sexta-feira, 14 de junho de 2019

Clostridium tetani e o tétano



Muitas das vezes nos machucamos e não damos muita importância, achando que é apenas um “machucadinho” e que não daria em nada. Porém, mal sabem que ali é uma porta de entrada para muitas bactérias infecciosas e que podem levar a morte.
Existe uma Bactéria chamada Clostridim tetani, que é adquirida através de feridas não tratadas devidamente, e por la elas conseguem entrar na nossa corrente sanguínea, deixando milhares de complicações, principalmente no nosso sistema nervoso central.
Como será que essa bactéria age no nosso organismo?



Clostridium tetani


Bom, antes de entender como ela age, vamos aprender um pouco sobre sua morfologia e onde ela é encontrada. Há muito tempo atrás em 1894, Arthur Nicolaier fez uma descrição sobre a C. tetani, declarando que esta é uma bactéria anaeróbica, ou seja, ela não tem a capacidade de sobreviver em ambientes oxigenados (com presença de oxigênio), PORÉM, ela consegue ficar em lugares enferrujados, que é propício apresentar um baixo potencial de oxirredução ao meio. Outra observação é que ela, quando jovem é gram positiva e quando madura, é gram negativa.
Essas Bactérias existem em dois tipos: em forma de bacilos e em esporo, sendo este último que devemos nos preocupar. Os esporos, ao contrário dos bacilos, apresentam uma resistência enorme, e é justamente este que está presente nos solos, fezes de animais ou humanos, instrumentos cortantes e perfurantes enferrujados que estejam contaminados. A do tipo bacilos é encontrada em intestino de cavalos e humanos.

Como ocorre a transmissão?
A transmissão no geral ocorre:
        Via feca-oral indireta (água e alimentos que tiveram contato com fezes contaminadas);
        Por ferimentos que entrem em contato com a C. tetani ou sejam provocados com materiais contaminados, podendo ser via transmissão vertical perinatal (pouco tempo após o parto) ou via transmissão parenteral (ex: prego enferrujado).

Adentrando no corpo
O é patógeno dependente das adesinas e dos receptores dos tecidos  para entrar no corpo. O processo baseia-se no reconhecimento por parte das adesinas, de elementos da matriz extracelular como a lamina, colágeno, e receptores a exemplo das caderinas e intergrinas (receptores que integram a matriz extracelular ao citoesqueleto da célula). Após isso, os bacilos atravessam a células, e em casos de tétano generalizado se alastram pelo corpo.

Reprodução do patógeno
Após se instalar no corpo humano, a C. tetani começa a se multiplicar. Os sintomas decorrentes e a eventual morte do hospedeiro decorrem em relação a uma das toxinas produzidas pela bactéria, a exotoxina tetanospamina (altamente letal, precisando somente de 0,25 mg para matar um homem). A tetanospamina é uma toxina proteica que interage somente com os receptores de células nervosas. Isto causa a inibição de neurotransmissores inibitórios, resultando em grande escala numa rigidez/contração muscular generalizada, podendo interferir no coração e nos pulmões, levando o indivíduo a óbito.

Voltando ao reservatório
A bactéria pode retornar ao reservatório dela similarmente ao modo em que ela é transmitida: através de fezes contaminadas, podendo ser tanto humanas quanto de gado, podendo contaminar água e solo.

E como evitar essa doença?
Essa doença é horrível né? Mas temos uma notícia boa.

Existe uma vacina para o tétano. Sendo a principal forma de prevenção contra a doença, o método é indicado para crianças, recém nascidos e gestantes.

A população desde a infância deve ser vacinada com vacinas com o componente do tétano, como por exemplo a vacina penta (que protege contra 
tétano, difteria, hepatite B , Haemophilus influenzae B e pertussis), com doses aos 2, 4 e 6 meses de idade, com o primeiro reforço depois de 15 meses e o segundo reforço com 4 anos de idade com a vacina DTP (difteria, tétano e coqueluche) e ainda a cada 10 anos um reforço com a vacina dupla adulto.

Outra medida importante é a vacinação do tétano nas mulheres em idade fértil e de suma importância as gestantes, haja vista que os anticorpos contra a toxina tetânica passam a barreira placentária protegendo passivamente o recém-nascido contra o tétano.

A contaminação pela C. tetani não induz no corpo a imunidade contra o téteno, podendo ocorrer uma outra infecção, sendo necessário a vacina. O tratamento para a cura do tétano consiste no uso do soro antitetânico (produzido a partir do soro geralmente de cavalos) ou do IGHAT (soro antitetânico produzido a partir do plasma de pessoas imunes) e antibióticos (como a penicilina g cristalina) em casos leves, e em casos mais graves o uso de remédios para a resolução do desconforto muscular (“reprodução do patógeno”) e próteses respiratórias.
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Agora depois de ver sobre como essa bactéria é perigosa, vamos dar mais atenção aos nossos machucadinhos, não é verdade?.


FONTES:

2 comentários:

  1. Explique melhor: "Outra observação é que ela, quando jovem é gram positiva e quando madura, é gram negativa."

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    1. Boa tarde, a questão da mudança da coloração dessa bactéria refere-se a CULTURAS jovens (omissão por nossa parte), que em um período de 2 a 4 dias passam a ser gram negativas. Fonte:http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v7n1/a07v7n1.pdf

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