O artigo intitula-se “Diagnóstico da
faringoamigdalite estreptocócica em crianças e adolescentes: limitações do
quadro clínico.”. O seu principal autor foi Aurelino Rocha Barbosa Júnior. Essa
pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de minas
Gerais (FAPEMIG). O experimento foi realizado em um serviço de emergência e em
um ambulatório de pediatria na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil e
aprovado pelo comitê de ética da Universidade Federal de São José Del Rey
(UFSJ).
O principal objetivo da pesquisa foi avaliar os
sintomas apresentados por pacientes entre 1 e 18 anos com faringoamigdalite e,
a partir dessa observação, chegar à conclussão de se existe um padrão nesses
sintomas e se esse padrão pode ser utilizado para identificar o quadro clínico
do paciente.
A faringoamigdalite aguda (FAA) é o processo
inflamatório que acomete as amidalas palatinas e a mucosa faríngea causada pelo
Streptococos β-hemolítico
do grupo A (EBHGA). Os sintomas geralmente apresentados são: febre, dor de
garganta, disfagia...Porém, não existe uniformidade de consensos para o
diagnóstico e manejo da FAA.
No estudo, esses sintomas foram avaliados utilizando-se
os testes de aglutinação de partículas do látex (TAPL), cálculo da
sensibilidade e especificidade, a razão de confiança a 95%, razão de
verossimilhança positiva (likelihood ratio +), razão de chances (odds ratio) e
o p-valor.
Esse trabalho é de suma importância pois,
segundo as estimativas da Organização Mundial da Saúde ocorrem anualmente 600
milhões de novos casos de FAA por EBHGA sintomática entre crianças no mundo
todo e a maior parte desses casos ocorre nos países subdesenvolvidos. Além
disso, a faringoamigdalite aguda pode evoluir para a febre reumática (FR) ou se
manifestar na sua forma mais grave de cardite reumática (CR), em que pode
deixar sequelas ou levar a óbito. Ou seja, essa doença não é um problema apenas
individual, mas é um caso de saúde pública. Quanto mais rapidamente for
identificada, mais rapidamente pode ser combatida.
O estudo foi feito com um total de 335 pacientes
com até 18 anos, que se apresentaram com queixa de dor de garganta e/ou eritema
de faringe e/ou amígdalas à admissão. Pacientes que haviam utilizado penicilina
nos últimos 30 dias ou qualquer outro agente antimicrobiano nos últimos 15 dias
foram excluídos do estudo.
Depois de obter consentimento dos responsáveis,
foi realizado o exame físico, sendo o teste de aglutinação de partículas do
látex (TAPL) e cultura de orofaringe obtidos de forma independente e cega. Dois
swabbs foram obtidos de cada paciente, um para o TAPL e o outro para a cultura
convencional em placa de agár‐sangue
de carneiro a 5%.
O diagnóstico de certeza de FAA estreptocócica
foi dado quando a cultura ou o TAPL foram positivos; de forma oposta, um
resultado negativo para os ambos, cultura e TAPL, descartou o diagnóstico de
FAA estreptocócica, aumentando, assim, a sensibilidade do padrão.
Desta forma, os resultados obtidos estão
dispostos a seguir:
Dos 335 pacientes, 16,72% tiveram resultado
positivo para cultura de EBHGA, 21,2% para o TAPL e 78 (23,4%) para TAPL.
Observa‐se
também, que a característica clínica que apresentou a maior sensibilidade para
o diagnóstico de FAA por EBHGA foi a hiperemia de amígdalas 96,2%, seguida pela
hiperemia de orofaringe 94,7%.
Contudo, todas essas características
apresentaram baixa especificidade (10,8%; 18,2%; 14,6% e 19,6%,
respectivamente). A característica clínica que apresentou a maior
especificidade foi a presença de exantema 94,4%, seguida de gengivite 92,3%,
petéquias no palato 83,3% e temperatura axilar medida no momento da consulta
maior que 38,5 °C 82,3%, entretanto todos com baixa sensibilidade (8,9%; 3,9%;
21,8% e 16,4%, respectivamente).
As características estatisticamente associadas
com a FAA por EBHGA foram ausência de coriza; ausência de conjuntivite;
hiperemia de orofaringe.
Concluindo-se que nenhum quadro clínico não
deve ser usado isoladamente para a confirmação do episódio de FAA
estreptocócica. Então, a melhor solução, por enquanto, é aumentar a
disponibilidade de testes laboratoriais confirmatórios como o TRIA.
Referênecias bibliográficas:
Grupo
Antraz
BM
161
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