A peste negra, também chamada de
peste bubônica, é uma grave infecção bacteriana grave causada pela
bactéria Yersinia pestis, sendo uma das pandemias mais
devastadoras da história humana, resultando na morte de um terço da
população europeia no século XIV, sendo o auge da peste acontecendo entre os
anos de 1346 e 1353.
O nome da doença provocada pela
bactéria Yersinia pestis chama-se peste. Há um que equívoco
quanto ao nome dessa doença, pois muitos associam peste negra e peste bubônica
como se fossem sinônimos. Peste negra é nome dado à pandemia de peste que
acometeu a Europa na idade média e peste bubônica é o termo usado para relatar
três formas de apresentação clínica as peste. Além disso, existe outras duas
formas: a peste septicêmica e a peste pneumônica.
A peste bubônica é a forma mais comum
e famosa, correspondendo a mais de 90% dos casos, recebeu esse nome pela
aparição de bubões (tumoração dolorosa provocada pelo inchaço de um linfonodo)
no tegumento, geralmente nas axilas e virilhas. A bactéria invade o sistema
linfático, causando inchaço das glândulas linfáticas e em 48 a 72 horas aparece
o sinal típico da peste bubônica: o bubão. Em consequência da degeneração da
área, os bubões tornam-se esverdeados e, depois, abrem feridas altamente
contagiosas. Esse tipo também causa a morte dos tecidos
Além disso, existem outras duas
formas: a peste septicêmica e a peste pneumônica. A primeira é quando a
bactéria consegue chegar no sistema circulatório, causa hemorragia e falência
em vários órgãos, dando origem a manchas negras, sendo responsável pelo ao nome
da doença. Já a pneumônica pode ser adquirida através da respiração ou da
septicêmica, ela ataca os pulmões e vias aéreas. Nesta situação, o infectado
apresenta tosse com sangue e pus altamente infecciosos.
Se não tratada rapidamente, a peste pneumônica progride rapidamente para o
óbito. O que também pode acontecer é a o indivíduo desenvolver os três tipos de
peste quando a bactéria começa afetando o sistema linfático, vai para o sangue
e termina nos pulmões.
Resumo Histórico
A peste não é uma doença comum nos
dias de hoje, porém historicamente tem uma grande magnitude tendo em vista que
matou cerca de 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia na idade média.
O DNA da bactéria Yersinia
pestisjá foi identificado em dentes de indivíduos que viveram há mais 5 mil
anos nas regiões da Ásia e Europa. Estima-se que ela se originou na Ásia e
chegou na Europa através de portos sicilianos em 1347. A bordo dos navios
mercantes, além de cadáveres e marinheiros gravemente adoecidos, haviam ratos
pretos (Rattus rattus) contaminados. Essa espécie de roedor tinha facilidade
para conviver com as pessoas e encontrou na Europa medieval o habitat perfeito.
A rápida propagação dos ratos
infectados nos centros urbanos fez com que a doença continuasse se expandindo,
mesmo que as vias marítimas fossem bloqueadas. Como a igreja se opunha ao
avanço científico e farmacológico, era comum acusar de bruxaria qualquer
tentativa de encontrar uma cura. Por isso, muitos não entendiam a origem e os
mecanismos da doença, e logo tornou-se conhecimento popular que a peste era, na
verdade, um castigo divino para os pecadores.
Transmissão
Na maioria dos casos, a transmissão é
associada somente aos ratos, porém a bactéria Yersinia pestis é
transmitida ao homem quando este é picado por uma pulga que já havia se
alimentado do sangue de roedores infectados, como ratos, esquilos,
cães-da-pradaria, tâmias ou coelhos. Animais domésticos, principalmente gatos,
podem transferir as pulgas infectadas de roedores para dentro de casa, sendo
uma via de contaminação também. Nesse caso a transmissão é provável de ocorrer
por mordidas ou arranhões, ao invés de pulgas.
A peste também pode ser transmitida
através de sangue, mucosas ou tecidos de animais infectados. Esses casos podem
ocorrer, por exemplo, em caças à animais ou em acidentes laboratoriais. Esta forma de
transmissão da bactéria costuma resultar em peste bubônica ou peste
septicêmica.
A menos comum é a transmissão por
gotículas das vias aéreas, transmitidas por humanos através de secreções
respiratórias. Neste caso, é necessário um contato próximo, como no caso de
familiares. Neste caso já é provocada diretamente a peste pneumônica.
Há casos de transmissão de peste
pneumônica por animais. Gatos por exemplo, podem comer um rato infectado e
transmitir a bactéria por gotículas da saliva.
Sintomas
Os sintomas da peste bubônica surgem
cerca de 2 a 6 dias após a picada da pulga infectada, podendo não deixar
nenhuma marca perceptível. O paciente costuma desenvolver um quadro de febre
alta, por volta dos 40ºC, calafrios, dor de cabeça, dor pelo corpo, fraqueza,
prostração e perda do apetite. Em 48 a 72 horas, surge um sinal comum da peste
bubônica, que é o bubão, uma tumoração dolorosa provocada pelo inchaço de um
linfonodo. O bubão pode chegar a ter até 10 cm de diâmetro e se apresenta de
forma ovalada, com distensão, vermelhidão e brilho da pele ao seu redor.
Como o local mais frequentemente
picado pelas pulgas são as pernas, a localização mais comum dos bubões é na
região da virilha. A axila e o pescoço vêm, respectivamente, em segundo e
terceiro lugar.
O bubão pode se tornar purulento, em
muitos casos, o bubão não drena esse material purulento espontaneamente,
havendo necessidade de drenagem cirúrgica por um médico. O material purulento
do bubão é altamente contagioso e pode contaminar quem o estiver manuseando.
Sem tratamento, a peste bubônica
costuma progredir para o sistema nervoso central, provocando alterações na fala
e na marcha, alucinações, movimentos involuntários e, posteriormente, coma. A
meningite pela Yersinia pestis é uma complicação frequente dos pacientes
não tratados.
A peste septicêmica ocorre,
habitualmente, como complicação da peste bubônica, quando não tratada. A
bactéria provoca hemorragia interna e na pele, morte de tecidos das
extremidades, choque circulatório e falência de múltiplos órgãos. A hemorragia
cutânea costuma provocar machas negras ou roxas por toda a pele, o que inspirou
o termo peste negra na idade média.Em 10 a 20% dos casos, a peste septicêmica
surge de forma primária, ou seja, sem que haja sintomas prévios da peste
bubônica.
O paciente desenvolve quadro de febre
alta, chegando a 42-43ºC, prostração, hipotensão arterial, falta de ar,
hemorragias cutâneas, diarreia e vômitos. Em apenas 48 horas, o quadro costuma
evoluir para coma e, horas depois, o paciente costuma vir a falecer.
O período entre a infecção e o
aparecimento dos simtomas da peste pneumônica primária é mais curto que a da
forma bubônica e dura apenas de 2 a 3 dias. A princípio, os sintomas são
inespecíficos, como febre alta, calafrio, prostração, confusão mental e
vômitos. Os sintomas de pneumonia vêm a seguir, com falta de ar, dor no peito,
respiração acelerada e tosse com expectoração, que pode ser purulenta ou
sanguinolenta. Se não tratada rapidamente, a peste pneumônica progride
rapidamente para o óbito.
Diagnóstico
O diagnóstico de peste negra é feito
com exames laboratoriais. é necessário investigar as secreções do paciente.
Para isso, o médico recolhe amostras dos líquidos dos bubões, pus, sangue ou
saliva, e as deposita em um meio de cultura para uma análise microscópica e
bioquímica.
Após o diagnóstico, o indivíduo deve
ser posto em quarentena e o tratamento deve ser iniciado
Tratamento
Antibióticos
como a estreptomicina ou a gentamicina são as opções mais utilizadas. A
tetraciclina ou a doxiciclina são opções alternativas, caso a estreptomicina e
a gentamicina não estejam disponíveis.
O tratamento
deve ser mantido por 10 dias e a taxa de sucesso, quando iniciado precocemente,
é de mais de 90%.
Outros
tratamentos medicamentosos para alívio dos sintomas, também são efetivos contra
peste negra em pacientes diagnosticados a tempo. Durante o tratamento, o
paciente precisa de isolamento respiratório pelas primeiras 48 horas no
mínimo.
Além disso,
é necessário localizar e parar a fonte de infecção na área onde o caso humano
foi exposto, além de instituir saneamento e controle de medidas apropriadas
para impedir a fonte de exposição.
O ideal é o
diagnóstico da doença da forma mais precoce possível por ser uma doença fatal.
Atualmente, a doença não é tão letal
quanto no passado. pode ser tratada e a taxa de mortalidade por peste negra é
baixa.
Pessoas que convivem com o paciente
também devem ser examinadas.
Vale lembrar que o tratamento deve
ser iniciado o quanto antes, pois em estágios mais avançados a mortalidade é de
15%, mesmo com tratamento.
Prevenção
É possível prevenir a peste negra. As
medidas incluem o controle de pragas como os roedores e isolamento de pessoas
infectadas. Algumas medidas a serem tomadas para prevenir a peste negra são:
Eliminar criadouros de vetores como
roedores e pulgas;
Erradicar roedores das áreas de
habitação;
Promover o saneamento básico em
bairros da periferia e cidades pequenas;
Usar repelentes de insetos;
Comunicar às autoridades em caso de
suspeita de peste negra;
Manter os pacientes diagnosticados ou
com suspeita de peste negra em quarentena.
Vacinas para a peste negra ainda estão em
desenvolvimento
Peste nos dias atuais
Com o
desenvolvimento dos antibióticos no século XX, a taxa de mortalidade da peste,
que era de 60 a 90%, caiu para apenas 10% a 20%, o que quebrou o ciclo de
transmissão da bactéria e tornou essa doença um problema de saúde pública de
pequena relevância em todo o mundo.
Segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), entre 2010 e 2015 existiram apenas 3248
casos de peste em todo mundo, com 584 mortes. Desde o ano 2000, 95% dos casos
de peste se concentram no continente africano. Os três países com mais casos
atualmente são Madagascar, Congo e Peru.
Até o momento há
registros de 15 casos no país em 2015, com quatro mortes - ante uma média de
sete casos por ano neste século, segundo o Centro para Controle e Prevenção de
Doenças (CDC, na sigla em inglês) do governo americano.
Peste no brasil
A bactéria Yersinia pestis chegou ao Brasil durante
a Terceira epidemia, no ano de 1899. Atualmente, a bactéria circula entre
roedores silvestres na região Nordeste, no Vale do Jequitinhonha, em Minas
Gerais, e na Serra dos Órgãos, no Estado do Rio de Janeiro.
Os últimos casos
relevantes de peste no Brasil ocorreram nos estados do Ceará e Paraíba, na
década de 1980, quando foram notificados 76 casos e três óbitos. Entre os anos
2000 e 2017, apenas 2 casos de peste foram diagnosticados no país, um na Bahia
e outro no Ceará. Não há casos de mortes por peste no Brasil desde 1986.
Agente etiológico
A Yersinia pestis é uma bactéria
Gram-negativo, encapsulado e imóvel, podendo ser aeróbio ou anaeróbio
facultativo. Como todos os Gram-negativos, não tolera exposição ao ar seco por
muito tempo e contém externamente a molécula lipopolissacarídeo (LPS), ou
endotoxina, que ativa de forma despropositada o sistema imunitário, levando à
produção de citocinas que produzem vasodilatação excessiva com risco de choque
séptico e morte.
É capaz de variar
os seus antígenos externos e é resistente à ação do sistema complemento
(secreta enzimas que o destroem). Além disso, resiste à morte por fagocitose,
através do sistema de secreção tipo III, com que injeta proteínas que bloqueiam
por defosforilação várias proteínas do fagócito envolvidas no processo da
fagocitose; destruindo os filamentos de actina, inibindo a formação de
citocinas e induzindo a apoptose do macrófago. A sua cápsula é proteção
adicional contra a fagocitose.
Referências Bibliográficas
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Disponível em:
<https://minutosaudavel.com.br/o-que-e-peste-negra-bubonica-o-que-foi-sintomas-tem-cura/#causas-e-tipos>.
Acesso em: 29 nov. 2017.
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Amigo, o Rato Pixar Short Filmes Collection Vol 2. Disponível em:
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MDSAUDE. PESTE NEGRA – História, Sintomas e
Tratamento. Disponível em:
<https://www.mdsaude.com/2017/06/peste-negra-historia-sintomas-e-tratamento.html>.
Acesso em: 29 nov. 2017.