Nascido no dia 2 de agosto de 1820, na pequena cidade Leighlinbridge situada no condado de Carlow, na Irlanda. John Tyndall era filho de um pequeno proprietário de terras, que também era negociante de couro, sapateiro e membro das forças policiais da Irlanda. Vindo de uma família humilde, Tyndall estudou até cerca de seus dezenove anos de idade, e logo em seguida foi trabalhar como agrimensor e desenhista, na Irish Ordenance Survey. Em 1842, foi transferido para a cidade de Preston, Lancasshire, na Inglaterra.
Na sua
primeira vez na Inglaterra, Tyndall presenciou os conflitos sociais decorrentes
da depressão econômica ocorrida na época, o que posteriormente culminou na sua
demissão e retorno para a Irlanda. Dentre 1844 e 1845, John Tyndall atuou como
agrimensor e engenheiro, retornando assim para a Inglaterra, nas cidades de
Lancashire e Yorkshire. Encontrou-se novamente desempregado em 1847, nesse
período fez amizade com George Edmondson, que havia recentemente entrado numa
das primeiras escolas da Inglaterra a ter um laboratório exclusivo para o
ensino das ciências, o Queenwood College situado em Hampshire. Lá, Tyndall
ensinava matemática e desenho, junto de seus amigos, o geômetro Thomas Archer
Hister e o químico Edward Frankland. Influenciado por Frankland, Tyndall
inseriu-se na ciência, e para isto, mudou-se com ele para a Universidade
Marburg, na Alemanha.
Na Alemanha,
Tyndall sobrevivia de suas economias, ele também terminou uma dissertação para
doutorado, na área das ciências exatas, como também entrou para o laboratório
de Karl Herrmann Knoblauch. Este havia chegado recentemente em Berlim, e na
época estava estendendo o trabalho de Faraday. Nessa mesma época Tyndall
realizou sua primeira pesquisa científica, em colaboração com Knoublauch. Seu
primeiro artigo científico foi publicado na Philosophical
Magazine em 1851, sobre o comportamento dos corpos cristalinos entre os
polos magnéticos. Desde então, a sua vida no âmbito científico e político
apresentou um claro desenvolvimento. Assim como os homens de sua época, que
estavam inseridos na ciência, Tyndall encontrou dificuldades para conseguir trabalho
remunerado nessa área. Já estava a quase dois anos desempregado na Inglaterra,
havia sido rejeitado por dois cargos no seu país natal, e também foi rejeitado
pelas universidades de Sydney e Toronto. Dentro dessa perspectiva, Tyndall teve
que, por necessidade, passar a ministrar palestras, a escrever e a examinar.
Pouco tempo depois, foi patrocinado por Faraday, o que contribuiu para o
crescimento da sua reputação, e posteriormente isso lhe rendeu um cargo como
professor de filosofia natural na Royal
Institution, onde foi orientado por Faraday e assim desenvolveu suas
aptidões para pesquisas e palestras.
Em 1867,
Tyndall foi o sucessor de Faraday como superintendente da Royal Institution e como consultor da Trinity House e da Junta
Comercial. Dentre 1867 e 1885, sua posição na Royal Institution conferiu-lhe, na ciência britânica, um ponto de
vista central.
Os trabalhos
de Tyndall como pesquisador podem ser seccionados em duas fases, a primeira,
compreendida entre os anos de 1853 e 1874, teve uma constante progressão na
física. A segunda fase, entre 1874 e o início da década 1880, expressou uma
ampliação de suas pesquisas em outros âmbitos. Na primeira fase, seu artigo
sobre o diamagnetismo, que envolve os efeitos da compressão em substâncias cristalinas
(1851-1856), conduziu ao estudo da ardósia de Penrhyn e ao dilema da “clivagem
de ripas” (1854-1856). A grande abrangência dos efeitos da pressão sobre a
lousa levou-o ao estudo do movimento glacial (1856-1859) , que por sua vez, as geleiras instigaram um
grande fascínio pelo que se tornou posteriormente o “trabalho de sua vida” – os
efeitos da radiação solar e, os efeitos da radiação de calor nos gases
presentes na atmosfera (1860-1870) -, e o levou á pratica de alpinismo.
John Tyndall
considerou então a dispersão da luz na atmosfera por partículas coloidais,
explicando a cor azul do céu, esse efeito levou o seu nome, Efeito Tyndall.
Essa dispersão levou-o a conclusão de que essas partículas de poeira são carreadoras
de matéria orgânica/micro-organismos. Nessa época, a comunidade científica
enfrentava o dilema da geração espontânea, Tyndall tendo conhecimento dos
experimentos de Louis Pasteur, buscou meios para extinguir essa matéria por
meio do calor. Com esse fito, Tyndall desenvolveu uma engenhosa câmara de
madeira com janelas laterais de vidro, através das quais ele uma infusão a
incidência de feixes luminosos, com ela demonstrou que o ar livre de poeira que
não espalhava o feixe de luz não promoveria o crescimento em tubos de infusão
fervida por ele. Essa invenção ficou conhecida como câmara asséptica.
Tyndall, num
de seus experimentos com micro-organismos, mais especificamente bactérias,
observou que as infusões preparadas com feno velho e seco eram mais trabalhosas
de serem esterilizadas por fervura do que aquelas preparadas com feno fresco.
Essa observação levou-o a investigar a resistência desses organismos ao calor,
e isto conduziu Tyndall a desenvolver um mecanismo de esterilização fracionada
através do aquecimento intermitente. Os resultados dos experimentos
demonstraram que esses micro-organismos apresentam dois estágios de vida um
termossensível e outro termoestável, este último hoje em dia é conhecido como
esporos. A esterilização fracionada por ele inventada, chamada também de
tindalização, foi precursora do método de esterilização á vapor e sem pressão,
idealizado por Robert Koch (1880-1881).
Nos seus
trinta e três anos de vida, ele fez mais de cinquenta discursos, mais de 300
palestras da tarde e doze cursos para jovens. Além disso, atuou como examinador
no Royal Military College (1855-1857), professor em Eton (1856), na London
Institution (1856-1859) e na Royal School of Mines (1859-1868), como consultor
científico do The Reader (1863-1867) e, em 1869, ajudou a inaugurar a revista
Nature. A maioria desses trabalhos com palestras e exames serviu para complementar
seu salário na Royal Institution, e muitas de suas comissões de livros
didáticos foram aceitas pelo mesmo motivo. Os prolongados e frequentes debates
de Tyndall com os editores revelam as dificuldades de ganhar a vida como autor
científico. Apesar disso foi um grande defensor da pesquisa científica.
O ano de
1876, embora sua reputação pública não esteja nos seus melhores dias, foi um
divisor de águas em sua vida privada. Naquele ano, quando tinha 56 anos,
casou-se com Louisa Charlotte Hamilton, então com 31 anos, a filha mais velha de
Lord Claud Hamilton. No entanto, no final de 1870 começou passar por
persistentes problemas de saúde, o que demandava frequentes viagens de
recuperação para seu retiro favorito em Bel Alp, acima do Vale do Ródano. Não
obstante, no início da década de 80 do século XIX, ele continuou a servir como
"consultor científico" do governo (1879-1886).
Em 1886,
Tyndall adoeceu gravemente e, no ano seguinte, afastou-se da Royal Institution. Acamado por insônia e
indigestão, em 1893, ele morreu de uma overdose acidental de cloral,
tragicamente administrada por sua devota esposa.
Apesar de
seus esforços e contribuições significativas para a comunidade cientifica, que
lhe rendeu cinco doutorados honorários e cargo como membro honorário de 35
sociedades científicas, Tyndall nunca recebeu honras nacionais (inglesas e
irlandesas).
Por fim,
John Tyndall é lembrado principalmente por seus esforços para verificar o alto
poder de absorção e radiação do vapor aquoso; medir a absorção e transmissão de
calor por muitos gasea e substancias coloidais; explicar a influência seletiva
da atmosfera em diferentes sons; e estabelecer o princípio do “aquecimento
descontínuo” (“Tyndallization”) como uma técnica de esterilização. Aplicações
práticas de seu trabalho em meteorologia, sinalização de nevoeiro e
bacteriologia foram vistas durante sua vida. De outras maneiras, seu trabalho
antecipou importantes desenvolvimentos posteriores.
Bibliografia:
ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA. John Tyndall|irish physicist. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/John-Tyndall. Acesso em: 13 set. 2019.
Por Ayla Beatriz - Bacteamrias
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