Introdução
A meningite é uma inflamação na meninge,
membrana que circunda o sistema nervoso central, que pode ser causada por
bactérias, vírus ou fungos. A meningite bacteriana, que no geral é a forma mais
grave, é comumente causada por Streptococcus
pneumoniae, Haemophilus influenzae
tipo b e Neisseria meningitidis. Também ocorre, principalmente em lactentes,
através da Escherichia coli e Streptococcus do grupo B.
O modo de transmissão das bactérias causadoras
da meningite ocorre através do contato pessoa-pessoa, através de gotículas e
secreções da nasofaringe. Motivo pelo qual ocorre, com maior frequência, em
alojamentos e dormitórios, assim como entre residentes de uma mesma casa.
Os agentes causadores
O agente causador da meningite bacteriana mais
comum é a N. meningitidis, uma
bactéria aeróbia, gram negativa, que pode ser encontrada na microbiota da
nasofaringe de portadores assintomáticos, a conversão de um estado de portador
assintomático para infecção patogênica aguda ainda é desconhecida, que possui
como fator de virulência a sua cápsula polissacarídica. Essa cápsula auxilia a
bactéria a não ser reconhecida pelo sistema imune do hospedeiro, além disso, a
cápsula fornece proteção para a bactéria.
N. meningitidis
O segundo agente mais comum é a S. pneumoniae, que atingi mais comumente
as crianças, uma bactéria gram positiva que é encontrada na microbiota normal
da nasofaringe e orofaringe de portadores assintomáticos, uma das explicações
para esses portadores não apresentarem doenças é o fato da competição
bem-sucedida com os outros microrganismos presentes pelos recursos, fazendo com
que a atividade do patógeno seja limitada. Seu fator de virulência é, assim
como na N. meningitidis, a sua
cápsula polissacarídica; linhagens que não apresentam essa cápsula são
reconhecidas pelo sistema imune, sendo, assim, fagocitadas.
S. pneumoniae com cápsula
A bactéria H. influenzae tipo b foi a primeira
bactéria a ter seu genoma sequenciado, sendo publicado em 1995. É uma bactéria
gram negativa, aeróbia facultativa, que está presente na microbiota da
garganta. Seu fator de virulência é sua cápsula de carboidrato que, assim como
com as outras bactérias, evita seu reconhecimento pelo sistema imune do hospedeiro.
Ela atinge, com maior frequência, crianças menores de 5 anos.
Sintomas
Os sintomas da meningite bacteriana são:
cefaleia, febre e torcicolo, sendo este um sintoma muito característico para o
diagnóstico. Há, também, a ocorrência de náuseas e vômitos. Esses sintomas são característicos
a meningite causada por qualquer uma das bactérias, para diferenciar qual o
agente causador é necessário que se realize a cultura de bactérias. Muitos casos,
após o tratamento, pacientes são diagnosticados com perda de audição e, em
alguns casos, com sequelas neurológicas.
Diagnóstico
O diagnóstico para a meningite bacteriana é
realizado coletando amostras do líquor, que ocupa o espaço subaracnóideo na
medula espinhal, assim como realizando a cultura de amostras da nasofaringe ou
sangue.
O liquor, que é um fluido estéril e de
aparência clara, em testes positivos de meningite possui um aspecto turvo. E no
meio de cultura, caso seja positivo, observa-se a presença de colônias do
agente causador.
Como muita das vezes é necessário uma intervenção rápida, boa parte dos diagnósticos são realizados observando as manifestações clínicas que o paciente está apresentando.
Estudos relatam que há uma relação entre um
atraso no diagnóstico e o número de óbitos entre pacientes adultos que chegaram
na emergência com algum dos sintomas. Enquanto que, com um diagnóstico rápido
de meningite, o tratamento é realizado de forma mais rápida, levando a maiores chances
de cura.
Tratamento
O tratamento para a meningite é através de antibióticos,
sendo muito comum o uso da penicilina. Há estudos que demonstram uma redução
significante nas taxas de perda de audição e de sequelas neurológicas utilizando
corticoides durante o tratamento. Porém, não revela uma diminuição nas taxas de
mortalidade no geral. Com a bactéria S.
pneumoniae, houve um decréscimo nas taxas de mortalidade, mas não com a H. influenzae e N. meningitidis.
Um estudo realizado no estado do Paraná
demonstrou que a vacina pneumocócica conjugada 10 valente, mesmo com seu tempo
reduzido de uso, levou a uma diminuição nos coeficientes de mortalidade entre crianças. Essa vacina utiliza o polissacarídeo pneumocócico acoplado ao
toxoide diftérico, o que faz com que ocorra uma resposta timo dependente, levando
a uma memória imunológica.
Após a introdução da vacina conjugada contra a H. influenzae tipo b em programas de
vacinação infantil também levou a uma diminuição quase total do número de casos
de meningite causados pela bactéria.
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IFRJ - campus Rio de Janeiro
Marcela Bandini dos Reis
BM161
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