quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Meningite causada por Streptococcus pneumoniae

IFRJ – Curso: Biotecnologia
Data: 04/10/2017
Professor: Leonardo Emanuel de Oliveira Costa
Alunos: Júlia Pereira, Kevin Crystian, Laryssa Messias e João Miguel

Meningite pneumocócica

  1. Introdução
A meningite é uma doença caracterizada pela inflamação das meninges, membrana que recobre o encéfalo (parte do cérebro). Ela pode ser viral, fúngica ou bacteriana e atinge principalmente crianças entre 0 a 5 anos, as bacterianas e virais são as mais rigorosas e podem causar paralisia. Para cada um dos tipos de meningite há sintomas e tratamento específico, ela é uma doença não contagiosa e tem vacina prevista no calendário de vacinação do SUS (Sistema Único de Saúde).
Ministério Público considera a meningite uma doença endêmica, sendo assim, ao longo do ano o governo está preparado para ocorrências da doença, epidemias em certas regiões e surtos. Uma característica importante a ser pontuada é que no inverno é mais corriqueira a ocorrência da meningite bacteriana e no verão a meningite viral.
Além da meningite viral e bacteriana, há a meningite que pode ser transmitida por fungos, que pode resultar de causas não infecciosas como alergia a alguns tipos de medicamentos, reações químicas e alguns tipos de câncer.
A meningite viral pode ocorrer por meio de variados tipos de vírus, sendo o tipo de meningite mais comum e que apresenta menos perigo para o paciente. Os diferentes tipos de vírus que circulam com mais intensidade no verão podem ser transmitidos por meio da água, alimentos e objetos que estejam contaminados.
A meningite bacteriana exige muito mais cuidado e atenção, pois é o tipo mais perigoso da doença. A meningite bacteriana acontece quando algum tipo de bactéria entra na corrente sanguínea e atinge o cérebro, podendo causar consequências severas. A bactéria também pode ser proveniente de uma infecção no ouvido, fratura ou até cirurgia nos casos mais raros.
A meningite pelo Streptococcus pneumoniae continua sendo grande causa de preocupação para os clínicos pela sua letalidade e morbidade, sendo o agente etiológico mais frequentemente associado com morte e com sequelas graves na infância. A morbidade atinge, em estudos internacionais, 20 a 30%, e a mortalidade, 10% 1,4, 5. Esses dados não se alteraram muito nos últimos 30 anos.

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  1. Agente etiológico
Tem- se como os principais agentes etiológicos das meningites os listados abaixo.
Um desses agentes é o pneumococo, nome comum da espécie Streptococcus pneumoniae, é uma bactéria gram-positiva, capsulada, dispõem-se em pares, chamados de diplococos. Vistos ao microscópio assumem formas redondas, como esferas. Tem 90 sorotipos imunologicamente distintos de importância epidemiológica mundial, pois é agente causador de várias doenças graves que podem conduzir à morte.
O principal fator de virulência destes microrganismos reside na cápsula de polissacarídeos que está presente na sua estrutura celular. Este tipo de cápsulas protege o organismo da fagocitose. Por outro lado, as cápsulas dos pneumococos são antigénicas o que resulta numa atuação de anticorpos específicos que neutralizam os pneumococos, numa segunda linha de atuação do sistema imunitário. O combate a estes microrganismos é bastante difícil e lento.
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  1. Sintomas
  • Febre acima de 38º C;
  • Vômitos e náuseas constantes;
  • Vermelhidão por todo o corpo;
  • Dificuldade para movimentar o pescoço;
  • Hipersensibilidade para a luz;
  • Confusão e delírios;
  • Convulsões.

Além disso, quando este tipo de meningite surge nos bebês também pode provocar outros sinais como moleira funda, recusa para comer, irritabilidade excessiva ou pernas e braços muito rígidos ou completamente moles, como uma boneca de pano.

  1. Modo de Transmissão

Em geral, a transmissão é de pessoa a pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções da nasofaringe. Ao contrário da crença popular, a meningite não é transmitida com tanta facilidade como a gripe, havendo necessidade de contato íntimo. Familiares, colegas de turma, namorados e pessoas que residem no mesmo dormitório são aqueles com maior risco. A meningite é transmitida pela saliva, porém, compartilhar copos e talheres parece não ser um fator de risco grande. É preciso que esse comportamento se repita com frequência para haver um risco elevado. Já a troca de beijos, principalmente se for de língua e prolongados, é uma via perigosa de transmissão.

  1. Diagnóstico
A bactéria apresenta cultura com presença de Alfa Hemólise, Catalase Negativo, Antibiograma com identificação de sensibilidade à Optoquina, Bilesolubilidade Positiva.
O diagnóstico é feito através da punção lombar, onde consegue-se aspirar o liquor para avaliação laboratorial. Através desta avaliação é possível determinar não só a existência de meningite, como também a sua causa.
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bacteriocospia: método de gram

  1. Caso Clínicos
Esses dados foram tirados de um artigo casuístico sobre Streptococcus pneomoniae.
Foi selecionado crianças com meningite bacteriana com cultura positiva para S. pneumoniae, entre 1 mês e 15 anos, sendo 28 crianças do sexo masculino e 25 do sexo feminino, internadas em dois hospitais em São Paulo, e analisamos dados clínicos e microbiológicos.
A identificação do S. pneumoniae foi realizada através do teste de optoquina e solubilidade em bile. Todas as cepas foram testadas com disco de oxacilina 1µg e, nas cepas que apresentaram alo de inibição <20 mm, foi avaliada a concentração inibitória mínima para penicilina, cloranfenicol, eritromicina, ceftriaxona, vancomicina e trimetoprim/sulfametoxazole pelo método do E-teste. As cepas de pneumococo foram sorotipadas através da reação de Quellung.
A evolução clínica dos pacientes foi analisada através de revisão retrospectiva dos prontuários, com uso de um protocolo uniforme de avaliação. Resultados: incluímos 55 pacientes com meningite pneumocó- cica, sendo que 52,5% delas apresentava idade menor de 6 meses. Das cepas isoladas, 36% apresentava infecção por cepa com resistência intermediaria à penicilina (0,1µg/ ml >< CIM < 1,0 µg/ ml). Das cepas com susceptibilidade diminuída à penicilina, 35% era resistente à trimetoprim/sulfametoxazole.
Não houve resistência aos outros antibióticos testados. A letalidade foi de 20%, e houve seqüelas neurológicas em 40% das crianças avaliadas. Em relação à perda auditiva, a mesma ocorreu em 60% das crianças avaliadas. Houve correlação estatisticamente significante entre letalidade e alteração neurológica com idade abaixo de 6 meses. Os sorotipos do pneumococo mais freqüentemente encontrados foram 1, 5, 6B, 14, 19A e 23F, sendo que 70% dos sorotipos encontrados estão presentes na vacina heptavalente, recentemente liberada.

  1. Tratamento
A meningite pneumocócica deve ser tratada o mais rápido possível, para evitar complicações, como perda auditiva ou paralisia cerebral, por exemplo, e aumentar as chances de cura.
Geralmente, o tratamento dura cerca de 2 semanas e é feito no hospital com a injeção de antibióticos diretamente na veia para ajudar a combater as bactérias que estão no organismo provocando a meningite. Além disso, também pode ser necessário tomar corticoides para reduzir a inflamação nas membranas do cérebro e aliviar as dores.
A escolha da droga para o tratamento de infecções por Streptococcus pneumoniae está baseada em fatores como: local da infecção, resistência a penicilina e a outros agentes testados, grau de gravidade da doença e a idade do paciente e outros fatores intrínsecos. Porém, a droga de primeira escolha costuma ser penicilina G e amoxilina. A resistência à penicilina resulta de alterações das PBPs, responsáveis pelo alongamento dos fragmentos de peptideoglicano, que estruturam a parede celular.
Existem dois grupos dos estreptococos resistentes às drogas; PRSP (Penicilin resistant Estreptococos pneumoniae) resistente à penicilina e DRSP (Drug resistant Streptococcus pneumoniae) que é resistente a várias classes, com resistência total ou intermediária à penicilina associada à pelo menos um agente antimicrobiano de outra classe. As drogas pelo qual a bactéria desenvolve incluem: Penicilina, Macrolídeos, Tetraciclina, Sulfa, Fluoroquinolonas, Vancomicina, Cloranfenico


  1. Prevenção
A forma mais efetiva de evitar a doença é prevenção através da vacinação. Essa é preparada a partir de polissacarídeos purificados apresenta a vantagem de possuir na sua formulação 23 sorotipos diferentes. Essa vacina é recomendada para crianças maiores de 2 anos, com predisposição a doenças invasivas por pneumococo, e para pessoas com mais de 65 anos de idade. No entanto, quando os antígenos polissacarídicos são individualmente conjugados a um carreador protéico, como na vacina 7-valente, a imunogenicidade é aumentada, sendo indicada para crianças abaixo de 2 anos, assim como para pacientes imunocomprometidos e idosos.

  1. Referências Bibliográficas

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