sábado, 9 de junho de 2018

Trabalho da Escravidão Grupo 4

GRUPO 4: Caio Fernandes, Gabriela Martins, Sarah Fariña Alheiros e Vinícius Carvalho.
Turma: BM151
Professor: Leonardo Costa
Data: 07/06/2018






   Foi em 1500 que dez caravelas e três naus, comandadas por Cabral, aportaram no território brasileiro, trazendo consigo a cultura europeia para Pindorama. O Brasil era assim chamado pois, em seu vasto território, repleto de matas, cachoeiras e recursos naturais, habitavam aproximadamente quatro milhões de indígenas, de norte a sul. Pindorama, a "terra das palmeiras", hoje Brasil, guarda em sua história um legado de profundas transformações culturais, sociais, políticas e econômicas, marcado pela institucionalização da violência e opressão, consubstancializada, sobretudo, pelas práticas escravagistas.

  Pode-se definir escravidão como a prática de subjugação e dominação de um indivíduo ou população para com o(s) Outro(s). Isto é, indivíduos, grupos ou instituições, coercitivamente, assumem direitos de propriedade sobre outrem. Tal prática, de coisificação da figura humana, invariavelmente, fere o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, atualmente direito Constitucional provido pelo Estado brasileiro. Entretanto, este mesmo aparato estatal serviu como subterfúgio para assegurar a perpetuação das práticas escravagistas no Brasil por mais de 300 anos, criando cicatrizes culturais profundas, hoje visíveis na pele das vítimas de racismo, xenofobia, intolerância religiosa, chacinas no campo, etc.

Para além de pensar sob a ótica histórico-cultural-social da escravidão, pode-se buscar compreender, multidisciplinarmente, como a esfera das ciências biológicas interferiu no cenário escravagista, modulando os fatos históricos. De início, cabe ressaltar que há diferenças genéticas significativas entre os povos europeu e ameríndio, fruto de um longo processo evolutivo, junto ao qual as diferenças ambientais contribuem para a formação de diferentes expressões fenotípicas e culturais.

  Nesse sentido, o indígena latino americano detém seus próprios princípios ontológicos, cosmológicos, filosóficos e espirituais que reverberam na caracterização de sua cultura material e imaterial que, apesar de multifacetada, é marcada pelo respeito à terra, realização de rituais sagrados e caça e agricultura de subsistência. O homem branco europeu, por sua vez, com a crise do sistema feudal, se permite desbravar o oceano em busca de terras férteis, o que marca o início das Grandes Navegações e, sequencialmente, a expedição para as Índias que aportou no Brasil.

A Colonização Portuguesa em nada estava interessada com a diversidade linguístico-cultural e a sabedoria xamânica. Ouro e riquezas eram as prioridades estabelecidas pela metrópole que, inicialmente, utilizou-se da mão-de-obra dos indígenas, escravizando-os, a fim de que os mesmos trabalhassem na extração de pau-brasil, na lavoura, construções, etc. O ecossistema tropical, porém, em muito se diferenciava do europeu, o que torna a microbiota autóctone desses locais diferentes entre si. Moléstias específicas atingiam os indígenas, que se utilizavam dos conhecimentos farmacobotânicos para obter a cura. Os europeus eram acometidos pela tuberculose (bacilo de Koch), varíola (Orthopoxvirus), cólera (vibrio cholerae), peste (Yersinia pestis), dentre outras doenças, com as quais os indígenas nunca tiveram contato.

Desse modo, os indígenas não possuíam resistência a esses organismos extremamente perigosos, que eram transmitidos com muita facilidade. Como resultado, têm-se um enorme massacre indígena, que dizimou inúmeras tribos e reduziu exponencialmente o número de indínas no território.





Entretanto, o uso coercitivo da mão-de-obra indígena, apesar de lucrativo para a Coroa, não se mostrava estratégico, por diversos motivos. A Coroa pretendia, a partir dos jesuítas, catequizar os indígenas e estabelecer vínculos mais estreitos com as tribos que, salvas pela providência divina da eterna condição animalesca, poderiam ser consideradas civilizadas. Para além, era difícil dominá-los devido à grande noção que tinham do espaço geográfico, o que facilitava fugas. Esse conjunto de circunstâncias deu margem para o início do tráfico negreiro e da escravização do povo negro no século XVI.

Como um dos elementos marcantes concernentes ao tráfico de escravos, pode-se citar as péssimas condições que os negros escravizados eram submetidos durante o transporte para o Brasil. Navio negreiro era o nome pelo qual ficou conhecido o barco que transportavam os negros que eram tratados como qualquer tipo de mercadoria, sendo assim, submetidos em condições desumanas por um longo período de tempo.  Os negros eram trancados nos porões dos navios onde o espaço era mínimo, não havia lugares para fazerem suas necessidades, era permitido banho de sol poucas vezes e muitas das vezes não possuem direito a comer e nem beber. Com todos esses fatores, eram poucos os que sobreviviam ao final do transporte, uma vez que existia uma fácil proliferação de microrganismos patogênicos, e, consequentemente, ocasionando inúmeras doenças que eram transmitidas facilmente devido às péssimas condições descritas.

É importante ressaltar que mesmo nos dias atuais a população negra ainda sofre com as consequências da subjugação histórica. O racismo, isto é, a discriminação baseada em diferenças biológicas- em que se considera uma “raça" superior a outra mediante a características, habilidades e qualidades comuns herdadas- resulta em condições desiguais e até mesmo desumanas para com a população negra. Pode-se destacar que no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, os negros têm maiores incidência de doenças relacionadas a microorganismos como, por exemplo, a hanseníase e a tuberculose, causadas, respectivamente, pelas bactérias Mycobacterium leprae e Mycobacterium tuberculosis. Ambas as patologias estão atreladas às péssimas condições de moradia e higiene, o que demonstra que grande parte da população negra sofre atualmente com a desigualdade, discriminação e condições precárias de vida decorrentes da inferiorização sofrida na escravidão e mesmo após a abolição da mesma.


Referências Bibliográficas:

SILVA, Edson. Povos indígenas, violência e educação. In Cadernos da Extensão n. 2, jun../99. Recife: Pró – Reitoria de Extensão da UFPE, 1999.
 . Resistência indígena nos 500 anos de Colonização. In, BRANDÃO, Silvana. (Org.). Brasil 500 anos: reflexões. Recife: Editora Universitária da UFPE, 2000.

HISTÓRIA DE TUDO. Escravidão no brasil. Disponível em: <http://www.historiadetudo.com/escravidao-no-brasil>. Acesso em: 05 jun. 2018.

HISTÓRIA DO MUNDO. A escravidão no brasil poderia ter sido abolida antes de 1888?. Disponível em: <https://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/a-escravidao-no-brasil-poderia-ter-sido-abolida-antes-1888.htm>. Acesso em: 05 jun. 2018.

ONUBR. Negros têm maior incidência de problemas de saúde evitáveis no brasil, alerta onu. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/negros-tem-maior-incidencia-de-problemas-de-saude-evitaveis-no-brasil-alerta-onu/>. Acesso em: 05 jun. 2018.

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