quarta-feira, 16 de outubro de 2019

BIOGRAFIA - JOHN TYNDALL


            
               Nascido no dia 2 de agosto de 1820, na pequena cidade Leighlinbridge situada no condado de Carlow, na Irlanda. John Tyndall era filho de um pequeno proprietário de terras, que também era negociante de couro, sapateiro e membro das forças policiais da Irlanda. Vindo de uma família humilde, Tyndall estudou até cerca de seus dezenove anos de idade, e logo em seguida foi trabalhar como agrimensor e desenhista, na Irish Ordenance Survey. Em 1842, foi transferido para a cidade de Preston, Lancasshire, na Inglaterra.

            Na sua primeira vez na Inglaterra, Tyndall presenciou os conflitos sociais decorrentes da depressão econômica ocorrida na época, o que posteriormente culminou na sua demissão e retorno para a Irlanda. Dentre 1844 e 1845, John Tyndall atuou como agrimensor e engenheiro, retornando assim para a Inglaterra, nas cidades de Lancashire e Yorkshire. Encontrou-se novamente desempregado em 1847, nesse período fez amizade com George Edmondson, que havia recentemente entrado numa das primeiras escolas da Inglaterra a ter um laboratório exclusivo para o ensino das ciências, o Queenwood College situado em Hampshire. Lá, Tyndall ensinava matemática e desenho, junto de seus amigos, o geômetro Thomas Archer Hister e o químico Edward Frankland. Influenciado por Frankland, Tyndall inseriu-se na ciência, e para isto, mudou-se com ele para a Universidade Marburg, na Alemanha.

            Na Alemanha, Tyndall sobrevivia de suas economias, ele também terminou uma dissertação para doutorado, na área das ciências exatas, como também entrou para o laboratório de Karl Herrmann Knoblauch. Este havia chegado recentemente em Berlim, e na época estava estendendo o trabalho de Faraday. Nessa mesma época Tyndall realizou sua primeira pesquisa científica, em colaboração com Knoublauch. Seu primeiro artigo científico foi publicado na Philosophical Magazine em 1851, sobre o comportamento dos corpos cristalinos entre os polos magnéticos. Desde então, a sua vida no âmbito científico e político apresentou um claro desenvolvimento. Assim como os homens de sua época, que estavam inseridos na ciência, Tyndall encontrou dificuldades para conseguir trabalho remunerado nessa área. Já estava a quase dois anos desempregado na Inglaterra, havia sido rejeitado por dois cargos no seu país natal, e também foi rejeitado pelas universidades de Sydney e Toronto. Dentro dessa perspectiva, Tyndall teve que, por necessidade, passar a ministrar palestras, a escrever e a examinar. Pouco tempo depois, foi patrocinado por Faraday, o que contribuiu para o crescimento da sua reputação, e posteriormente isso lhe rendeu um cargo como professor de filosofia natural na Royal Institution, onde foi orientado por Faraday e assim desenvolveu suas aptidões para pesquisas e palestras.

            Em 1867, Tyndall foi o sucessor de Faraday como superintendente da Royal Institution e como consultor da Trinity House  e da Junta Comercial. Dentre 1867 e 1885, sua posição na Royal Institution conferiu-lhe, na ciência britânica, um ponto de vista central.

            Os trabalhos de Tyndall como pesquisador podem ser seccionados em duas fases, a primeira, compreendida entre os anos de 1853 e 1874, teve uma constante progressão na física. A segunda fase, entre 1874 e o início da década 1880, expressou uma ampliação de suas pesquisas em outros âmbitos. Na primeira fase, seu artigo sobre o diamagnetismo, que envolve os efeitos da compressão em substâncias cristalinas (1851-1856), conduziu ao estudo da ardósia de Penrhyn e ao dilema da “clivagem de ripas” (1854-1856). A grande abrangência dos efeitos da pressão sobre a lousa levou-o ao estudo do movimento glacial (1856-1859)  , que por sua vez, as geleiras instigaram um grande fascínio pelo que se tornou posteriormente o “trabalho de sua vida” – os efeitos da radiação solar e, os efeitos da radiação de calor nos gases presentes na atmosfera (1860-1870) -, e o levou á pratica de alpinismo.

            John Tyndall considerou então a dispersão da luz na atmosfera por partículas coloidais, explicando a cor azul do céu, esse efeito levou o seu nome, Efeito Tyndall. Essa dispersão levou-o a conclusão de que essas partículas de poeira são carreadoras de matéria orgânica/micro-organismos. Nessa época, a comunidade científica enfrentava o dilema da geração espontânea, Tyndall tendo conhecimento dos experimentos de Louis Pasteur, buscou meios para extinguir essa matéria por meio do calor. Com esse fito, Tyndall desenvolveu uma engenhosa câmara de madeira com janelas laterais de vidro, através das quais ele uma infusão a incidência de feixes luminosos, com ela demonstrou que o ar livre de poeira que não espalhava o feixe de luz não promoveria o crescimento em tubos de infusão fervida por ele. Essa invenção ficou conhecida como câmara asséptica.

            Tyndall, num de seus experimentos com micro-organismos, mais especificamente bactérias, observou que as infusões preparadas com feno velho e seco eram mais trabalhosas de serem esterilizadas por fervura do que aquelas preparadas com feno fresco. Essa observação levou-o a investigar a resistência desses organismos ao calor, e isto conduziu Tyndall a desenvolver um mecanismo de esterilização fracionada através do aquecimento intermitente. Os resultados dos experimentos demonstraram que esses micro-organismos apresentam dois estágios de vida um termossensível e outro termoestável, este último hoje em dia é conhecido como esporos. A esterilização fracionada por ele inventada, chamada também de tindalização, foi precursora do método de esterilização á vapor e sem pressão, idealizado por Robert Koch (1880-1881).

           

            Nos seus trinta e três anos de vida, ele fez mais de cinquenta discursos, mais de 300 palestras da tarde e doze cursos para jovens. Além disso, atuou como examinador no Royal Military College (1855-1857), professor em Eton (1856), na London Institution (1856-1859) e na Royal School of Mines (1859-1868), como consultor científico do The Reader (1863-1867) e, em 1869, ajudou a inaugurar a revista Nature. A maioria desses trabalhos com palestras e exames serviu para complementar seu salário na Royal Institution, e muitas de suas comissões de livros didáticos foram aceitas pelo mesmo motivo. Os prolongados e frequentes debates de Tyndall com os editores revelam as dificuldades de ganhar a vida como autor científico. Apesar disso foi um grande defensor da pesquisa científica.

            O ano de 1876, embora sua reputação pública não esteja nos seus melhores dias, foi um divisor de águas em sua vida privada. Naquele ano, quando tinha 56 anos, casou-se com Louisa Charlotte Hamilton, então com 31 anos, a filha mais velha de Lord Claud Hamilton. No entanto, no final de 1870 começou passar por persistentes problemas de saúde, o que demandava frequentes viagens de recuperação para seu retiro favorito em Bel Alp, acima do Vale do Ródano. Não obstante, no início da década de 80 do século XIX, ele continuou a servir como "consultor científico" do governo (1879-1886).

            Em 1886, Tyndall adoeceu gravemente e, no ano seguinte, afastou-se da Royal Institution. Acamado por insônia e indigestão, em 1893, ele morreu de uma overdose acidental de cloral, tragicamente administrada por sua devota esposa.

            Apesar de seus esforços e contribuições significativas para a comunidade cientifica, que lhe rendeu cinco doutorados honorários e cargo como membro honorário de 35 sociedades científicas, Tyndall nunca recebeu honras nacionais (inglesas e irlandesas).

            Por fim, John Tyndall é lembrado principalmente por seus esforços para verificar o alto poder de absorção e radiação do vapor aquoso; medir a absorção e transmissão de calor por muitos gasea e substancias coloidais; explicar a influência seletiva da atmosfera em diferentes sons; e estabelecer o princípio do “aquecimento descontínuo” (“Tyndallization”) como uma técnica de esterilização. Aplicações práticas de seu trabalho em meteorologia, sinalização de nevoeiro e bacteriologia foram vistas durante sua vida. De outras maneiras, seu trabalho antecipou importantes desenvolvimentos posteriores.



Bibliografia:

ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA. John Tyndall|irish physicist. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/John-Tyndall. Acesso em: 13 set. 2019.

Por Ayla Beatriz - Bacteamrias

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