Com cerca de 70 mil novos casos de tuberculose no Brasil por
ano (média), sendo desses 4,5 mil correspondem a óbitos em decorrência da
doença, a tuberculose configura uma doença endêmica e um sério problema de saúde
pública no Brasil. Causada pela bactéria Mycobacterium
tuberculosis, a tuberculose é uma
infecção bacteriana grave que é transmitida pelo ar. Nos últimos anos, uma
série de aparecimento de cepas multirresistentes alertou, novamente, a
comunidade médica e entendermos a história bem como a epidemiologia da mesma se
torna de suma importância neste momento de preocupação.
HISTÓRICO
Com relatos descritos de médicos da Grécia e Roma antiga, a
tuberculose é dita um doença milenar. Não obstante, apenas centenas de anos
após, mais precisamente em 1882, um pesquisador alemão Robert Koch foi capaz de
isolar a bactéria. Isto foi de suma importância já que, a medicina à época
enfrentava um grande desafio que era o diagnóstico tardio: Apenas após afetar
de forma totalitária pulmões e ossos que a doença conseguiria ser detectada. No
decorrer dos séculos XIX até XX, a tuberculose existia como uma doença característica
do estilo de vida boêmio e teria sua atuação romantizada, já que era um
patógeno comum entre os artistas e intelectuais da época.
Porém, foi apenas em 1908 que a primeira vacina contra tuberculose
foi produzida a partir de culturas vivas atenuadas de uma cepa isolada do
bacilo da tuberculose, o Mycobacterium
bovis. Porém, em 1921 que foi, de fato, feita a primeira aplicação em
pacientes, mais especificamente em crianças. Desta forma, em 1940 descobre-se
quimioterápicos contra a doença, alterando um perfil epidemiológico mundial que
permanecia assustador até então, com suas altas taxas de mortalidade.
Através do SINAN, um sistema de informação de agravos de
notificação, o ministério da saúde consegue coletar, transmitir e disseminar os
dados gerados pelo sistema de vigilância epidemiológica. Todos os casos de
tuberculose são imediatamente notificados a esse sistema. Desta forma,
periodicamente, o ministério da saúde divulga gráficos com informações sobre o
número de casos dentro de um período pré-determinado, como este, abaixo, que
nos informa sobre a taxa de novos casos de tuberculose entre 2009 e 2013
AGENTE ETIOLÓGICO
O bacilo de tuberculose é uma micobactéria pertencente ao
gênero Mycobacterium, família Mycobacteriaceae. O gênero Mycobacterium compreende cerca de 60
espécies, porém o M. tuberculosis tem
se mostrado como uma das espécies mais patogênicas, de acordo com artigos
publicados.
Morfologicamente, o micro-organismo se caracteriza por ser
um bacilo reto ou ligeiramente curvo, cuja dimensão irá variar de 0,2 a 0,6
micrômetros por 1 a 10 micrômetros, imóvel, não esporulado, não encapsulado,
não produz toxinas e é capaz de sobreviver no interior de células fagocitárias,
caracterizando-o como um patógeno intracelular aeróbio estrito. Sua parede é
constituída principalmente por ácidos micólicos, formando um barreira
hidrofóbica que confere resistência à dessecação e à descoloração por álcool e
ácido, sendo esta propriedade morfotintorial a mais importante característica
diagnóstica do bacilo.
Determinadas cepas deste micro-organismo apresentam
resistência a agentes químicas, dentre eles, soluções de hidróxido de sódio e
bifenol, por exemplo. Ao ser cultivado, o micro-organismo cresce lentamente
devido a um fato do seu metabolismo estar voltado principalmente a formação da
parede celular que o protege que, no entanto, é facilmente destruído por agentes
físicos como radiações não-ionizantes, raios ultravioletas e calor. É
dependente do parasitismo para sua sobrevivência, não sendo encontrado de forma
livre na natureza
MANIFESTAÇÃO CLÍNICA
A tuberculose pode se manifestar de acordo com o órgão que
está acometido. Frequentemente, a forma pulmonar é que dá os sinais e também é
a mais relevante pra saúde pública pelo seu alto grau de manutenção da cadeia
de transmissão da infecção. Desta forma, vale destacar duas manifestações
clínicas principais:
- TB pulmonar
Ligadas à resposta do hospedeiro ao micro-organismo, o dano
é causado pela presença dos bacilos nos macrófagos desencadeando um tipo de
inflamação crônica que é descontrolada e progressiva. A tosse seca ou produtiva
com expectoração mucoide ou purulenta, com presença ou não de hemoptise
(expectoração de sangue) são as principais manifestações clínicas.
Irritabilidade, sudorese noturna, emagrecimento e febre vespertina são, também,
alguns dos fatores clínicos que podem acometer o paciente.
- TB extrapulmonar
As formas extrapulmonares tem seus sinais característicos e
específicos dos órgãos acometidos, sendo classificadas dada sua localização:
Laríngea, ganglionar periférica, meningoencefálica, óssea, geniturinária,
miliar ou cutânea e ocular. Poucos são os sinais até progressão da doença, onde
o paciente apresentará picos de febre de até 41 graus, além da sudorese e
tosse. Mal-estar, fadiga, emagrecimento são também alguns dos sintomas que
chegam junto a progressão da doença
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico se dará através de uma análise das
manifestações clínicas características da doença, tais como tosse prolongada
por mais de 3 semanas, dor no peito, hemoptise, febre e fadiga, por exemplo. O
diagnóstico laboratorial se dá através de exames bacteriológicos, achados
radiológicos, histopatológicos e imunológicos, dentre outros. Dentre os exames
que compreendem os bacteriológicos, fazem parte a cultura para micobactérias e
a baciloscopia, sendo este último o que é utilizado como rotina nos
laboratórios pela sua rápida eficácia e baixo custo.
TRATAMENTO
O tratamento químico (quimioterapia) contra a TB enfrenta
alguns obstáculos: Longa duração do tratamento, a falta de informação e
acompanhamento e efeitos colaterais são apenas alguns dos tópicos que fazem com
que uma boa gama de pacientes desistam do tratamento. A tuberculose geralmente
não é tratada como um único agente microbiano, já que os fármacos disponíveis
são divididos em duas categoriais: agentes de primeira escolha e os agentes de
segunda escolha, baseados em sua segurança e efetividade. Dentre os agentes de
primeira escolha, vale destacar aa isoniazida, rifampicina, etambutol e
pirazinamida, demonstrados na figura ao lado:
BIBLIOGRAFIA
ceres.facer.edu.br/revista/index.php/refacer/article/download/43/30
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