Introdução
A
febre tifoide é causada pela bactéria Salmonella
enterica do sorotipo typhi. Essa
bactéria pertence à família Enterobacteriaceae e são bastonetes gram-negativos.
Ela é altamente adaptada ao organismo humano, sendo este o seu reservatório.
Desta forma, uma quantidade significativa de Salmonella spp. é eliminada nas fezes, provocando contaminação da
água e do solo.
Salmonella typhy
A
febre tifoide é normalmente contraída através da ingestão de alimentos e água
contaminados com a bactéria. Segundo o Centers for Disease Control and Prevention
(CDC), aproximadamente 21,5 milhões de pessoas por ano contraem a doença. A
fatalidade da febre tifoide para casos não tratados é cerca de 10% e, para
casos tratados com antibióticos, 1%.
O
número de pessoas que contraem a doença é maior nos países subdesenvolvidos; isso
se dá pela menor qualidade da rede de tratamento de esgoto e da distribuição e
armazenamento de água existente nesses países. Existem, ainda, aqueles que
portam a bactéria no seu trato gastrointestinal sem apresentar os sintomas;
estes continuam eliminando a bactéria nas fezes, mantendo o risco de
contaminação da água e do solo.
A
portadora assintomática mais conhecida foi uma cozinheira estadunidense que
ficou conhecida como Typhoid Mary. Ela responsável por um surto de febre
tifoide em pelo menos 51 pessoas pela sua falta de cuidados no manuseio dos
alimentos que preparava.
Fatores de virulência
A
Salmonella possui uma ilha de
patogenicidade (SP-1) que confere a maioria de suas características patogênicas.
No operon presente nessa ilha de patogenicidade, é observado um operon composto
por sete genes. O primeiro gene desempenha papel fundamental na invasão de
células epiteliais, que é uma característica que intensifica as infecções.
A
S. typhi aderem nas células do
epitélio intestinal através de suas fímbrias. Essa bactéria possui mecanismos
de proteção contra os mecanismos de defesa do corpo infectado; o LPS contribui
para a defesa contra as defensinas e a cápsula também dificulta o reconhecimento
e fagocitose pelos fagócitos do sistema imune do hospedeiro. Ela possui, ainda, flagelos que facilitam sua
locomoção pelos tecidos do hospedeiro.
Sintomas
Ao
contrair a doença, a pessoa geralmente manifesta os sintomas segundo algumas
fases determinadas. Na primeira semana da doença, chamada de período de
incubação, o paciente demonstra um quadro febril que aumenta progressivamente;
este é acompanhado por dor de cabeça, mal estar geral, diminuição da força
física, dores musculares, dor abdominal e vômitos.
No
período de estado, que corresponde a segunda e terceira semanas da doença,
ocorre o agravamento dos sintomas anteriores, principalmente da febre e dos
sintomas digestórios; o acúmulo de toxinas provocam um quadro de toxemia; a
fraqueza se intensifica e são observados quadros de desidratação, torpor, olhos
fundos e inexpressivos – conhecido como olhar tífico – obstipação intestinal ou
diarreia, icterícia, hepatoesplenomegalia, meteorismo e borborigmo. Podem ser
observadas, também, manchas rosadas na pele.
No
último período, chamado de período de declínio, que corresponde a quarta semana
de evolução, os sintomas tendem a diminuir a intensidade de forma progressiva. A
maioria das reações relacionadas à septicemia acontecem durante o período de
estado; essas complicações aparecem em cerca de 10% dos pacientes.
Diagnóstico
O
diagnóstico é feito a partir do isolamento da bactéria em culturas de amostras
de sangue, fezes, urina ou biopsias das lesões na pele. Segundo o manual oferecido
pelo Ministério da Saúde para diagnóstico de Salmonella spp são utilizados o Ágar EMB e o Ágar MacConkey para
realizar o cultivo. Os resultados dos testes bioquímicos para Salmonella typhi estão na tabela abaixo.
Tabela 1: Testes bioquímicos para Salmonella typhi
Glicose
|
Manitol
|
Lactose
|
Sacarose
|
Dulcitol
|
-
|
+
|
-
|
-
|
-
|
Acetato
|
Malonato
|
H2S
|
Mobilidade
|
Hidrólise ureia
|
-
|
-
|
+
|
+
|
-
|
Vermelho de metila
|
Voges-Proskauer
|
Indol
|
Citrato Simmons
|
ONPG
|
+
|
-
|
-
|
-
|
-
|
Lisina
descarboxilase
|
Arginina dehidrolase
|
Ornitina descarboxilase
|
KCN
|
Fenilalanina desaminase
|
+
|
-
|
-
|
-
|
-
|
- = negativo; + = positivo Fonte: Ministério da Saúde, 2011
Podem ser
utilizados testes de DNA e testes de imunodiagnóstico para comprovar a existência
do patógeno na amostra.
Tratamento
O tratamento para febre tifoide se dá a partir de antibióticos, como o Cloranfenicol e a Amoxacilina, e reidratação. Em casos mais leves, pode-se fazê-los oralmente em casa. Quando os casos são mais severos, é recomenda a internação para que os antibióticos sejam administrados de forma intravenosa. Existem casos de resistência a alguns antibióticos devido a presença de um plasmídeo transferível. O uso descontrolado de antibióticos pode estar relacionado a esse fato.
Atualmente
existem muitos grupos focados em desenvolver vacinas para a febre tifoide. Existem
duas vacinas licenciadas e disponíveis no mercado. Apesar disso, o
desenvolvimento de novas vacinas procuram aumentar sua eficácia e a
imugenicidade do antígeno utilizado.
Bibliografia
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Acesso em 11/07/2017
IFRJ
Beatriz Monteiro Rocha
BM 161
IFRJ
Beatriz Monteiro Rocha
BM 161
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