quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Resumo do artigo “Diagnóstico da faringoamigdalite estreptocócica em crianças e adolescentes: limitações do quadro clínico.”

O artigo intitula-se “Diagnóstico da faringoamigdalite estreptocócica em crianças e adolescentes: limitações do quadro clínico.”. O seu principal autor foi Aurelino Rocha Barbosa Júnior. Essa pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de minas Gerais (FAPEMIG). O experimento foi realizado em um serviço de emergência e em um ambulatório de pediatria na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil e aprovado pelo comitê de ética da Universidade Federal de São José Del Rey (UFSJ).
O principal objetivo da pesquisa foi avaliar os sintomas apresentados por pacientes entre 1 e 18 anos com faringoamigdalite e, a partir dessa observação, chegar à conclussão de se existe um padrão nesses sintomas e se esse padrão pode ser utilizado para identificar o quadro clínico do paciente.
A faringoamigdalite aguda (FAA) é o processo inflamatório que acomete as amidalas palatinas e a mucosa faríngea causada pelo Streptococos β-hemolítico do grupo A (EBHGA). Os sintomas geralmente apresentados são: febre, dor de garganta, disfagia...Porém, não existe uniformidade de consensos para o diagnóstico e manejo da FAA.
No estudo, esses sintomas foram avaliados utilizando-se os testes de aglutinação de partículas do látex (TAPL), cálculo da sensibilidade e especificidade, a razão de confiança a 95%, razão de verossimilhança positiva (likelihood ratio +), razão de chances (odds ratio) e o p-valor.
Esse trabalho é de suma importância pois, segundo as estimativas da Organização Mundial da Saúde ocorrem anualmente 600 milhões de novos casos de FAA por EBHGA sintomática entre crianças no mundo todo e a maior parte desses casos ocorre nos países subdesenvolvidos. Além disso, a faringoamigdalite aguda pode evoluir para a febre reumática (FR) ou se manifestar na sua forma mais grave de cardite reumática (CR), em que pode deixar sequelas ou levar a óbito. Ou seja, essa doença não é um problema apenas individual, mas é um caso de saúde pública. Quanto mais rapidamente for identificada, mais rapidamente pode ser combatida.
O estudo foi feito com um total de 335 pacientes com até 18 anos, que se apresentaram com queixa de dor de garganta e/ou eritema de faringe e/ou amígdalas à admissão. Pacientes que haviam utilizado penicilina nos últimos 30 dias ou qualquer outro agente antimicrobiano nos últimos 15 dias foram excluídos do estudo.
Depois de obter consentimento dos responsáveis, foi realizado o exame físico, sendo o teste de aglutinação de partículas do látex (TAPL) e cultura de orofaringe obtidos de forma independente e cega. Dois swabbs foram obtidos de cada paciente, um para o TAPL e o outro para a cultura convencional em placa de agársangue de carneiro a 5%.
O diagnóstico de certeza de FAA estreptocócica foi dado quando a cultura ou o TAPL foram positivos; de forma oposta, um resultado negativo para os ambos, cultura e TAPL, descartou o diagnóstico de FAA estreptocócica, aumentando, assim, a sensibilidade do padrão.
Desta forma, os resultados obtidos estão dispostos a seguir:
Dos 335 pacientes, 16,72% tiveram resultado positivo para cultura de EBHGA, 21,2% para o TAPL e 78 (23,4%) para TAPL.
Observase também, que a característica clínica que apresentou a maior sensibilidade para o diagnóstico de FAA por EBHGA foi a hiperemia de amígdalas 96,2%, seguida pela hiperemia de orofaringe 94,7%.
Contudo, todas essas características apresentaram baixa especificidade (10,8%; 18,2%; 14,6% e 19,6%, respectivamente). A característica clínica que apresentou a maior especificidade foi a presença de exantema 94,4%, seguida de gengivite 92,3%, petéquias no palato 83,3% e temperatura axilar medida no momento da consulta maior que 38,5 °C 82,3%, entretanto todos com baixa sensibilidade (8,9%; 3,9%; 21,8% e 16,4%, respectivamente).
As características estatisticamente associadas com a FAA por EBHGA foram ausência de coriza; ausência de conjuntivite; hiperemia de orofaringe.
Concluindo-se que nenhum quadro clínico não deve ser usado isoladamente para a confirmação do episódio de FAA estreptocócica. Então, a melhor solução, por enquanto, é aumentar a disponibilidade de testes laboratoriais confirmatórios como o TRIA.

Referênecias bibliográficas:



Grupo Antraz
BM 161


Resumo do artigo “Obstrução de Vias Aéreas Superiores após Drenagem de Abscesso Periamigdaliano. Relato de Caso *”



O abscesso periamigdaliano é uma infecção incomum do trato respiratório superior, causando dor, febre, obstrução das vias aéreas e trismo, em alguns casos. É considerada uma doença grave, dependendo da manipulação da glândula, por causar hemorragias. No caso apresentado neste artigo cientifico, a paciente precisou fazer a drenagem cirúrgica do abscesso periamigdaliano e intubação por ter uma obstrução de vias aéreasimpossibilitando a respiração e evoluindo para um caso mais grave.
O caso em questão trata-se de uma paciente com 26 anos, que havia feito o uso de penicilina e continuou com dor, febre e dificuldades para engolir, ou seja, não teve melhora significativa. Por não conseguir abrir a boca por dores fortes no local, o diagnóstico precisou ser feito através de exames laboratoriais que concluíram leucocitose (diminuição do número de leucócitos). Em seguida, a paciente precisou fazer a drenagem cirúrgica, para isso, foi necessária anestesia geral e intubação (por estar com obstrução das vias areias, dificultando a respiração).
Posteriormente, ao retirar os tubos, a paciente voltou ao quadro de obstrução das vias aéreas, sendo necessário novamente a intubação. Logo em seguida, foi encaminhada para a unidade de terapia intensiva, foi mantida sedada e respirando com ventilação mecânica. Na UTI, considerou-se a hipótese da existência de outras doenças, secundarias, que pudessem ser o agente da relativa gravidade do caso. Por conta disso, foram recolhidas sorotipos para a realização de exames para doenças, tais como, HIV, toxoplasmose, mononucleose e citomegalovírus, porém todos obtiveram resultados negativos. Após a paciente ser submetida ao tratamento, ela apresentou melhora significativa, podendo sair da UTI 24 horas depois e, depois de 3 dias ,recebeu a alta do hospital.
            Ainda que haja discordância na área médica sobre a recomendação da amigdalectomia primária ou tratamento conservador (recorrendo à amigdalectomia apenas em casos recorrentes), há concordância quanto à realização de punção amigdaliana para esvaziar o abscesso antes do procedimento cirúrgico propriamente dito. De acordo com a conduta cirúrgica, outra controvérsia é a indicação de anestesia: pode ser aplicada na punção com esvaziamento, mas, de acordo com a literatura, a drenagem cirúrgica sob anestesia geral é a melhor forma de garantir a patência das vias aéreas.
            Sendo assim, conclui-se que o preparo cirúrgico relacionado à planejamento anestésico e adequada indicação são fundamentais para prevenção de complicações após drenagem do abscesso periamgdaliano.

  Acessado em 20/09/2017.

BM 161 - G4 : Ana Cecilia, Ariel Fontes, Gabriela Calafate e Tacio Monteiro.

Resumo do artigo "Isolamento de Streptococcus pyogenes em indivíduos com faringoamigdalite e teste de susceptibilidade a antimicrobianos "

O Streptococcus pyogenes, também conhecido como estreptococo betahemolítico do
grupo A de Lancefield, é a espécie bacteriana que geralmente se associa à etiologia de
infecções primárias da faringe e amígdalas. Tais infecções são comuns nas idades entre
5 e 15 anos, embora possam ocorrer em qualquer faixa etária. Os sintomas usuais são
febre alta e dor à deglutição, com mal-estar geral, anorexia e astenia que em crianças
são acompanhados por náuseas, vômitos e dor abdominal. A faringoamigdalite
estreptocócica tem um período de incubação de 12 a 24 horas e, quando aguda, pode ser
transmitida pelo contato direto por meio de secreções do trato respiratório, por tal
motivo é mais frequente em épocas mais frias. Contudo, o S. pyogenes pode se
disseminar para diferentes órgãos e tecidos do corpo provocando complicações
supurativas.
A diferenciação clínica de um farigoamigdalite causada por estreptococos do grupo A
de uma infecção provocada por outros agentes infecciosos. As infecções da orofaringe
não exigem tratamento com antimicrobianos específicos, porem a faringoamigdalite
exige para poder prevenir a febre reumática aguda e reduzir o contagio e os sintomas.
As recomendações internacionais para este mal sugerem o uso de testes laboratoriais
para confirmar se há bactéria na orofaringe e um acompanhamento clinico. Alguns
antibióticos como a penicilina e seus derivados, cefalosporinas, macrolídeos e
clindamicina podem ser utilizados na erradicação do estreptococo, sendo a Penicilina o
mais usado dos agentes antimicrobianos.
No Brasil, a maioria dos casos de faringoamigdalite ficam sem o acompanhamento
laboratorial, sendo diagnosticados apenas os sinais e os sintomas clínicos do paciente,
levando ao uso de agentes antimicrobianos desnecessariamente, algumas das vezes.
Portanto, pode-se dizer o objetivo do estudo foi a verificação da presença de S.
pyogenes em culturas de orofaringe em indivíduos de diferentes faixas etárias com
sintomas de faringoamigdalite que procuraram atendimento em farmácias ou em
unidades de saúde.
Para a realização do experimento foram coletadas amostras de orofaringe de
pacientes com sintomas característicos de faringoamigdalite de três farmácias e três
unidades de saúde de Maringá-PR. As amostras foram incubadas em meio de
cultura “Tryptose blood agar base” acrescidos de 5% de sangue desfibrinado de
carneiro. Após 24-48 horas as colônias beta-hemolíticas presentes no ágar sangue
foram transferidas para caldo “Brain heart infusion” e após 18-24 horas foram
coradas pela técnica gram.
As colônias de cocos Gram-positivos foram testadas quanto a produção de catalase.
Também foram realizados testes de sensibilidade a bacitracina e de grupagem
sorológica para diferenciar este Streptococcus pyogenes de outros estreptococos
beta-hemolíticos.
Foi também testado “in vitro” pelo método de difusão em ágar a sensibilidade das
cepas aos antimicrobianos penicilina G, cefotaxima, cefepime, ofloxacina,
levofloxacin, clindamicina, eritromicina, cloranfenicol e vancomicina.
Do total de 58 indivíduos, 15 apresentaram cultura positiva para a presença de
Streptococcus pyogenes, 32 foram atendidos em farmácias e 26 em unidades de
saúde. Dos 15 casos positivos, 4 (do total de 25) possuem idade a cima de 15 anos
e 11 (do total de 33) possuem idade entre 0 e 15 anos. As 15 cepas de
Streptococcus pyogenes isoladas foram sensíveis a todos os agentes
antimicrobianos testados.
A faringite aguda é muito recorrente e há vários agentes infecciosos. Entre as
bactérias, o estreptococo do grupo A é, o mais comum de faringite, sendo
responsável por 15 a 30% dos casos em crianças e 5 a 15% dos casos em adultos. A
faringite estreptocócica apresenta diferentes sinais e sintomas presentes também
em faringites por outros agentes. Desta forma, o diagnóstico definitivo da faringite
estreptocócica aguda deve ser evidenciado através dos aspectos clínicos e
epidemiológicos e amparados pelos resultados dos testes laboratoriais. A cultura é
a técnica padrão para investigar a presença de S. pyogenes na orofaringe. Uma
amostra cultivada em ágar sangue apresenta sensibilidade de 90 a 95%. Resultados
falsos negativos ocorrem em pacientes que apresentam poucos microorganismo no
local e resultados falsos positivos podem ocorrer em portadores de S. pyogenes
com faringite aguda de etiologia não estreptocócica.
A cultura e a identificação de S. pyogenes, pode levar 24 a 48 horas. Por isso, usa-
se comumente testes rápidos para pesquisa de antígenos estreptocócicos. Estes
testes detectam rapidamente antígenos bacterianos em secreção de orofaringe. Os
testes são disponíveis em “Kits” e podem ser facilmente utilizados. A maioria dos
testes rápidos apresentam especificidade 80 a 90% comparados com culturas em
ágar sangue e assim, o tratamento pode ser iniciado com base nesses testes, porém,
devem ser confirmados com a cultura convencional.
O objetivo da antibioticoterapia na faringite estreptocócica em menores de 20 anos
é prevenir o desenvolvimento de sequelas não supurativas, prevenir complicações
supurativas e diminuir a infectividade. Como há baixa incidência em adultos com
mais de 20 anos, sugere-se que apenas o teste rápido é suficiente. Já que a demora
da cultura impediria a diminuição dos sintomas, foco do tratamento em adultos. A
cultura de orofaringe em pacientes adultos é indicada em algumas situações, como
investigação epidemiológica de surtos e monitoramento de cepas de S. pyogenes
resistentes a antibióticos.
Quando o diagnóstico de uma faringite estreptocópica é confirmado, o clínico deve
analisar o tratamento mais adequado, porém uma grande parte dos brasileiros se
automedicam.
 Desde 1940 a penicilina tem sido o antimicrobiano mais usado, embora algumas
cepas apresentem tolerância a mesma. Esta tolerância está associada à má dosagens aos pacientes. Para os que possuem alergia à penicilina, a eritromicina é a melhor
opção, entretanto o tempo de tratamento e o custo da mesma é maior quando
comparada à penicilina.
O tratamento adequado da faringite estreptocócica previne a febre reumática, que é
a maior causa de doenças cardíacas em crianças, estando mais presentes em países
menos desenvolvidos.
A partir dos resultados obtidos foi possível constatar que a maioria dos pacientes não
precisavam ser medicados com antibióticos, sendo importante, pois, a realização de um
diagnóstico adequado da faringoamigdalite estreptocócica a fim de impedir
complicações supurativas ou não supurativas e a erradicação do microrganismo da
orofaringe.

Bibliografia:
http://www.scielo.br/pdf/%0d/jbpneu/v30n6/a09v30n6.pdf

Cultura de microorganismos obtidos no espaço de convivência

Houve uma exposição de 10 minutos no ambiente de convivência em nossa escola - IFRJ -, para fazermos uma cultura de microorganismos. Após duas semanas esses foram  os resultados: grandes colonias extensas e planas esverdeadas que cercam a borda da placa de Petri com formas onduladas e irregulares. Várias colônias puntiformes, e circulares transparentes e algumas circulares com colorações amarela no centro  e verde na borda  com superfície convexa e transparentes com superfície convexa também. Observava-se que algumas colonias estão sobrepostas sobre outras, como as circulares amarelas, mostrando a disputa pelo  espaço.

Resumo do artigo "Pneumonia associada a ventilação mecânica"

ArtigoTEIXEIRA, P. J. Z. et al. Pneumonia associada à ventilação mecânica: impacto da multirresistência bacteriana na morbidade e mortalidade . J bras pneumol 2004, Porto alegre, v. 30, n. 6, p. 540-48, jan. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0d/jbpneu/v30n6/a09v30n6.pdf>.Acesso em: 08 set. 2017.

Grupo 2: Ágar da União
BM161

     A infecção hospitalar que mais acomete pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI) é a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM). A cada dia de permanência em ventilação mecânica, o risco é de 1% a 3% por dia. É determinada previamente que o risco de desenvolver pneumonia é maior em pacientes que utilizam de ventilação mecânica do que em pacientes não ventilados, sendo por isso o enfoque do estudo.
     Quando causada por microrganismos multirresistentes, observa-se a PAVM como importante preditor de mortalidade, com um percentual que pode chegar a 70%. Como as UTIs são considerados epicentros de resistência bacteriana, nota-se um uso abusivo de antimicrobianos que pode ajudar determinados microrganismos a adquirirem maior resistência.
     Sendo o UTI um local com grande incidência de pessoas com doenças graves que passam por diversas técnicas invasivas diariamente, o risco de contrair uma infecção por bactérias multirresistentes aumenta consideravelmente. Sendo assim, tendo em vista que a resistência bacteriana é um fator importante no aumento dos índices de mortalidade dos pacientes em estado crítico, objetivou-se nesse trabalho a determinação do impacto dessa multirresistência na mórbida e mortalidade dos pacientes que desenvolveram PAVM.
     Como métodos, primeiramente foram estudados os prontuários dos pacientes que tiveram o diagnóstico de Pneumonia associada a ventilação mecânica (PAVM) em um hospital universitário com 1.700 leitos num período de 40 meses consecutivos. Antes dos estudos começarem foi especificado que cada paciente participaria apenas uma vez do estudo e apenas utilizando o seu primeiro quadro de pneumonia. O estudo teve aprovação do comitê de ética em pesquisa e não precisou e obtenção de consentimento informado.
     Apenas casos bem avaliados e examinados de PAVM foram considerados, já que sem exames rigorosos pode ser que o resultado da pesquisa seja mascarado e longe do exato. Além dos exames severos, foram coletados no momento da admissão do paciente na UTI dados para colaborar com um resultado mais limpo, indicando fatores essenciais para serem levados em conta, como a idade, sexo, presença de fatores que indicassem a imunossupressão, lúpus eritematoso sistêmico, etc. E também coletaram-se dados referente a cirurgias anteriores e a utilização de qualquer antibiótico que possa afetar na pneumonia.
     Para uso prático de antimicrobianos, usou-se um betalactamico associado a um aminoglicosídeo com ação anti-pseudomonas e quando se suspeitava de Staphylococcus Aureus a vancomicina era acrescida no tratamento. Estes tratamentos tiveram uma durabilidade mínima de 14 dias. Após isto foram dados os critérios para caracterizar como microrganismo multirresistente aquele que resiste as duas ou a mais classes de antimicrobianos. Para S. aureus como agente isolado foi considerado resistente ou não a oxicilina.
     Todos os dados e valores experimentais foram analisados estatisticamente de forma univariada. Foi utilizado do teste de Kolmogorov-Smirnov para qualificar a regularidade dos dados, com as significâncias baseadas nas probabilidades de Liliefors. Variaveis continuas sem distrubuição normal foram analisados e comparadas pelo teste de Wilcoxon-Mann-Wthitney. Variaveis alocadas em categorias foram comparadas usando-se o teste de Fischer. E a análise foi processada utilizando-se o software Statistical Package for Social Science.
     A partir disso observou-se que a PAVM foi desenvolvida por 91 pacientes, que formam divididos (em dois grupos) quanto os microrganismos causadores. Os agentes do primeiro grupo foram microrganismos multirresistentes à antibioticoterapia, geradores de 75 episódios (representadores de 82,4% dos casos). O segundo grupo teve microrganismos sensíveis como causadores de 16 episódios (ou 17,6% dos casos). No entanto, não houve diferenças estatísticas entre os grupos em relação às características clínico-epidemiológicas, como idade média, sexo, índices de gravidade da doença, estado imunológico e procedência (paciente cirúrgico ou clínico).
     Dos 91 episódios, em 84,6% (77) dos casos isolou-se apenas um microrganismo. Destes, a bactéria mais encontrada foi Staphylococcus aureus (responsável por 25 episódios ou 27,5% deles, onde 20 (80,0%) eram resistentes à oxacilina) e Pseudomonas aeruginosa, a segunda mais frequente (causadora de 17,6% (16) dos episódios, sendo 56,2% (9) cepas multirresistentes). A Acinetobacter baumanii foi isolada em 8 episódios (8,8%, onde 7 cepas ou 87,5% foram multirresistentes) e em outros 8 episódios foram isolados demais bacilos gram-negativos não fermentadores (8,8%, onde também 7 cepas ou 87,5% eram multirresistentes.
Enquanto, em 15,4% (14) dos episódios foram gerados por mais de um microrganismo foi isolado, onde ao menos um era multirresistente. No total, 107 bactérias foram isoladas destes pacientes, onde 74 (69,2%) cepas eram gram-positivas e 33 (30,8%) cepas eram gram-negativas. Além disso, 85 cepas (79,4%) possuíam multirresistência.
     A PAVM de início recente foi desenvolvida com até 5 dias de ventilação mecânica por 33 pacientes (36,3%), dos quais, 25 casos (75,6%) foram gerados por microrganismos multirresistentes. Por outro lado, a PAVM de início tardio foi desenvolvida após o 5º dia por 58 pacientes (63,7%), sendo 50 episódios (86,2%) causados por microrganismos multirresistentes.
     A PAVM causada por microrganismos multirresistentes não diferiu estatisticamente da PAVM causada por microrganismos sensíveis quanto ao tempo de ventilação mecânica, tempo de internação em UTI e tempo de internação total. Apesar de todos os pacientes terem recebido tratamento antimicrobiano empírico, o esquema de tratamento foi inadequado em 42 episódios (56%) de pneumonia causada por microrganismos multirresistentes e em apenas 4 episódios (25%) de pneumonia causada por microrganismos sensíveis.
     O tempo de internação hospitalar prévia ao episódio de PAVM e o tempo de internação em UTI prévio ao episódio de PAVM não diferiram, estatisticamente significativo, entre os quadros que receberam alta hospitalar e os que evoluíram para óbito. Este ocorreu em 46 pacientes (61,3%) no grupo de microrganismos multirresistentes e somente em 4 pacientes (25%) no grupo de microrganismos sensíveis.
     Para que haja um maior interpretação dos resultados obtidos, se faz necessária a revisão de alguns métodos utilizados. Antes de tudo deve-se ressaltar que apesar da falta de cultura quantitativa para o processamento de amostras, o grupo estudado retrata a realidade das UTIs, onde o diagnóstico é feito de forma clínica e a identificação dos agentes é feita de forma qualitativa. O que influência nesse diagnóstico são os métodos de coleta os quais devem ser feito de maneira não invasiva, no entanto é preciso de mais dados confiáveis e precisos para mostrar a melhor eficiência dos métodos invasivos do diagnóstico de PAVM.
     Apesar disso estudos mostraram que há uma redução da mortalidade dos pacientes tratados pelos resultados dos métodos invasivos. Em segundo lugar, não se pode descartar a possibilidade de ter ocorrido PAVM no infiltrado pulmonar, mesmo que os parâmetros clínicos e laboratoriais tenham sido rigorosos. E por último, o tamanho da amostra e o predomínio de pacientes com multirresistência já explicam o índice de mortalidade do grupo estudado, uma vez que as características entre os dois grupos não foram diferentes.
     Os autores do artigo, encontraram Acinetobacter Baumannii (37,1%), Pseudomonas Aeruginosa (17,7%) e S. Aureus resistentes ao antibiótico oxacilina (16,1%), como principais agentes causadores da pneumonia. A P. Aeruginosa foi relatada por um programa chamado Sentry o que mais demonstrou resistência à maioria dos antibióticos testados, enquanto que no estudo, a espécie foi o segundo agente mais predominante e 15,9% deles foram considerados multirresistentes. O A. Baumannii isolado em 8 pacientes, se encontrou resistente em 7 deles. A Stenotrophomonas Maltophilia foi isolada em pouquíssimos pacientes, mas foi analisada por ter sido identificada como causa de infecção respiratória adquirida em hospitais, especialmente em pacientes transplantados e com neoplasias. Essa bactéria é resistente a muitos antibióticos que são usados normalmente em tratamentos monitorados hospitalares.
     Medidas gerais de controle tais como lavar as mãos, identificação de pacientes colonizados e uso de precauções de contato, ainda que negligenciadas, possuem o objetivo de evitar a disseminação de microrganismos através dos profissionais de saúde e visitantes. A equipe assistente tende a não modificar tratamento de pacientes frente à melhora apresentada por eles e assim fomenta a emergência microrganismos resistentes, pois quanto maior o tempo de exposição a um antimicrobiano, maior a chance de colonizar e infeccionar por meio destes.
     Combes et al. demonstrou que 48% de PAVM de origem polimicrobiana, não apresentavam diferenças em mobilidade e mortalidade.
     Trouillet et al. identificaram três variáveis associadas com maior chance de desenvolvimento de PAVM por microrganismos multirresistentes: duração da ventilação mecânica, uso prévio de antibiótico e uso prévio de antibiótico de largo espectro. Porém, no estudo em particular, o tempo de ventilação e internação foram mais prolongados em pacientes que desenvolveram pneumonia por bactérias sensíveis. Também não foi observada relação com uso prévio de antibióticos, fato esse, pode estar relacionada com o número de casos estudados e a predominância de bactérias multirresistentes.
     Dados mostraram que pacientes com PAVM por microrganismos multirresistentes obtiveram maior mortalidade, por ocorrer maior número de tratamentos inadequados nesses pacientes, possuindo número maior até que pneumonia desenvolvida tardiamente por outros agentes.
     Logo, foi concluído nesse artigo, que a multirresistência bacteriana tem se associado a uma maior mortalidade. Sendo assim, muito importante a supervisão de tratamentos com antibióticos, já que as bactérias podem modificar seus mecanismos de resistência em um paciente em diferentes momentos de tratamento. A prevenção é bastante simplória, é necessária instalação de métodos de profilaxia, como lavar as mãos.