terça-feira, 25 de julho de 2017

Doença Bacteriana: Difteria

por Jéssica Fernandes Pires

  A difteria, é uma doença infecciosa aguda, contagiosa, que atinge de preferência as crianças até 10 anos de idade, se constitui  ainda, em nosso meio, sendo  sério problema de saúde pública. Embora em outros países sua frequência tenha diminuído muito, graças ao emprego sistemático da vacinação antidiftérica, no Brasil sua presença, é ainda considerável.
- Etiologia
 As formas clássicas da difteria são causadas principalmente pelo Corynebacterium diphtheriae, produtor de toxina diftérica (TD), e são caracterizadas pela presença de pseudomembrana acinzentada no sítio de infecção devido aos efeitos da multiplicação desse bacilo e da resposta imune do hospedeiro.4,5,6
 O agente etiológico da difteria é o Corynebacterium diphteriae. As suas cepas toxigênicas causa a doença. Esse agente apresenta-se na forma de bastonetes imóveis, não possuindo cápsula ou esporo e ele é gram-positivo.1
  O seu corpo bacteriano é reto ou ligeiramente encurvado, de extremidades arredondadas ou intumescidas, com acentuada tendência ao pleomorfismo, possuindo formas em clava, em pêra, em fuso ou em haltere.1 Em geral os bacilos diftéricos se agrupam de maneira especial, seja paralelamente( em paliçada), seja formando ângulo ( formas em V, em H, em Y, etc). 1
•História da difteria
  A doença foi nomeada em 1826 pelo patologista francês Peirre Bretonneau, que usou a raiz grega para "pele" ou "esconder" , devido a membrana faríngea que a doença provoca se assemelhar a couro. 1
  Em 1883, Klebs descobriu o organismo responsável pela difteria, que foi isolado em pura cultura em meio Loffle. Nesse meio as colônias já começam a surgir 8 a 10 horas após a semeadura, ao passo que outras bactérias não vegetam com igual rapidez .E nele, a 37°C, pode-se evidenciar granulações no corpo bacilar, de preferência polares, denomidas granulações metacromáticas, ou corpúsculos de Babes-Ernst.
Em 1888, demonstraram pela primeira vez a existência de uma exotoxina produzida pelo bacilo diftérico. A produção da toxina diftérica está intimamente relacionado com a presença de um bacteriófago temperado específico, conhecido como Beta.
  Todas as cepas toxigênicas do C. diphtheriae são lisogênicas, isto é, estão infectadas com o prófago beta. Se, eventualmente, há perda do fago específico cessa a produção de toxina e a respectiva cepa torna-se relativamente avirulenta. Ao readquirir o prófago beta, ou fagos estreitamente relacionado portando o gene tox, torna-se novamente toxigênica.2
- Epidemiologia
  A difteria é transmitida por contágio, na maioria dos casos através das secreções oronasais,  quer de modo direto imediato, por contato físico, quer de modo direto mediato, pela projeção de Flugge nos circunstantes, isto é, nos comunicantes. A maneira como as crianças brincam, principalmente as pré-escolares, esfregando-se e agarrando-se constantemente, é um fator fundamental da transmissão por contágio
   Já a transmissão indireta, se da através de fômites recém- contaminados, como lenços, toalhas, roupas, utensílios, por poeiras infectantes, ou pelos alimentos, como o leite, que pode ser contaminado na ordenha, é menos comum e depende mais da circunstâncias
  A difteria pode acometer indivíduos parcialmente imunizados, independentemente da idade, raça ou sexo. Um declínio parcial na imunidade, aliado à falta de reforços vacinais e a menor exposição ao bacilo, contribuem para a ocorrência esporádica de epidemias. 7,8,9,10 .Um outro fator para a ocorrência da difteria é o fator sócio- econômico, países oriundo da pobreza, tem um índice maior de casos de difteria .
 Um exemplo disso é o do surto de difteria que ocorreu em 2011 na aldeia nigeriana de Kimba. Naquele ano, foram notificados um total de 4880 casos de difteria no mundo, mais de 70% deles na Índia. A Falta de pessoal e estabelecimentos na região de Kimba, juntamente com a cobertura de vacinação contra difteria nulo, facilitou este surto infeliz de altamente letal.3
-Patologia
  A difteria, ao contrário de outras doenças infecciosas agudas, é tipicamente toxêmica, com produção de lesões na porta de entrada e invasão do organismo exclusivamente pela toxina. Esta, produzida continuamente no foco da infecção, através da corrente linfática e sanguínea, atinge órgãos e sistemas a distâncias, principalmente o miocárdio, sistema nervoso, suprarrenais fígado e rins.
  As implantações mais frequentes da difteria ocorrem na faringe,, no nariz e laringe,  raramente pode localizar-se na traqueia, ouvido, conjuntivo, pele e vulva. Segunda a extensão das lesões e suas localizações. Tem-se também a importância na patogenia da doença a virulência do bacilo diftérico, que se define por seu poder invasor e por seu poder toxígeno.

- Sintomas da difteria
  Após um período de incubação de 2 a 7 dias, a primeira manifestação clínica da difteria geralmente é sintomas de febre, dor de garganta e sintomas de infecção do trato respiratório superior. A infecção também pode envolver tecidos cutâneos, vaginais, conjuntivais ou ósseos e apresentar sintomas correspondentes.
  A maior parte do dano causado pela difteria bacilos é mediada por uma exotoxina que secreta. Localmente, a toxina causa necrose tecidual e uma resposta inflamatória e exsudativa grave. 11,12
   Os detritos envolvidos se congelam para formar uma estrutura semelhante a uma membrana que pode diminuir e causar obstrução das vias aéreas. A toxina da difteria também é absorvida, especialmente da faringe e das amígdalas, distribuídas hematogênicamente. A toxina diftérica é conhecida por danificar praticamente todos os tipos de tecidos do corpo, mas na maioria das vezes atinge o coração e o sistema nervoso. 11,12
  A miocardite geralmente ocorre 10 a 14 semanas após o início da doença da difteria, mas pode ocorrer até 6 semanas após a infecção. As complicações neurológicas da difteria geralmente atingem 3 a 7 semanas após o início da doença. Os pacientes com difteria geralmente estão doentes por várias semanas e podem se deteriorar de repente e morrer a qualquer momento.11,12
     Angina diftérica: é a forma mais frequente. Após um período de incubação que dura 3 a 6 dias, a doença se manisfeta por abatimento, palidez, anorexia, febre( em geral pouca intensa, 37,5-38°) e dor de garganta, também pouco acentuada, prostração, adinamia, e taquicardia.No início nota-se apenas tumefação das amígdalas e hiperemia de toda a faringe.
  Após algumas horas surgem pontos brancos-amarelados nas amígdalas, seguido de um exsudato esbranquiçado que, como um véu envolve parte de uma ou ambas as amígdalas.Em seguida, o exsudato torna-se mais espesso, pseudomembranoso, branco-amarelado ou branco acizentado, e se estende pelas amígdalas, recobrindo-as, invadindo os pilares anteriores, a uvúla, o palato male e a retrofaringe.O estado geral, comprometido desde o início, agrava-se com evoluir da doença, em virtude da progressão das pseudomembranas e consequente absorção cada vez maior de toxinas.
   Difteria maligna: é a angina difterica grave, intensamente tóxica.Clinicamente, caracteriza-se por sintomas bem peculiares; desde o início o doente apresenta um estado geral grave, com palidez e prostração, dor de garganta e febre, de rehra pouca intensa.Ainaso exame clínico constata-se un exsudato pseudomembranoso espesso, aderente, amarelo-cinzento, às vezes de aspecto neurótico, com caráter invasivo, atingindo amígdalas, uvúla, palato mole, pilares e retrofaringe.
  O hálito tem um odor fedido característicosl. Os gânglios do pescoço encontram-se enfartados, com edema periganglionar ; há taquicardia intensa, com pulso, mole e fino; encontrarmos igualmente hipotensão arterial e abafamento das bulhas cardíaca. As vezes surgem hemorragias das mucosas,petéquias mais ou mrnos generalizadas e equimoses nos locais de injeções intramuscular, traduzindo alterações capilares e da crase sanguínea, de origem tóxico.
    Rinite diftérica: esta localização também é bem frequente, sobretudo nas lactentes: é muito rara a forma primitiva, sendo na maioria das vezes secundárias à angina diftérica. A respiração nasal torna-se dicultosa, dada a inflamação das mucosas do nariz. Logo no início flui das narinas uma secreção serossanguinolenta que provoca erosões nas bordas do nariz e do lábio superior, formando crostas branca-amareladas. A rinite diftérica, quase sempre secundária à angina diftérica, contribui para maior gravidade da doença, já que nesses casos há maior absorção de toxinas, também pela mucosa do nariz.
   Laringite diftérica: é sempre secundária a à angina diftérica, na maioria dos casos é possível evidenciar a difteia faríngea primitiva; nas raras vezes em que tal eventualidade não se constata, deve-se supor que a difteria primitiva se desenvolveu em forma de frusta seja faringea ou nasal. Em nosso meio, a laringe diftérica é muito comum, atingindo, inclusive, crianças menores de 1 anos de idade ; é no entando, mais frequente entre 2 e 5 anos.

  Inicialmente surge tosse seca e rouca, e voz velada, hipofônica, que se vai intensificando gradualmente no curso de 1 a 3 dias. Em seguida nota-se uma dispenéia inspiratória, acompanhada de triagem( depressão das partes moles do tórax, espaços intercostais, epigástrio, fossas supra-esternal e supraclaviculares, bordas das narinas).
   Difteria ocular: apresenta-se sob a forma de conjuntivite aguda, bastante intensa, com acentuadoa sintomas de dor,ador e fotofobia. Sempre se acompanha de exsudato fibrinopurulento, com aspecto de pseudomembranas, junto com edema palpebral que, às vezes, impede a abertura do olho. Não raro, o processo pode propagar-se à córnea, ulcerando-a e provocando leucomas.
    Otite diftérica: é uma forma rara, pode surgir por propagação da angina ou da rinite diftérica. Apresenta-se como otite média aguda, com dor intensa e exsudato pseudomembranoso.
  Vulvovagibite diftérica: é sempre associada à angina diftérica, aparece como inflamação aguda vulvovaginal, com exsudato fibrinopurulento, formando pseudomembranas muito características.
   Difteria cutânea: em geral, é secundária à angina ou à rinite diftérica, pode surgir por contaminação de ferimentos cutâneos ou de várias dermatites. Tem também o aspecto de um exsudato fibrinopurulento, com formação de pseudomembranas.

 - Diagnósticos:
• Diagnóstico Clínico
  Considera-se o início do estágio de difteria, de certa forma insidiosa, o indivíduo com febre, e dor de garganta não muito intensa, abatimento, prostração, palidez, anorexia,adinamia e taquicardia. Diante desses fatos, compete ao médico proceder a acurado exame da criança, em especial da sua garganta, afim de surpreender o sinal característico da difteria, que é a presença de um exsudato pseudomembranoso, branco-amarelado,aderente,uniforme, que se localiza de preferência sobre as amígdalas, pilares anteriores, úvulas, ou retrofaringe.






 •Diagnóstico de Laboratório
Há três exames para o diagnóstico, são respectivamente os exames: bacterioscópico direto, o cultura em meios adequados e o isolamento do germe e determinação da sua virulência.
- Tratamento para a difteria
  Os antibióticos, geralmente eritromicina ou penicilina G, são usados ​​para tratar a difteria, mas não têm efeito sobre as toxinas já em ação. Eles são usados ​​para diminuir a infecciosidade e parar a produção de novas toxinas. A terapia de primeira linha para a difteria é a antitoxina equina intravenosa, que deve ser administrada somente após a realização de testes de sensibilidade ao soro de cavalo. 12
- Profilaxia
  É a única medida que, tomada isoladamente, pode influenciar a incidência da difteria, é a vacinação em massa. Ela é efetuada por meio da inoculação intramuscular ou subcutânea fo toxóide diftérico. A anatoxina simples ou fluida é administrada em três doses de 0,5 a 1,0mL, intervaladas de 1 mês; o toxóide precipitado pelo alume é usado também em três doses de 0,5 mL, com intervalos de 1 mês. A primeira dose pode ser dada no segundo ou terceiro mês. Este esquema tem a vantagem de imunizar precocemente as crianças que não possuem imunidade transplacentária, por serem suas mães suscetíveis.
  A imunização inicial será seguida de doses de reforço de 0,5 a 1,0 mL aos 12 ou 18 meses, aos 3 anos, e na entrada para o curso primário. É preciso notar que, com a imunização em masse e doses de reforços até a idade escolar, os adultos vão progressivamente perdendo a imunidade por falta fo estímulo das infeções subclínicas, visto não haver fontes de infecção numerosas. Isso introduz o problema dos casos em adultos, sempre grave, e o das mães suscetíveis, dando a luz a crianças também suscetíveis que devem ser submetida a vacinação precoce.
-Bibliografia
[1]- P.C. EnglishDiphtheria and the theories of infectious disease: centennial appreciation of the critical role of diphtheria in the history of medicine Pediatrics, 76 (1) (1985), pp. 1-9
[2]-Funke G, von Graevenitz A, Clarridge JE 3rd, Bernard KA. Clinical microbiology of coryneform bacteria. Clin Microbiol Rev. 1997;10(1):125-59.   
[3]- Besa NC, Coldiron ME, Bakri A, Raji A, Nsuami MJ, Rousseau C, et al. Diphtheria outbreak with high mortality in northeastern Nigeria. Epidemiol Infect. 2014;142:797-802.
[4]- Gubler JG, Wüst J, Krech T, Hany A. [Classical pseudomembranous diphtheria caused by Corynebacterium ulcerans]. Schweiz Med Wochenschr. 1990;120(48):1812-6.  
[5]- Leggett BA, De Zoyza A, Abbott YE, Leonard N, Markey B, Efstratiou A. Toxigenic Corynebacterium diphtheriae isolated from a wound in a horse. Vet Rec. 2010;166(21):656-7. DOI:10.1136/vr.b4846
[6]- Wagner KS, White JM, Neal S, Crowcroft NS, Kupreviciene N, Paberza R, et al. Screening for Corynebacterium diphtheriae and Corynebacterium ulcerans in patients with upper respiratory tract infections 2007-2008: a multicentre European study. Clin Microbiol Infect Dis, 2011;17(4):519-25. DOI:10.1111/j.1469-0691.2010.03269.x
[7]- DurbacĂ S. Antitetanus and antidiphtheria immunity in newborns. Roum Arch Microbiol Immunol. 1999;58(3-4):267-72.
[8]- . Funke G, Bernard KA. Coryneform gram-positive rods. In: Murray PR, Baron EJ, Jorgensen JH, Landry MA, Pfaller MA, editors. Manual of clinical microbiology. Washington (DC): American Society for Microbiology Press; 2007. p.485-514.
[9]- Mattos-Guaraldi AL, Formiga LCD, Marques EA, Pereira GA, Moreira LO, Pimenta FP, et al. Diphtheria in a vaccinated adult in Rio de Janeiro, Brazil. Braz J Microbiol. 2001;32(3):236-9. DOI:10.1590/S1517-83822001000300015   
[10]- Nureki S, Miyazaki E, Matsuno O, Takenaka R, Ando M, Kumamoto T, et al. Corynebacterium ulcerans infection of the lung mimicking the histology of Churg-Strauss syndrome. Chest. 2007;131(4):1237-9. DOI:10.1378/chest.06-2346   
[11]-S. Krugman, S.L. Katz, A.A. Gershon, et al.Infectious Diseases of Children((9th ed)), Mosby Year Book, St. Louis, MO (1992)
[12]- American Academy of Pediatrics
L.K. Pickering, C.J. Baker, S.S. Long, et al. (Eds.), Red Book: 2006 Report of the Committee on Infectious Diseases ((27th ed)), American Academy of Pediatrics, Elk Grove Village, IL (2006)
[13]- Veronesi, R. - Doenças infecciosas e parasitárias. 8 ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1991. 1082 p .

 Trabalho recebido por e-mail e postado por mim pois a Aluna teve dificuldades técnicas para realizar a postagem!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário