sexta-feira, 14 de julho de 2017

Meningite Bacteriana

Introdução

  A meningite é uma inflamação na meninge, membrana que circunda o sistema nervoso central, que pode ser causada por bactérias, vírus ou fungos. A meningite bacteriana, que no geral é a forma mais grave, é comumente causada por Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae tipo b e Neisseria meningitidis. Também ocorre, principalmente em lactentes, através da Escherichia coli e Streptococcus do grupo B.
  O modo de transmissão das bactérias causadoras da meningite ocorre através do contato pessoa-pessoa, através de gotículas e secreções da nasofaringe. Motivo pelo qual ocorre, com maior frequência, em alojamentos e dormitórios, assim como entre residentes de uma mesma casa.  

Os agentes causadores

  O agente causador da meningite bacteriana mais comum é a N. meningitidis, uma bactéria aeróbia, gram negativa, que pode ser encontrada na microbiota da nasofaringe de portadores assintomáticos, a conversão de um estado de portador assintomático para infecção patogênica aguda ainda é desconhecida, que possui como fator de virulência a sua cápsula polissacarídica. Essa cápsula auxilia a bactéria a não ser reconhecida pelo sistema imune do hospedeiro, além disso, a cápsula fornece proteção para a bactéria.
N. meningitidis
  
  O segundo agente mais comum é a S. pneumoniae, que atingi mais comumente as crianças, uma bactéria gram positiva que é encontrada na microbiota normal da nasofaringe e orofaringe de portadores assintomáticos, uma das explicações para esses portadores não apresentarem doenças é o fato da competição bem-sucedida com os outros microrganismos presentes pelos recursos, fazendo com que a atividade do patógeno seja limitada. Seu fator de virulência é, assim como na N. meningitidis, a sua cápsula polissacarídica; linhagens que não apresentam essa cápsula são reconhecidas pelo sistema imune, sendo, assim, fagocitadas.
S. pneumoniae com cápsula

  A bactéria H. influenzae tipo b foi a primeira bactéria a ter seu genoma sequenciado, sendo publicado em 1995. É uma bactéria gram negativa, aeróbia facultativa, que está presente na microbiota da garganta. Seu fator de virulência é sua cápsula de carboidrato que, assim como com as outras bactérias, evita seu reconhecimento pelo sistema imune do hospedeiro. Ela atinge, com maior frequência, crianças menores de 5 anos.


Sintomas

  Os sintomas da meningite bacteriana são: cefaleia, febre e torcicolo, sendo este um sintoma muito característico para o diagnóstico. Há, também, a ocorrência de náuseas e vômitos. Esses sintomas são característicos a meningite causada por qualquer uma das bactérias, para diferenciar qual o agente causador é necessário que se realize a cultura de bactérias. Muitos casos, após o tratamento, pacientes são diagnosticados com perda de audição e, em alguns casos, com sequelas neurológicas.

Diagnóstico

  O diagnóstico para a meningite bacteriana é realizado coletando amostras do líquor, que ocupa o espaço subaracnóideo na medula espinhal, assim como realizando a cultura de amostras da nasofaringe ou sangue.
  O liquor, que é um fluido estéril e de aparência clara, em testes positivos de meningite possui um aspecto turvo. E no meio de cultura, caso seja positivo, observa-se a presença de colônias do agente causador. 
  Como muita das vezes é necessário uma intervenção rápida, boa parte dos diagnósticos são realizados observando as manifestações clínicas que o paciente está apresentando.  
  Estudos relatam que há uma relação entre um atraso no diagnóstico e o número de óbitos entre pacientes adultos que chegaram na emergência com algum dos sintomas. Enquanto que, com um diagnóstico rápido de meningite, o tratamento é realizado de forma mais rápida, levando a maiores chances de cura.

Tratamento

  O tratamento para a meningite é através de antibióticos, sendo muito comum o uso da penicilina. Há estudos que demonstram uma redução significante nas taxas de perda de audição e de sequelas neurológicas utilizando corticoides durante o tratamento. Porém, não revela uma diminuição nas taxas de mortalidade no geral. Com a bactéria S. pneumoniae, houve um decréscimo nas taxas de mortalidade, mas não com a H. influenzae e N. meningitidis.
  Um estudo realizado no estado do Paraná demonstrou que a vacina pneumocócica conjugada 10 valente, mesmo com seu tempo reduzido de uso, levou a uma diminuição nos coeficientes de mortalidade entre crianças. Essa vacina utiliza o polissacarídeo pneumocócico acoplado ao toxoide diftérico, o que faz com que ocorra uma resposta timo dependente, levando a uma memória imunológica.
  Após a introdução da vacina conjugada contra a H. influenzae tipo b em programas de vacinação infantil também levou a uma diminuição quase total do número de casos de meningite causados pela bactéria.

Bibliografia

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Bodilsen J, Brandt CT, Sharew A, Dalager-Pedersen M, Benfield T,
Schønheyder HC, Nielsen H, Early versus late diagnosis in community-acquired bacterial meningitis: A retrospective cohort study, Clinical Microbiology and Infection (2017), doi: 10.1016/j.cmi.2017.06.021.


Brouwer MC, McIntyre P, Prasad K, van de Beek D. Corticosteroids for acute bacterial meningitis. Cochrane Database of Systematic Reviews 2015, Issue 9. Art. No.: CD004405. DOI: 10.1002/14651858.CD004405.pub5.



IFRJ - campus Rio de Janeiro
Marcela Bandini dos Reis
BM161

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