangue ou chocolate por 72h à 37° C, em atmosfera úmida contendo de 5 a 10% de. Forma colônias transparentes e não hemolíticas.
 A identificação diagnóstica é realizada a partir da morfologia e dos seguintes testes bioquímicos: oxidase positiva, β-galactosidase negativa e capacidade de oxidação de glicose e maltose, em detrimento de lactose e sacarose.
 São classificadas em sorogrupos de acordo com a gama de epítopos proteicos apresentados, sendo patogênicos os sorogrupos A, B, C, Y e W135.
 Analisando sua virulência pode-se dizer que a cápsula dos meningococos funciona como antifagocitico, enquanto o pili facilita a colonização. Proteases IgA1 e proteínas de ligação a transferrina dificultam o metabolismo e desaceleram a resposta imune e por fim, LPS e endotoxinas agravam os sintomas.

Tratamento

Quando há suspeita clínica, o início do tratamento deve ser imediato e não deve aguardar resultados de exames. O tratamento é feito com antibióticos por via endovenosa e medidas de suporte (como hidratação). Cerca de 5 a 10% dos indivíduos evoluem para óbito apesar do tratamento. Das pessoas que sobrevivem, 9 a 11% ficam com algum tipo de sequela permanente (surdez, paralisias, convulsões, amputação de extremidades). A administração de antibiótico profilático para quem teve contatos próximos com os indivíduos doentes deve ser feita rapidamente, pois reduz significativamente o aparecimento de casos secundários. O antibiótico varia de acordo com a concentração de bactérias de Neisseria Meningitidis no portador. Quando a MIC é menor que 0,1 µg/ml os antibióticos mais recomendados são Penicilina G ou Ampicilina, ou Ceftriaxona, Cefotaxima ou Cloranfenicol. Quando a MIC está entre 0,1-1,0 µg/ml os mais recomendados são Ceftriaxona ou Cefotaxima, ou Meropenem, Cloranfenicol ou Moxifloxacino.

Bibliografia
  •     http://www.cives.ufrj.br/informacao/dm/dm-iv.html, acessado em 04/10/2017 às 08:46h
  •  http://www.anm.org.br/img/Arquivos/Aulas%20Curso%20Capacita%C3%A7%C3%A3o%20em%20Urg%C3%AAncia%20e%20Emerg%C3%AAncias/Ter%C3%A7a/Antibioticoterapia%20das%20meningites%20bacterianas.pdf, acessado em 04/10/2017 às 08:46h.
  •  http://www.infoescola.com/reino-monera/neisseria/, acessado dia 04/10/2017 às 8h46min.
  • http://www.infoescola.com/doencas/meningite/, acessado dia 04/10/2017 às 8h46min.
  • http://www.cives.ufrj.br/informacao/dm/dm-iv.html, acessado dia 04/10/2017 às 8h46min.
  • http://www2.fm.usp.br/pfh/mostrahp2.phporigem=pfh&xcod=Meningite%20meningococcica&dequem=Principal, acessado dia 04/10/2017 às 8h46min.
  • https://drauziovarella.com.br/letras/m/meningite/, acessado dia 04/10/2017 às 8h46min.
  •  http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2015/11/Folheto_Meningite_Fasciculo3_111115.pdf, acessado dia 04/10/2017 às 9h07min.
  •  http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1750/doenca_meningococica_dm.htm, acessado dia 04/10/2017 às 9h07min.
  •  GENTILE, João Kleber de Almeida; FRANCISS, Maurice Youssef; BRASIL, Hamilton Ribeiro. PERITONITE POR NEISSERIA MENINGITIDIS SOROTIPO C: RELATO DE CASO. ABCD, arq. bras. cir. dig.,  São Paulo ,  v. 29, n. 1, p. 67,  Mar.  2016. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-67202016000100067&lng=en&nrm=iso>. access on  04  Oct.  2017.  http://dx.doi.org/10.1590/0102-6720201600010019.
  • ATOBE, Jane Harumi. Amplificação de DNA de Neisseria Meningitidis em amostras de líquido cefalorraquidiano empregando a reação em cadeia da polimerase-multiplex. Dissertação (mestrado). Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas. São Paulo, 1998.

Haemophilus Influenzae B (Hib)

É uma bactéria que atinge principalmente crianças de até 5 anos de idade, infeccionando principalmente nariz e garganta e evoluindo para a pele, ouvidos, pulmões, articulações, membranas que revestem o coração, medula espinhal e cérebro.
Essa bactéria pode evoluir para doenças com casos clínicos mais graves como pneumonia, inflamação na epiglote, dor de ouvido, infecção generalizada na corrente sanguínea, inflamação no pericárdio, inflamação das articulações e sinusite. Sendo a pior de todas as doenças que essa bactéria pode gerar é a meningite, que geralmente tem início com súbito de febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos e rigidez de nuca.
O contagio com a bactéria Haemophilus Influenza B (Hib), causa de sequelas de 3 à 5% das pessoas que sobreviveram ao contagio.
Essa bactéria é transmitida através do contato com pessoas contaminadas, mesmo que estes não apresentem manifestações cínicas. A bactéria passa de pessoa para pessoa através das secreções das mucosas nasais.
O diagnóstico etiológico depende de métodos laboratoriais, como cultura de líquor, testes de aglutinação do látex e contra-imunoeletroforese. O prognóstico depende da precocidade com o qual a identificação da doença e seu agente etiológico é feita, da idade e das condições clínicas do paciente, além do começo imediato do tratamento.

Característica do Agente Etiológico

O agente etiológico é o Haemophilus influenzae sendo do tipo b o mais frequente, podendo ocorrer meningite por outros sorotipos, como a, c, d, e, f. A família de Haemophilus possuem como características ser gram-negativo, imóvel, capsulado (em casos de Meningite, principalmente), pleomórfico, as colônias geralmente possuem aspecto acizentado, cultivam-se em meio rico e com alta quantidade de CO2, são nutricionalmente exigentes e são comensais de mucosas no trato respiratório superior, principalmente nasofaringe. E a espécie Haemophilus influenzae é uma das mais relevantes, presente na flora normal de mucosas, causa infecções invasivas. O H. influenzae sorotipo B (Hib) é o principal agente da meningite bacteriana.
Possui como fatores de virulência:
·         Cápsula polissacarídica: constituída de PRP (poli-ribosil-fosfato).  Há variações na cápsula que possibilitam agrupar o H. influenzae em 6 sorotipos, com diferentes determinantes antigênicos.
·          Endotoxina (LPS).
·         OMPs = proteínas de membrana externa.
·         Fímbrias = interação bactéria-hospedeiro.
·         IgA protease = é liberada pela bactéria e degrada IgA. Constitui, junto com a cápsula, o principal fator de virulência da bactéria → proteção contra fagocitose.
·         Resistência a antibióticos = ampicilina e cloranfenicol. Em geral, observando espécimes clínicas de um indivíduo doente, serão observadas bactérias capsuladas, já que esta estrutura é um dos principais fatores de virulência da bactéria. 
As bactérias capsuladas frequentemente causam meningite, podendo entrar pela mucosa respiratória, provoca bacteremia e se espalhar sistemicamente.  Daí, pode chegar nas meninges, onde se multiplica. Mas também pode ocorrer de uma infecção não-invasiva na mucosa respiratória, a bactéria pode adquirir cápsula e causar uma infecção invasiva.  Na mucosa respiratória, a bactéria se multiplica e libera substâncias que podem prejudicar as células locais.  A seguir, tais bactérias podem invadir os tecidos subjacentes, causando problemas locais (infecção não-invasiva).  Porém, caso a bactéria atinja o sangue e adquira um aspecto de bacteremia, tem-se uma infecção invasiva. Um exemplo é a pneumonia, que inicialmente é localizada.
A determinação da etiologia é essencial para o manuseio clínico dos casos e alteração do prognóstico de uma doença de gravidade considerável.
De acordo com um dos artigos estudados: Haemophilus influenzae tipo b: situação epidemiológica no Estado de Minas Gerais, Brasil, 1993 a 1997, eles pesquisaram que no Estado de Minas Gerais, de 1993 a 1997, foram notificados 11.441 casos de meningites, dos quais 5.649 (49,4%) bacterianas e do total das meningites bacterianas, 62,0% tiveram a etiologia identificada e 38,0% foram classificadas como bacterianas não-especificadas. Dos agentes etiológicos, Haemophilus influenzae foi o segundo mais abundante com 720 casos (12,7%). No estudo desse artigo, a etiologia foi determinada por citoquímica em 44,6% dos casos, bacterioscopia em 11,7%, cultura em 10,8%, aglutinação do látex em 7,9% e contra-imunoeletroforese em 1,8%. Em 23,1% dos casos, a classificação etiológica foi feita por critério clínico-epidemiológico. A meningite bacteriana especificada foi diagnosticada por cultura em 94,2% e aglutinação do látex em 3,8% dos casos. A meningite bacteriana não especificada foi diagnosticada por citoquímica em 64,2%, bacterioscopia em 34,9% e cultura em 0,3% dos casos, porém nas meningites, a punção lombar e o exame do líquor são realizados em grande parte dos casos, cujo não foi usado no trabalho do artigo pela limitação dos recursos do laboratório.

Imagem 2: Distribuição proporcional das meningites bacterianas de maior ocorrência no Estado de Minas Gerais, no período de 1993 a 1997, segundo etiologia e faixa etáriaRetirada do link: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v19n5/17799>.


Diagnóstico da Meningite

Diagnóstico Geral:
     Primeiramente observa-se os sintomas do paciente, que normalmente trata-se de uma criança com idade na faixa de menos de 1 a 5 anos. Esses sintomas que alertam para um possível caso de meningite são: febre, cefaleia (dor de intensidade variável, localizada ou difusa, em qualquer parte da cabeça), vômitos, rigidez de nuca, sonolência, convulsões. Já em pacientes com idade inferior a 1 ano, os sintomas de irritação meníngea normalmente não aparecem, apresentando assim apenas vômito, sonolência, irritabilidade, convulsões e abaulamento de fontanela(uma curva suave para fora (externa) da moleira ou fontanela de um bebé).
Além disso, podem ser feitos dois tipos de testes físicos: o sinal de kerning e o sinal brudzinski. A forma de execução desses testes de diagnóstico é exemplificada na imagem abaixo:
Diagnóstico específico:
    Para descobrir o agente causador da meningite, se faz uso do principal exame laboratorial é o exame do líquor. Esse teste trata-se da análise do Líquido Céfalo Raquidiano, onde esse apresenta-se turvo com cor branca leitosa ou xantocrômica. Os resultados bioquímicos evidenciam, em uma constatação de meningite, glicose e cloretos diminuídos, proteínas elevadas, celularidade muito aumentada devido a presença de neutrófilos polimorfonucleares. O Gram do sedimento do LCR pode evidenciar a presença de bacilo gram negativo pleomórfico. Pleomorfismo se refere a capacidade de variar sua forma de acordo com o período do ciclo de vida/reprodutivo ou das condições ambientais.
É realizada em seguida a cultura do líquor para o diagnóstico explícito do agente causador. As hemoculturas são usadas como complemento do exame do líquor.
A tabela abaixo evidência a diferença dos valores considerados normais para um indivíduo que não apresenta meningite e os valores padrões que configurariam um teste positivo para a doença. Lembrando que existe, além de bactérias, outros agentes causadores de meningite como vírus, por exemplo.


Outros tipos de exames que podem ser feitos:
  • ·         Contra-imuno-eletroforese cruzada (CIE)
  • ·         prova do Látex sensibilizado (anti-Hib)

Ambos acima podem ser realizados após o uso de antibióticos, com pouca interferência nos seus resultados.

Caso Clínico

Caso Clínico II:
   M.J.S., mulher de 52 anos. Deu entrada com quadro de cefaleia holocraniana de forte intensidade, vômitos frequentes e dores na nuca há 8 dias, além de febre de 40°C naquele dia. Exame físico evidenciou rigidez de nuca (sinal de Brudzinski presente). Após coleta do líquido cefalorraquidiano, isolou-se Haemophilus influenzae tipo B em cultura. Paciente evoluiu com rebaixamento do nível de consciência, hipertensão arterial e febre de difícil controle sendo estabilizada e encaminhada à unidade de terapia intensiva, necessitando de ventilação mecânica invasiva e uso de drogas vasoativas. Evoluiu de forma desfavorável durante sua permanência na UTI, com infecção de foco urinário e insuficiência respiratória aguda devido a pneumonia associada à ventilação mecânica por Pseudômonas aeruginosa. Após 46 dias de tratamento com antibióticos específicos e suporte clínico em UTI e 21 dias em enfermaria, recebe alta com quadros clínico e hemodinâmico estáveis, consciente e orientada, recebendo assistência médica, fonoaudiologia e fisioterapêutica em home care.

Caso Clínico II:
   Criança de 27 meses de idade, do sexo masculino, previamente saudável, com programa nacional de vacinações cumprido, incluindo 4 doses de vacina anti-Hib (anti-Haemophilus influenzae tipo b) efetuadas aos 2, 4, 6 e 18 meses, foi internada por quadro de sépsis com meningite. Na história regista-se uma infecção respiratória alta, medicada com um macrólido, havendo agravamento clínico ao 5° dia de tratamento, com febre, cefaleias e prostração. Nas hemoculturas e exame bacteriológico do líquido cefalorraquidiano foi isolado, por reação de aglutinação com anti-soro monovalente, específico para o sorotipo b, o Hib. Efetuou terapêutica com dexametasona (0.6mg/kg/dia) e ceftriaxone (100 mg/kg/dia), 4 e 10 dias, respectivamente. Teve boa evolução clínica. Os contatos fizeram quimioprofilaxia com rifampicina. O doseamento de imunoglobulinas e subclasses de IgG foi normal bem como o estudo do complemento. Foram efetuados estudos funcionais «in vitro», conforme tabela I. A imunofenotipagem dos linfócitos revelou diminuição na percentagem de linfócitos CD 45 RO/CD4 [16% (N: 23 a 34%)No seguimento desta criança, efetuado durante 18 meses pós-infecção, constatamos um desenvolvimento adequado à idade, nomeadamente na aquisição de linguagem. Aos 3 anos de idade, foi reavaliada em termos imunológicos, na sequência de clínica de rinite alérgica. O doseamento de IgC, IgM, IgA e complemento foi normal. A IgE revelou um ligeiro aumento da IgE (53.8 KUUL). O RAST para o Dermatophagoides pteronyssinus foi de 12.7 UK/1 (Classe III). Nos estudos funcionais «in vitro» detectou-se uma resposta imunológica normal para o polissacárido capsular do pneumococo e uma perda da imunidade para o toxóide tetânico. A imunofenotipagem linfocitária foi normal, nomeadamente na percentagem de linfócitos CD 45/RO.


Tratamento

Após o diagnóstico de meningite inicia-se a antibioticoterapia de acordo com a idade do paciente, classificando-o em recém-nascido, de um a três meses, de três meses a cinco anos e maiores de cinco anos. Para recém-nascidos administra-se ampicilina e cefalosporina de 3ª geração, enquanto pacientes de um a três meses recebem somente cefalosporina de 3ª geração. Já para pacientes de três meses a cinco anos, administra-se ampicilina e cloranfenicol, e para pacientes maiores de cinco anos administra-se apenas ampicilina.
            Porém, ao isolar o agente, restringe-se o espectro de antibiótico. No caso do Haemophilus influenzae, mantém-se apenas o cloranfenicol (quando inicialmente associado a ampicilina) ou cefalosporina (se iniciada previamente). O clorafenicol deve ser administrado em doses de 75 a 100 mg/kg/dia, podendo ser associado a doses de EV com 6g/dia (fracionadas em 4 tomadas de 6/6h, 30 min antes das doses de antibióticos). Outra alternativa é o uso de ceftriaxone, na dose de 100mg/kg/dia e EV, até o máximo de 4 g/dia, divididas em duas tomadas (de 12/12h).
Estes tratamentos devem ser feitos no total de sete a dez dias e, posteriormente, realizar-se a punção de controle de antibiótico após sete dias, caso evolua sem intercorrências. Se houver  pleocitose persistente e outras alterações no Líquido Cefálio Raquidiano, assim como na clínica da criança, deve-se manter o uso dos antibióticos e   repuncionar em 72h.  

 

Bibliografia

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  • ·         FARMÁCIA SAÚDE. Abaulamento da fontanela. Disponível em: <http://www.farmaciasaude.pt/site/index.php?option=com_content&view=article&id=339%3aabaulamento-da-fontanela&catid=53%3asintomas&itemid=226>. Acesso em: 04 out. 2017.
  • ·         SIMÕESI, L. L. P. et al. Impacto da vacinação contra o Haemophilus influenzae b na redução de meningites, Goiás. Hospital de Doenças Tropicais, Goiânia, GO, Brasil, v. 38, n. 5, out./out. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-89102004000500008&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 04 out. 2017.




Meningite causada por Streptococcus pneumoniae

IFRJ – Curso: Biotecnologia
Data: 04/10/2017
Professor: Leonardo Emanuel de Oliveira Costa
Alunos: Júlia Pereira, Kevin Crystian, Laryssa Messias e João Miguel

Meningite pneumocócica

  1. Introdução
A meningite é uma doença caracterizada pela inflamação das meninges, membrana que recobre o encéfalo (parte do cérebro). Ela pode ser viral, fúngica ou bacteriana e atinge principalmente crianças entre 0 a 5 anos, as bacterianas e virais são as mais rigorosas e podem causar paralisia. Para cada um dos tipos de meningite há sintomas e tratamento específico, ela é uma doença não contagiosa e tem vacina prevista no calendário de vacinação do SUS (Sistema Único de Saúde).
Ministério Público considera a meningite uma doença endêmica, sendo assim, ao longo do ano o governo está preparado para ocorrências da doença, epidemias em certas regiões e surtos. Uma característica importante a ser pontuada é que no inverno é mais corriqueira a ocorrência da meningite bacteriana e no verão a meningite viral.
Além da meningite viral e bacteriana, há a meningite que pode ser transmitida por fungos, que pode resultar de causas não infecciosas como alergia a alguns tipos de medicamentos, reações químicas e alguns tipos de câncer.
A meningite viral pode ocorrer por meio de variados tipos de vírus, sendo o tipo de meningite mais comum e que apresenta menos perigo para o paciente. Os diferentes tipos de vírus que circulam com mais intensidade no verão podem ser transmitidos por meio da água, alimentos e objetos que estejam contaminados.
A meningite bacteriana exige muito mais cuidado e atenção, pois é o tipo mais perigoso da doença. A meningite bacteriana acontece quando algum tipo de bactéria entra na corrente sanguínea e atinge o cérebro, podendo causar consequências severas. A bactéria também pode ser proveniente de uma infecção no ouvido, fratura ou até cirurgia nos casos mais raros.
A meningite pelo Streptococcus pneumoniae continua sendo grande causa de preocupação para os clínicos pela sua letalidade e morbidade, sendo o agente etiológico mais frequentemente associado com morte e com sequelas graves na infância. A morbidade atinge, em estudos internacionais, 20 a 30%, e a mortalidade, 10% 1,4, 5. Esses dados não se alteraram muito nos últimos 30 anos.

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  1. Agente etiológico
Tem- se como os principais agentes etiológicos das meningites os listados abaixo.
Um desses agentes é o pneumococo, nome comum da espécie Streptococcus pneumoniae, é uma bactéria gram-positiva, capsulada, dispõem-se em pares, chamados de diplococos. Vistos ao microscópio assumem formas redondas, como esferas. Tem 90 sorotipos imunologicamente distintos de importância epidemiológica mundial, pois é agente causador de várias doenças graves que podem conduzir à morte.
O principal fator de virulência destes microrganismos reside na cápsula de polissacarídeos que está presente na sua estrutura celular. Este tipo de cápsulas protege o organismo da fagocitose. Por outro lado, as cápsulas dos pneumococos são antigénicas o que resulta numa atuação de anticorpos específicos que neutralizam os pneumococos, numa segunda linha de atuação do sistema imunitário. O combate a estes microrganismos é bastante difícil e lento.
Resultado de imagem para Streptococcus pneumoniae

  1. Sintomas
  • Febre acima de 38º C;
  • Vômitos e náuseas constantes;
  • Vermelhidão por todo o corpo;
  • Dificuldade para movimentar o pescoço;
  • Hipersensibilidade para a luz;
  • Confusão e delírios;
  • Convulsões.

Além disso, quando este tipo de meningite surge nos bebês também pode provocar outros sinais como moleira funda, recusa para comer, irritabilidade excessiva ou pernas e braços muito rígidos ou completamente moles, como uma boneca de pano.

  1. Modo de Transmissão

Em geral, a transmissão é de pessoa a pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções da nasofaringe. Ao contrário da crença popular, a meningite não é transmitida com tanta facilidade como a gripe, havendo necessidade de contato íntimo. Familiares, colegas de turma, namorados e pessoas que residem no mesmo dormitório são aqueles com maior risco. A meningite é transmitida pela saliva, porém, compartilhar copos e talheres parece não ser um fator de risco grande. É preciso que esse comportamento se repita com frequência para haver um risco elevado. Já a troca de beijos, principalmente se for de língua e prolongados, é uma via perigosa de transmissão.

  1. Diagnóstico
A bactéria apresenta cultura com presença de Alfa Hemólise, Catalase Negativo, Antibiograma com identificação de sensibilidade à Optoquina, Bilesolubilidade Positiva.
O diagnóstico é feito através da punção lombar, onde consegue-se aspirar o liquor para avaliação laboratorial. Através desta avaliação é possível determinar não só a existência de meningite, como também a sua causa.
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bacteriocospia: método de gram

  1. Caso Clínicos
Esses dados foram tirados de um artigo casuístico sobre Streptococcus pneomoniae.
Foi selecionado crianças com meningite bacteriana com cultura positiva para S. pneumoniae, entre 1 mês e 15 anos, sendo 28 crianças do sexo masculino e 25 do sexo feminino, internadas em dois hospitais em São Paulo, e analisamos dados clínicos e microbiológicos.
A identificação do S. pneumoniae foi realizada através do teste de optoquina e solubilidade em bile. Todas as cepas foram testadas com disco de oxacilina 1µg e, nas cepas que apresentaram alo de inibição <20 mm, foi avaliada a concentração inibitória mínima para penicilina, cloranfenicol, eritromicina, ceftriaxona, vancomicina e trimetoprim/sulfametoxazole pelo método do E-teste. As cepas de pneumococo foram sorotipadas através da reação de Quellung.
A evolução clínica dos pacientes foi analisada através de revisão retrospectiva dos prontuários, com uso de um protocolo uniforme de avaliação. Resultados: incluímos 55 pacientes com meningite pneumocó- cica, sendo que 52,5% delas apresentava idade menor de 6 meses. Das cepas isoladas, 36% apresentava infecção por cepa com resistência intermediaria à penicilina (0,1µg/ ml >< CIM < 1,0 µg/ ml). Das cepas com susceptibilidade diminuída à penicilina, 35% era resistente à trimetoprim/sulfametoxazole.
Não houve resistência aos outros antibióticos testados. A letalidade foi de 20%, e houve seqüelas neurológicas em 40% das crianças avaliadas. Em relação à perda auditiva, a mesma ocorreu em 60% das crianças avaliadas. Houve correlação estatisticamente significante entre letalidade e alteração neurológica com idade abaixo de 6 meses. Os sorotipos do pneumococo mais freqüentemente encontrados foram 1, 5, 6B, 14, 19A e 23F, sendo que 70% dos sorotipos encontrados estão presentes na vacina heptavalente, recentemente liberada.

  1. Tratamento
A meningite pneumocócica deve ser tratada o mais rápido possível, para evitar complicações, como perda auditiva ou paralisia cerebral, por exemplo, e aumentar as chances de cura.
Geralmente, o tratamento dura cerca de 2 semanas e é feito no hospital com a injeção de antibióticos diretamente na veia para ajudar a combater as bactérias que estão no organismo provocando a meningite. Além disso, também pode ser necessário tomar corticoides para reduzir a inflamação nas membranas do cérebro e aliviar as dores.
A escolha da droga para o tratamento de infecções por Streptococcus pneumoniae está baseada em fatores como: local da infecção, resistência a penicilina e a outros agentes testados, grau de gravidade da doença e a idade do paciente e outros fatores intrínsecos. Porém, a droga de primeira escolha costuma ser penicilina G e amoxilina. A resistência à penicilina resulta de alterações das PBPs, responsáveis pelo alongamento dos fragmentos de peptideoglicano, que estruturam a parede celular.
Existem dois grupos dos estreptococos resistentes às drogas; PRSP (Penicilin resistant Estreptococos pneumoniae) resistente à penicilina e DRSP (Drug resistant Streptococcus pneumoniae) que é resistente a várias classes, com resistência total ou intermediária à penicilina associada à pelo menos um agente antimicrobiano de outra classe. As drogas pelo qual a bactéria desenvolve incluem: Penicilina, Macrolídeos, Tetraciclina, Sulfa, Fluoroquinolonas, Vancomicina, Cloranfenico


  1. Prevenção
A forma mais efetiva de evitar a doença é prevenção através da vacinação. Essa é preparada a partir de polissacarídeos purificados apresenta a vantagem de possuir na sua formulação 23 sorotipos diferentes. Essa vacina é recomendada para crianças maiores de 2 anos, com predisposição a doenças invasivas por pneumococo, e para pessoas com mais de 65 anos de idade. No entanto, quando os antígenos polissacarídicos são individualmente conjugados a um carreador protéico, como na vacina 7-valente, a imunogenicidade é aumentada, sendo indicada para crianças abaixo de 2 anos, assim como para pacientes imunocomprometidos e idosos.

  1. Referências Bibliográficas